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Comunicação

Cristiano Muniz assume como CEO do Grupo ABC

Guga Valente e Nizan Guanaes se afastam oficialmente das funções executivas e têm contratos como conselheiros até meados de 2021; Nizan passa a conduzir a consultoria NIdeias de forma independente da holding


16 de janeiro de 2020 - 6h00

Guga Valente passa o posto de CEO do ABC para Cristiano Muniz: corte de custos e alta no lucro (Crédito: Arthur Nobre)

Os fundadores Guga Valente e Nizan Guanaes se afastam oficialmente neste mês das funções executivas no Grupo ABC. Guga transferiu o posto de CEO para Cristiano Muniz, que atuou por sete anos na holding como CFO e COO, a partir do final de 2010. Muniz deixou o ABC em junho de 2017 para assumir, em Buenos Aires, a direção geral da Accenture Interactive nos mercados hispânicos da América do Sul, trabalho que englobou principalmente Argentina, Chile Colômbia e Peru. Um ano depois, em agosto de 2018, ele voltou ao Brasil para ocupar o posto de diretor global de gestão da BRF, onde ficou até agosto de 2019, quando foi recontratado pelo ABC como CFO, já para fazer a transição de comando com Guga Valente.

“Foi uma transição suave, de continuidade. Os sete anos em que o Cristiano esteve aqui antes foram justamente os mais ativos do ABC, de compras de agências, de transformar sócios das agências em acionistas da holding, de implementar governança. Ele participou de forma muito ativa”, diz Guga, que permanece como conselheiro executivo até meados de 2021, assim como Nizan Guanaes, que desde 2018 se dedica à consultoria NIdeias, empresa que, agora, ganha total independência da holding. Apesar disso, cláusula contratual de non compete entre Nizan e o Omnicom impede que a consultoria preste serviços de execução de ações de comunicação que sejam conflitantes com os oferecidos pelas empresas do ABC.

Guga era o CEO do ABC desde a fundação em 2002. Atualmente, o grupo vendido em 2015 para o Omnicom e ligado internacionalmente à rede DDB, tem oito empresas no Brasil. A principal delas é a Africa. No ramo principal de publicidade estão a SunsetDDB, a Tribal e a Morya. As demais são CDN, TracyLocke, Track e Interbrand.

Segundo Muniz, desde a venda, o ano de 2019 foi o primeiro de estabilidade, com o grupo registrando alta de 100% no lucro. Para atingir o resultado houve sacrifícios, como a decisão emblemática de desaparecer com a marca DM9 no final de 2018, a redução de cerca de 30% no total de funcionários no último exercício e o enxugamento no portfólio de empresas — no momento da venda para o Omnicom, eram 16; agora são oito. Atualmente, são mil colaboradores. “Para 2020, esperamos crescimento acima de dois dígitos, tanto em receita como em lucro”, projeta o novo CEO. “Um dos grandes objetivos que tenho é interligar ainda mais o Grupo ABC ao Omnicom, para aproveitar melhor o volume infinito de ferramentas, plataformas, modelos de negócio e técnicas de sucesso comprovado em outros mercados”, acrescenta.

O relacionamento societário de Nizan e Guga com Omnicom iniciou-se em 1997, quando a dupla vendeu para a rede DDB o controle acionário da DM9. Em 2002, a parceria aumentou com a fundação do Grupo ABC (na época, Ypy). Em 13 anos, desde sua fundação em 2002 até a venda de 100% para o Omnicom em 2015, o ABC se tornou o maior grupo publicitário brasileiro já formado em toda a história e atraiu investimentos de três fundos de investimento: Icatu, Kinea e Gávea – este último comandado por Armínio Fraga, foi sócio ente 2007 e 2012. A venda para a multinacional norte-americana permitiu que fossem realizados os investimentos dos dois fundos que ainda tinham ações do ABC: o Icatu, presente desde o início, com cerca de 23% das ações, e o Kinea, controlado pelo banco Itaú, que, no início de 2013, fez aporte próximo de R$ 170 milhões e detinha participação de cerca de 26%.

A venda do ABC para a Omnicom é motivo de um processo movido pelo ex-vice-presidente de mídia da Africa e sócio da agência, Luiz Fernando Vieira, conta os demais acionistas. O reclamante alega que houve desdobramentos desfavoráveis, pois, na época da venda, a DM9DDB teria tido valor superestimado e contestado posteriormente pelo Omnicom por “grave inconsistência financeira”, o que diminui o pagamento associado ao desempenho futuro pelas ações em mãos dos sócios brasileiros do ABC. No final de 2018, devido aos resultados desfavoráveis da DM9DDB, o ABC e o Omnicom resolveram fundir a agência com a Sunset, dando origem à SunsetDDB. Em setembro de 2019, quando uma reportagem do jornal Valor Econômico revelou o processo movido por Vieira, o Grupo ABC respondeu que “a alegação é falsa e que não há inconsistência nem contestação por qualquer das partes relativa ao acordo de venda do grupo”.

Em novembro de 2015, o Grupo Omnicom anunciou a compra de 100% do Grupo ABC, maior conglomerado de agências de publicidade e serviços de marketing controlado até então pelo capital nacional. A aquisição será feita via DDB Worldwide, uma das principais divisões globais do Omnicom. Na época, o negócio foi estimado extraoficialmente em R$ 1 bilhão, valor que seria pago em cinco anos.

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