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Morre Roberto Bolaños, criador de Chaves

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Morre Roberto Bolaños, criador de Chaves

Ator e diretor mexicano tinha 85 anos e marcou a televisão latino-americana com seus personagens


28 de novembro de 2014 - 8h38

O ator, comediante, escritor e diretor Roberto Gómez Bolaños, conhecido por criar e interpretar o personagem Chaves, morreu nesta sexta-feira, 28. Ainda não foi divulgada a causa do falecimento, mas o ator convivia com um quadro de mobilidade restrita e respiração debilitada. Em maio, seu estado de saúde havia se agravado. Bolaños estava recolhido na casa da família em Cancún, no México, com acompanhamento médico.

Bolaños iniciou a carreira como roteirista de rádio nos anos 1950. Antes, chegou a estudar engenharia, sem completar a faculdade, e trabalhou como redator criativo em publicidade. Em 1960 começou a escrever para a televisão, nos programas Cómicos y Canciones e El Estudio de Pedro Vargas – curiosamente, os humorísticos disputavam entre si a liderança de audiência da TV mexicana. Na mesma época, estreou como ator nos filmes Dois Loucos em Cena e Dois Criados Malcriados, de Agustín P. Delgado.

Nos anos seguintes, permaneceu na dupla jornada, como roteirista de TV e ator de cinema. Em 1968 passou a escrever um quadro para o programa Sábados de la Fortuna, da Televisión Independiente, chamado "Los Supergenios de la Mesa Cuadrada". Os esquetes apresentaram ao público mexicano personagens como Doutor Chapatin, interpretado pelo próprio Bolaños, e Professor Girafales, por Rubén Aguirre. Também trabalharam na atração Ramón Valdés, futuro Seu Madruga, e Maria Antonieta De Las Nieves, futura Chiquinha. No ano seguinte se juntou ao elenco Florinda Meza, que personalizaria mais tarde a Dona Florinda – e se casaria, na vida real, com Bolaños.

Em 1970 a emissora resolveu prolongar a participação do ator e diretor lhe dando um programa próprio, de uma hora de duração, o Chespirito – o nome era um apelido conhecido de Bolaños, dado pelo diretor Delgado, um diminutivo em espanhol do sobrenome de William Shakespeare, “Shakespearzinho”. Para a atração foi criado o Chapolin Colorado. Um ano depois nasceria o Chaves, ou El Chavo del Ocho, em espanhol.

A partir de 1973, o programa começou a ser transmitido em diversos países latinos. Em todos mercados por onde passou, foi sucesso de audiência. Estreou no SBT em 1984: a maioria dos episódios transmitidos no Brasil é da fase áurea de produção, até 1979, antes do elenco original se desmontar. Cuba é o único país do continente em que nunca foi exibido.

A produção mexicana permaneceu no ar até 1995, com diferentes quadros e personagens. Em 1987, Carlos Villagrán, interprete de Quico, lançou a série ¡Ah! Qué Kiko pela Imevisión. Ele conquistou direitos sobre o personagem após litígio com Bolaños, e levou Valdés consigo, para sua série. A briga entre Chespirito e Villagrán permaneceu por anos e era intermitente, embora estivessem conciliados nos últimos anos.

Após afastar-se de seus personagens clássicos, Bolaños atuou nos palcos, na comédia 11 y 12, que permaneceu em cartaz por mais de uma década (com mais de 2,9 mil apresentações) e esteve passou por diversos países latino-americanos.

Chespirito sempre destacou, contudo, que sua atividade principal era escrever. Calcula-se que Bolaños tenha redigido mais de 60 mil páginas em 43 anos de trabalho. Mesmo em sua recente fase, debilitada, permanecia lendo e escrevendo diariamente – inclusive no Twitter –, material que foi confiado ao filho Roberto Gómez Férnandez e pode gerar publicações póstumas.

Além de Férnandez, Bolaños deixou mais cinco filhas: Paulina, Graciela, Marcela, Teresa e Cecília. Todos são de seu primeiro casamento, com Graciela Fernández Pierre, de quem se separou nos ano 1970 para viver com Florinda Meza, com quem seguia casado até sua morte.

Chaves no Brasil
O sucesso de público no Brasil se baseava numa centena de episódios adquiridos por Silvio Santos em 1982, que eram reprisados à exaustão e incomodavam a concorrência. Por volta de 2005, porém, o SBT resolveu encerrar seu contrato com a Televisa, que detém os direitos dos personagens. A emissora alegou, na ocasião, que a falta de anunciantes não compensava a grande audiência. Fãs brasileiros organizaram diversas manifestações e chamaram a atenção inclusive do noticiário internacional.

A rede mexicana, atenta de que ainda havia mercado para Chaves e Chapolin no Brasil, abriu concorrência – Record e Rede TV se interessaram. As negociações prosseguiram, sem interesse da emissora de Silvio Santos, até a Globo anunciar que compraria o pacote, mas não pretendia exibi-lo. Esse movimento não só fez o SBT rever sua decisão como gerou uma lenda urbana, de que a emissora dos Marinho teria comprado, de todo modo, episódios inéditos, os quais prometia trancafiar. O SBT, posteriormente, confirmou que tais episódios existiam de fato, mas só não teriam sido transmitidos por problemas técnicos, como qualidade de imagem e dublagem.

Em 2012, entre as comemorações dos 40 anos de carreira de Bolaños, o SBT chegou a tirar Chaves do ar mais uma vez. A emissora mudou de ideia poucas semanas depois, também após manifestação de fãs. No início deste ano, resolveu levar ao ar os episódios inéditos

Diversos atores do universo de Chaves já visitaram o Brasil algumas vezes, como Villagrán, Aguirre e Édgar Vivar (Senhor Barriga). O próprio Bolaños nunca veio ao País, mas o SBT já o entrevistou, no México, em diferentes oportunidades. Confira abaixo duas dessas entrevistas, para o SBT Repórter em 2007 e para o Programa do Ratinho em 2011. 

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