ProXXIma
28 de junho de 2019 - 6h19
Por Ricardo José Alves (*)
Você já parou para pensar como a velocidade do mundo atual interfere nos seus negócios? Essa nova dinâmica de vida, cada vez mais acelerada e personalizada, nos coloca diante de um cliente com pressa, mais exigente e com muitas opções de oferta e formas de compra. Nossa realidade é de um “varejo tecnológico” para um consumidor em constante transformação. Está mais do que claro que, com o advento da tecnologia, zelar pela qualidade dos produtos e serviços, das ações de marketing e do atendimento pessoal ao cliente não são mais suficientes para garantir o sucesso de qualquer negócio. O empreendedor – e seus gestores – precisam acompanhar o ritmo das mudanças impostas por uma sociedade cada vez mais imediatista, conhecedora de seus direitos e deveres, e antenada às novas formas de atuação do mercado. Nos Estados Unidos, esse novo grupo tem sido chamado de “geração-micro-ondas”: desejam tudo rápido, ao gosto pessoal e na temperatura ideal.
A febre das redes sociais, somada à democratização do uso de smartphones, criou uma nova geração de consumidores, cujos hábitos são de procurar diretamente as marcas de interesse e agir com certa impaciência frente ao varejo. A ansiedade por um atendimento rápido e individualizado é a consequência de tudo estar, literalmente, nas palmas das mãos hoje em dia. Dado da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) ilustra essa realidade: o mercado de delivery movimentou R$ 11 bilhões em 2018.
Segundo pesquisa do Instituto QualiBest apresentada neste ano, 81% dos usuários brasileiros de internet já encomendaram algum serviço ou produto por meio de aplicativos utilizando smartphones. Quase 120,7 milhões de pessoas em um universo de 149 milhões de internautas, de acordo com o levantamento Digital Brazil 2019, feito em parceria por We Are Social e Hootsuite. O delivery de refeições e comidas prontas, na apuração da QualiBest, responde por 50% desses pedidos, e o valor gasto chega, em média, a R$ 38 por pessoa.
A facilidade com o manuseio de dispositivos já chegou até a estabelecimentos físicos, inclusive. Bares e restaurantes investem, cada vez mais, em terminais de autoatendimento, por meio dos quais o cliente fica à vontade para escolher entradas, pratos principais, acompanhamentos, bebidas e sobremesas, tudo de acordo com as suas preferências, e sem a necessidade da intervenção de um atendente. Como faria em um aparelho celular.
Empreender ou investir em food service é, portanto, estar pronto para atender a demandas muito além das de praxe em relação à qualidade dos alimentos e seus respectivos preparos. As operações de rua e das praças de alimentação devem estar adaptadas para receber o cliente que se desloca ao local e, também, a atender com excelência aqueles que são usuários das plataformas digitais. É preciso estar pronto para atender ao “novo consumidor”.
A voraz competitividade de um mercado de fartura de ofertas obriga empreendedores do segmento a estarem numa permanente busca para entender e atender aos desejos do seu consumidor. Nessa corrida, vence quem estiver preparado para não apenas compreender a nova geração, mas também que seja capaz de traçar estratégias para atingi-la, mesmo em constante movimento.
A nova era dita que o varejo esteja perfeitamente alinhado ao cliente, dispondo de informações, marketing digital focado no atendimento personalizado e ferramentas que agreguem valor, disponibilidade e velocidade às suas necessidades.
(*) Ricardo José Alves é CEO da Halipar (Holding de Alimentação e Participações). O grupo detém as redes Griletto, Montana Grill, Jin Jin e Croasonho. Foi diretor da Regional Interior de São Paulo da ABF (2017/2018).