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O renascimento da indústria da música

Tecnologia que revolucionou indústria da música também pode mudar a publicidade


8 de maio de 2014 - 9h42

* Do ProXXIma

Uma das indústrias que mais sofreu com a revolução digital, a da música soube, entretanto, renascer. E foi sobre ela e todo potencial ainda a ser explorado na publicidade que falaram o músico Marcelo Jeneci, o editor da revista Rolling Stone, Pablo Miyazawa, e Zanna, sócia da Zanna Sound, com moderação de Afonso Marcondes, CEO da Sync Digital, no segundo dia do ProXXIma 2014.

Com dois discos lançados, Jeneci destacou que o segundo álbum – “De graça” – aborda o fato de as melhores coisas da vida serem consumidas de graça, mas também não deixa de tocar no status atual da indústria da música, especialmente no que tange à democratização do acesso. O próprio artista começou sua divulgação por conta própria utilizando o MySpace. A partir da visibilidade obtida foi que passou a integrar o mainstream. Depois da repercussão de suas incursões digitais, conseguiu o patrocínio da Natura, por meio do programa Natura Musical e do MinC (Lei Rouanet), e tem a gravadora Som Livre como parceira inclusive das turnês que faz. “Foi bom poder entrar nesse tabuleiro ‘de graça’; a história típica do músico da periferia que conseguiu entrar no circuito pela possibilidade do meio digital”, comentou Marcelo Jeneci.

Pablo Miyazawa destacou o esforço que tem de fazer sempre entre seu gosto mais conservador na música – ainda compra discos, revelou – e todo o novo contexto dessa indústria. “Vivo me confrontando com uma questão: o que fazemos ainda faz sentido nesse mundo digital e descartável?”, disse. E em sua introdução no painel, Zanna – cantora lírica de formação – contou que na publicidade a incomodava o barulho. E da Itália, onde morava, migrou para Nova York, onde estudou branding e sound branding – ou como traduzir o conceito e atributos da marca em som. A Zanna Sound, diz ela, foi a primeira empresa da América Latina especializada na disciplina.

Um de seus projetos mais recentes foi para o metrô do Rio de Janeiro, cujos pontos de contatos sonoros foram “vestidos” pela Zanna Sound – em vez de sons irritantes, entraram acordes de violão e a voz da própria Zanna, a pedido do próprio metrô. Uma pesquisa realizada depois da implantação demonstrou que as alterações sonoras foram a segunda mudança mais percebida pelo público usuário, atrás somente dos novos trens.

Mesmo antes do detalhamento do case apresentado por Zanna, Afonso Marcondes já havia destacado que a mesma tecnologia que mudou a indústria da música também pode mudar a indústria da publicidade. Mas provocou: “Aposto que a música é a última que vocês pensam durante a criação”, ressaltando que ela, entretanto, é um instrumento de publicidade único, que pode mesmo inspirar no criativo a grande ideia. O que deveria ser levado em conta especialmente diante de dados como o de um estudo da SIFO, segundo o qual 75% dos consumidores evitam a propaganda, mas a música tem um poder particular de atração.

O benefício costuma ser mútuo; Afonso Marcondes lembrou, por exemplo, de um caso em que uma campanha de carro da Volkswagen conseguiu dar uma projeção póstuma ao músico britânico Nick Drake. Os fãs mais aguerridos reclamaram, mas tudo foi feito com o consentimento da irmã de Drake e o resultado foi a ampliação do conhecimento do artista.

O eixo da questão envolvendo uma marca e a criação de um conteúdo, segundo Jeneci, é se aproximar de um diálogo verdadeiro, o que acaba sendo interessante tanto para quem ouve quanto gerar um retorno grande para a marca. Ainda em relação à parceria com a Natura, o artista elogiou a continuidade que a companhia costuma dar aos relacionamentos que estabelece.

Afonso Marcondes finalizou o painel destacando o case da Swarovski com Brisa Roché, com a qual criou um conteúdo musical para renovar o público com quem a marca interagia (saiu de uma faixa etária de 25-35 para atingir pessoas entre 18-24). Os resultados foram números como 22 milhões de impressões no Facebook, bounce rate de 7%, engajamento de 80%, 40% de visitas mobile; e 50% dos consumidores impactados compraram ou declaram intenção de compra. 

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