O “jeitinho brasileiro” apaixonado
Mudar o Dia dos Namorados por causa da Copa do Mundo faz parte do nosso ?jeitinho brasileiro? de adaptar, facilmente, comemorações e/ou ações de mercado
Mudar o Dia dos Namorados por causa da Copa do Mundo faz parte do nosso ?jeitinho brasileiro? de adaptar, facilmente, comemorações e/ou ações de mercado
Meio & Mensagem
6 de junho de 2014 - 8h51
Seja para fazer referência e homenagem a Santo Antonio, o “casamenteiro” (comemorado no dia 13 de junho), ou inspirado no Dia de São Valentim (14 de fevereiro) e adaptado ao Brasil, com o intuito de incentivar a compra e a troca de presentes entre os apaixonados, o dia dos namorados (12 de junho) está chegando.
A movimentação no comércio é clara e intensa. As campanhas publicitárias ressaltam a data e lembram a necessidade de aquisição dos presentes. Toda uma indústria é mobilizada para a produção, divulgação e escoamento do que deve ser demandado por conta da comemoração. Todos os anos isso acontece e, muito provavelmente, continuará a acontecer por tempo indeterminado. Contudo, estamos num ano atípico, com a Copa do mundo de Futebol também chegando e em nossa casa. Com ela, novas demandas surgem. Novas disputas são travadas. A começar pela abertura: 12 de junho! Justamente no dia dos namorados…
Entendendo as implicações da coincidência das datas, surge uma iniciativa peculiar na cidade de Ribeirão Preto, onde os setores de comércio e serviços da cidade decidiram antecipar a comemoração, “movendo” a data do dia 12 de junho para o dia 11. A ideia se ancora no fato de que a Copa do Mundo vai mudar o perfil do Dia dos Namorados e, para não sair no prejuízo numa das datas mais lucrativas e com maior fluxo de clientes, a saída é atrair os casais com promoções e uma proposta inovadora: comemorar antes!
Trata-se, em primeira instância, de uma sacada mercadológica para aproveitar o potencial de uma data comemorativa que está prestes a ser ofuscada por uma paixão aparentemente “maior” que a dos casais apaixonados. Em segunda instância, já não é difícil concluir que, no Brasil, a emoção é a mola propulsora do nosso jeito de ser. Somos emotivos, apaixonados, vibrantes. Isso é intrínseco ao cotidiano do país, abastecendo e moldando os nossos modos de interação e de integração social. E por que não também o mercado?
Não é à toa que o tão conhecido “jeitinho brasileiro” não é só fundado pela capacidade e, em alguns casos, “malandragem” para mudar e adaptar situações, leis e burocracias. O jeitinho brasileiro igualmente deve ser compreendido a partir da emoção que se manifesta internamente no país e se torna mais visível quando ressalta “a subjetividade, configurando-se em prática discursiva com efeitos externos” (REZENDE), como ocorre nas conhecidas “paixões nacionais”, especialmente no futebol. Não é por acaso que o “futebol explica o Brasil” (GUTERMAN).
Assim sendo, não é difícil entender que mudar o dia dos namorados, antecipando ou retardando a comemoração, faz parte do nosso “jeitinho brasileiro” de adaptar, facilmente, comemorações e/ou ações de mercado. Os namorados e namoradas que nos perdoem, mas somos um povo absolutamente apaixonado pelo futebol. Portanto: feliz dia dos namorados antecipado!
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