Geraldo Leite
27 de fevereiro de 2012 - 5h01
É sempre bom quando surgem idéias realmente novas. Por isso me encanta a estratégia da Editora Abril de lançar revistas de circulação regional ou por cidade, sob medida para certos mercados.
A partida se deu em julho passado com o lançamento da “Interview” que hoje tem três diferentes edições (Brasília, Porto Alegre e Curitiba). Em seguida, em outubro saiu a “Mais Feliz” no Nordeste, com 3 capas diferentes, de acordo com a região. Tem ainda uma terceira chamada “Casa Imóvel” voltada atualmente para os mercados de Manaus e Belo Horizonte.
A estratégia adotada para cada um deles é totalmente diversa.
A “Interview” é mais voltada pro leitor típico de revista (mais qualificado), com 100% do conteúdo editorial para cada cidade (as personalidades, os locais, a conversa da comunidade,…), com circulação basicamente gratuita para um mailing selecionado de assinantes Abril e só uma pequena parcela disponível para compra avulsa nas bancas.
Já a “Mais Feliz” é para a mulher nordestina da nova classe emergente, com grande tiragem (100 mil) e preço de banca muito acessível (R$1,00). A “Casa Imóvel”, por fim, tem um tema mais específico, mas cai sob medida para quem se interessa no assunto – tanto o leitor, quanto o mercado imobiliário local.
Até então esses mercados recebiam quando muito, além das Vejinhas locais, uma ou outra edição de Casa Cláudia – no mais, as opções regionais, quando existiam, eram só de reparte dos anúncios e não para o público.
Dessa feita falamos de revistas voltadas para determinada cidade ou região, com um conteúdo fundamentalmente local, o que lhes permite um grau de aproximação com o leitor tão grande quanto em SP ou Rio, onde o foco temático pode ser complementado pela prestação de serviços dos títulos.
Ao mesmo tempo, sendo da “família Abril”, significa que há um belo incentivo para um tratamento mais profissional da informação; isto é, limites mais claros entre o papel dos jornalistas e do mercado anunciante. Incentivos também para qualificar novos talentos locais, como também para desenvolver o meio Revista pelo interior do País.
Lembro que há alguns anos encontrei em Boston uma emissora de Rádio AM muito bem sucedida que era especializada em Heavy Metal. É claro que seria melhor se estivesse numa FM, pois é lá que se encontrava o público mais jovem. Mas como lá não havia espaço, o público jovem foi achar a sua emissora preferida na “velha” AM.
São atitudes como essas, janelas de oportunidades, que conseguem construir cenários menos óbvios, pois o hábito de consumo das mídias, por mais que retrate a realidade, está aí para ser mudado e evoluído – e o nosso país, a nossa mídia, podem andar juntos.
Nós já tínhamos algumas boas revistas semanais dos Jornais locais (as “Sunday Magazines”). Sempre existiram também revistas locais, com um forte foco nas colunas sociais que, muitas vezes, não são tão isentas no tratamento dos fatos.
Agora essas praças vão poder comparar e escolher. Bom pro leitor, bom pro mercado.
O encanto da leitura de uma Revista fica valorizado, preservado – é aquele tempo dedicado à algo que lhe dá prazer ou que informa, que entretém e por aí vai.
Ver essa iniciativa surgir da líder, a Abril, é ainda mais admirável.
Geraldo Leite é sócio-diretor da Singular Arquitetura de Mídia
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