Meio & Mensagem
7 de maio de 2013 - 3h21
“O Brasil finalmente entrou no circuito mundial dos shows”. Quem nunca leu ou ouviu este chavão que atire a primeira pedra! Agora, recentemente, os mesmos jornalistas que escreveram os chavões alteraram o seu enfoque para crise no setor: “Bruxa esta solta no Show Biz” e “Empresas de shows passam por xeque mate“ foram algumas das manchetes relacionadas ao mercado que foram publicadas nos últimos meses. Mas qual é realmente a situação? Crise ou oceano azul?
O que estamos vendo acontecer no mercado de entretenimento ao vivo é uma acomodação tanto das empresas quanto do mercado. Aqui no Brasil existe a bizarra situação dos produtores culturais, em geral, terem que aceitar a meia-entrada em qualquer espetáculo com enfoque cultural. Sim, bizarra porque nos principais mercados mundiais esta situação não acontece (e olha que tem muitos estudantes por lá!). Esta situação tem um impacto muito forte nos business plan das empresas envolvidas com este setor da economia.
Para resolver a situação, as empresas começaram a cobrar preços exorbitantes. Duas, três ou até quatro vezes o preço dos ingressos em países com renda per capita cinco vezes maior que a nossa. Quando tínhamos dois shows internacionais por semestre (lembro que o primeiro show do Queen no Morumbi no início dos anos 80 foi um acontecimento na cidade de São Paulo) era uma coisa. Com o aumento da oferta de shows e da importância do mercado local para os artistas, a situação é completamente distinta. Acredito que a discussão da lei que limita a aceitação de meia-entrada a 35% da capacidade do local deve gerar algum tipo de redução nos preços, mas não esperem reduções drásticas. Na verdade, os estudantes deveriam ter vários outros benefícios como “meio computador”, “meia mensalidade da faculdade “, etc.
Ou seja, faz parte do problema este equacionamento de preços, mas não estamos falando do único problema. Com a imposição da aceitação da meia-entrada, falta de controle generalizado na emissão de carteiras de estudante (para não falar dos desvios na emissão das mesmas), renda disponível para o lazer/entretenimento ampliada aqui no Brasil e maior oferta de shows e conteúdos culturais, criou-se uma situação única. Hoje os brasileiros ávidos por alguma ação cultural pagam os preços mais caros do mundo! Existe crise? Esta sendo atendida toda demanda potencial deste setor?
Se o conteúdo for relevante, a demanda existe mesmo com preços aviltados. Vide Cirque Du Soleil. Se o conteúdo for relevante e os preços razoavelmente atrativos os ingressos acabam em horas. Vide Rock in Rio 2013. Se o conteúdo for relevante e os preços extremamente atrativos, os ingressos desaparecem e não se sabe nem como. Vide todos os shows e peças teatrais excelentes produzidas pelas unidades do SESC. Estamos falando de crise ou de oceano azul? Em qual lado desta equação as empresas de entretenimento estão se posicionando?
Quando o decano do entretenimento ao vivo brasileiro, Roberto Medina, escreve em um manifesto do Rock In Rio “que existe preocupação dos organizadores com o antes, durante e depois dos shows“ (a tal da experiência…) e ao mesmo tempo reduz a capacidade total de cada show, vejo uma ação estratégica de longo prazo que coloca o mercado brasileiro em sintonia com o que de mais moderno se faz ao redor do mundo. Agora, quando vejo shows já desgastados de tanta rodagem cobrando R$ 600 ou R$ 700 por ingresso da pista VIP, começo a pensar que as manchetes estavam certas.
Paulo Octávio Pereira de Almeida é vice-presidente da Reed Exhibitions Alcantara Machado
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