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Mídia

O difícil equilíbrio entre o papel e o digital

Jornais brasileiros buscam modelos próprios para alinhar as estratégias nas duas plataformas e expandir as receitas


23 de novembro de 2011 - 1h10

Questões como a sobrevivência do jornal no formato papel, a integração das redações online e off-line, a distribuição de conteúdo em múltiplas plataformas e a cobrança pelo acesso ao conteúdo digital são temas recorrentes nas mesas dos diretores e publishers de todos os títulos que pretendem continuar ativos após as transformações da indústria de comunicação por conta das recentes revoluções tecnológicas.

Os temas foram discutidos no “Painel Brasil: Como harmonizar a sua estratégia impresso com a sua estratégia digital”, que fez parte do programa do segundo dia do INMA Seminário de Jornais, realizado entre 21 e 22 de novembro na capital paulista.

A Zero Hora, do Grupo RBS, por exemplo, decidiu encarar a tecnologia também como um core business. “Este é um assunto secundário, que o jornais não gostam. Não está no DNA do meio. Mas não podemos terceirizar. Enquanto acharmos que não é com a gente, não vamos fazer direito”, afirma Marta Gleich, que após dez anos como diretora de redação do título assumiu o posto de diretora de internet, cargo que ocupa há cinco anos.

O grupo criou uma unidade exclusiva, com 80 funcionários, que fica localizada no prédio da Tecnopuc, no campus da PUCRS, ao lado de empresas como Dell, Microsoft e HP. Eles são responsáveis por desenvolver websites, aplicativos para tablets e smartphones, mobile sites, games, infogames e infografias digitais. “A influencia do digital no papel é fantástica”, diz Marta.

Apesar da integração entre digital e impresso ser um caminho sem volta, Paulo Motta, editor executivo de produção de O Globo, faz uma ressalva. “Temos que tomar cuidado de não esquecer o impresso, que ainda é a galinha dos ovos de ouro. No Globo, o site representa apenas 4% do faturamento. Não podemos descartar nada e nem colocar todas as fichas numa plataforma só”, pondera.

Para Sérgio Dávila, editor-executivo da Folha de S. Paulo, no ano passado a novidade era a integração das redações, e neste ano os título já deram um passo adiante. “A Folha continua acreditando no conceito de redação produtora de conteúdo 24 horas independente da plataforma”, aponta Dávila, destacando que da capa do jornal ao Twitter, todo o material deve seguir os princípios editoriais do grupo.

Os mandamentos da transição

Na história do mercado de comunicação, sempre que um novo meio surgiu, após um abalo nas estruturas, o conteúdo acabou predominando. “O ciclo que estamos vivendo é particularmente longo porque não encontramos a plataforma estável de difusão e de modelo de negócio. Mas quando for estabelecido, o que prevalecerá será o conteúdo”, analisa Ricardo Gandour, diretor de conteúdo do Grupo Estado, que diante deste histórico da indústria, traçou os cinco mandamentos para esse período de transição da mídia.
 
1) Faça o melhor e o mais adequado em cada mídia. Proporcione a melhor experiência
2) Não esqueça jamais que inovação também é possível na mídia existente
3) Esteja atento aos novos métodos de trabalho que as mídias trazem
4) Integração das ferramentas: a combinação de texto, arte e foto do periodismo total agora pode ser traduzida para edição, design e tecnologia
5) Conteúdo de qualidade será sempre decisivo

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