Quais são suas intenções?
Tudo que fazemos está carregado de intenções. Cuide para que elas sejam as melhores
Tudo que fazemos está carregado de intenções. Cuide para que elas sejam as melhores
Meio & Mensagem
6 de abril de 2014 - 10h51
* Por Mauro Silva
A grande coisa que me inspirava silenciosamente no início da carreira era a ideia de que “a comunicação é a maior força transformadora do mundo” e que eu poderia atuar com criatividade para promover mudanças positivas e influenciar decisões. Essa era a minha intenção naquele momento embrionário como publicitário.
Ainda acredito nisso. Essa intenção de transformar o mundo por meio da comunicação vem sendo minha força de propulsão desde a faculdade. É uma intenção que busco aplicar em todos os trabalhos. Mesmo que ela não seja possível em todos, ela me ajuda a ter um norte — não sei quanto a você, mas eu não sei navegar sem um norte.
E tem sido gratificante dar passos profissionais e cada vez mais ir encontrando pessoas que acreditam na mesma coisa e que já estão trabalhando com isso em mente, buscando deixar marcas positivas por meio dos seus trabalhos e suas posturas.
Intenção é uma palavra poderosa. É algo que escolhemos mentalmente. E significa o resultado final que se pretende atingir.
Pois tenho visto que essas intenções que colocamos em nossas vidas e trabalhos não passam em branco. Quando construímos uma intenção, ela permanece ativa em nós. Às vezes latente, às vezes aguda. E por mais que a gente se esqueça dela como item principal no dia a dia, a intenção que temos sobre algo é o que nos guia para as pequenas e grandes decisões que tomamos. Ter consciência dessas intenções ajuda indivíduos e empresas a desempenharem melhor o seu papel no mundo.
Acredito que o mercado de comunicação está em processo de tomar consciência do seu papel. Ao lado da evolução de consciência dos clientes, que estão cada vez mais se conectando com visões de promover benefícios mútuos como forma de prosperar, os publicitários também estão percebendo seu papel nessa rodada de evolução. Mas acredito que estão em ritmo menos acelerado.
Percebo que muitas agências ainda trabalham com a intenção de vencer premiações publicitárias. Não condeno, pois é inegável o poder de um prêmio. Ele eleva carreiras, desejabilidade de empresas, valores de ações e, em muitos casos, gera vendas também. Mas, se o desejo pelo prêmio não é visto da forma correta, pode gerar uma divisão nociva do trabalho em duas frentes polarizadas: uma que reúne a maior energia criativa para vencer os principais prêmios, e outra, separada, que usa o mínimo esforço possível para entregar o que é necessário para o cliente vender. Gerando, assim, alguns trabalhos incrivelmente criativos de um lado, mas do outro, um mar de lixo.
Falando de uma forma simplista, acredito que existe um item de brief faltando. Acredito que cada trabalho deveria carregar o desafio de promover sucesso da campanha ao mesmo tempo que gera benefício a todos os envolvidos.
Felizmente, o jogo está se transformando em algo que torna natural esse movimento de clientes e agências trabalhando juntos para deixar uma marca melhor por onde passam. O mercado já está fazendo isso. Veja os melhores trabalhos do mundo. A maior parte deles carrega um pouco dessa postura. Mas ainda falta o mercado assimilar que isso não é uma moda, é sim uma nova necessidade a que todos temos de nos adaptar.
Qual a sua intenção na publicidade? Busque responder a essa pergunta e veja se ela vai ajudar a tomar as pequenas e grandes decisões que virão pela frente.
(*) Mauro Silva, é sócio e vice-presidente de criação e planejamento da LiveAD. Este artigo está publicado na edição 1599 do Meio & Mensagem, de 3 de março, nas versões impressa e para tablets.
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