Philippe Bertrand
12 de julho de 2012 - 12h39
Esse ano, Bill Clinton trouxe ao festival de Cannes uma provocação estratégica de altíssimo nível, que transformaria um briefing qualquer em uma possibilidade de melhorar o mundo. Ele não pediu para criarmos soluções, mas para promovermos a informação e o debate de questões importantes para o mundo.
A Clinton Global Initiative desenvolve soluções sociais e ambientais que geram novas oportunidades econômicas. Como bom ex-presidente americano, sua visão não é nada naif. Quando ele diz para o mundo publicitário "think about how you can both do well and do good" também está falando de resultados, de efetividade.
Interessante ver que a provocação de Clinton já é tema de algumas iniciativas no mundo da propaganda. Um dos cases mais legais e premiados deste ano, "Integration Day" foi muito mais do que uma campanha para uma ONG, com o objetivo de aumentar a integração de pessoas com síndrome de down no mundo profissional. Foi também uma campanha para Averna, Carrefour, CartaSi, Enel, illy, Pampers e Toyota: marcas que colaboraram com uma mesma causa e contrataram atores com síndrome de down para participarem em uma versão de seus comerciais exibida em 21 de março, dia da integração.
O resultado vai muito além do aumento em 600% nas vagas de emprego para pessoas com síndrome de down. O resultado é a comoção e engajamento do público, promovido por marcas que verão em suas próximas pesquisas que efeitos esse tipo de atitude pode provocar.
Há alguns anos a propaganda vem se transformando profundamente. Cannes não é a única, mas é uma excelente referência disso. O discurso das marcas, já saturado, dá lugar para "atitudes" de marca. O monólogo, dá lugar à diálogo, colaboração e co-criação. Marcas começam a gerar conteúdos, serviços, formas convergentes de engajarem as pessoas. Esse caminho tem se mostrado bastante efetivo e o pedido de Clinton por "transparency, openness and creative co-operation" tem tudo a ver com um novo jeito de se comunicar num mundo com redes sociais e uma geração bem mais descolada, que não acredita em qualquer coisa que se diga.
Mais do que alcançar performance e efetividade, contribuir para um mundo melhor parece algo bastante interessante. Clinton também acha “Os profissionais da comunicação têm uma profunda influência sobre como o mundo ficará dentro de 20 a 30 anos”, diz ele. Já que o mundo está se reinventando e convergindo, por que não convergir interesses de marcas com interesses de um mundo mais pacífico, sustentável, democrático e melhor? Podia ser um tema para o próximo briefing.
Philippe Bertrand é diretor de conteúdo da DM9DDB
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