A nova linguagem dos bancos
Com a inauguração dos espaços de Bradesco e Santander e a consolidação do Cubo, do Itaú, mercado bancário tenta incorporar o ritmo das fintechs
Com a inauguração dos espaços de Bradesco e Santander e a consolidação do Cubo, do Itaú, mercado bancário tenta incorporar o ritmo das fintechs
Luiz Gustavo Pacete
8 de fevereiro de 2018 - 7h38
O Bradesco inaugurou, nesta quarta-feira, 7, o inovaBra habitat, um espaço que mescla coworking com hub de negócios e se propõe a conectar o universo do banco ao ecossistema de inovação. De acordo com Maurício Minas, vice-presidente do Bradesco, o principal foco do lugar e o ponto de diferenciação de outras iniciativas é a curadoria. “Além das empresas parceiras que estarão aqui como Amazon, Google, Microsoft, IBM e outras, teremos do outro lado, startups em estágio de maturidade para ter acesso ao mercado”, afirma.
O inovaBra tem capacidade para conectar até 200 mil membros entre empreendedores, pequenos negócios e empresas. A gestão do espaço está a cargo do WeWork, uma das maiores redes de coworking do mundo. “É o primeiro case no mundo em que nos unimos a uma grande empresa para algo nessa linha. É muito importante que essa conexão entre startups e companhias ocorra de forma orgânica”, diz Lucas Mendes, head da WeWork Brasil.
A inauguração do inovaBra ocorre menos de um mês após o Santander lançar, em São Paulo, o Farol, um espaço no revitalizado e icônico prédio do Banespa, no centro de São Paulo. “Planejamos o Farol com a proposta de entregar à cidade de São Paulo algo que não fosse apenas um ponto turístico, mas também um espaço de discussão sobre arte, empreendedorismo e que tivesse sinergia com o conceito de cidades e trabalho que pensamos para o futuro”, explica Paola Sette, superintendente de marca, patrocínio e cultura do banco e gestora do projeto do Farol Santander.
O ano de 2018 também será importante para o Cubo, do Itaú. Criado em 2015, o espaço, fruto da parceria entre o banco e o fundo de investimentos Redpoint eVentures, ganhará, ainda no primeiro semestre, uma nova sede que vai ampliar sua capacidade de incubar startups de 52 para 210 empresas. Flávio Pripas, diretor do Cubo, ressalta o papel do espaço para que as empresas iniciantes alcancem um estágio de maturidade. “Elas ficam aqui até chegarem a um estágio de maturidade antes de terem que se preocupar em alugar um espaço maior”, diz Pripas.
O que esses espaços concentram em comum além de apenas terem áreas descoladas? Para Felipe Matos, empreendedor em série e autor do livro “10 mil Startups”, o mundo digital e os novos serviços proporcionados pelas fintechs exigem ações imediatas do setor financeiro. “Blockchain e criptomoedas estão mudando o jogo de pagamentos ao passo que smartphones e aplicativos estão matando as agências. Os programas corporativos são uma resposta a isso e uma tentativa de ficar próximo dos inovadores”, afirma Matos. Ele ressalta que o movimento dos bancos também “puxa iniciativas de outras empresas do setor como Visa e Porto Seguro que têm atraído para seus projetos de inovação com startups outros grandes parceiros”, afirma.
Segundo Rodrigo Terron, CEO da Horizon Four & Shawee, os espaços de inovação são essenciais, entretanto é importante que exista algo concreto e que vá além do ambiente descolado. “As empresas devem trabalhar em relacionamento com startups e comunidades de desenvolvimento em um movimento de co-criação para inovação acontecer”, afirma. Bob Wollheim, CEO & Partner da The B Network, afirma que o projeto do Bradesco traz elementos de conexão íntima entre o Bradesco e o ecossistema. “Diria que é uma das empresa que fez esse link de forma mais competente e vejo que ajudará muito o processo de transformação que o banco precisa realizar.”
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