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Marketing

E-commerce cresce 47%, maior alta em 20 anos

42ª edição do Webshoppers, pesquisa da Ebit|Nielsen, revela que e-commerce brasileiro registrou crescimento de 47% no primeiro semestre deste ano


27 de agosto de 2020 - 18h39

72% dos brasileiros começaram a usar ou estão usando mais aplicativos de delivery durante a quarentena (Crédito: Mapodile/iStock)

Com as lojas físicas fechadas por conta da Covid-19, muitas pessoas recorreram às compras online e, com isso, o e-commerce brasileiro registrou um crescimento de 47% no primeiro semestre, sua maior alta em 20 anos. De acordo com dados da 42ª edição do Webshoppers, estudo sobre e-commerce do País elaborado semestralmente pela Ebit|Nielsen, em parceria com a Elo, o crescimento do faturamento foi impulsionado pela alta de 39% no número de pedidos, para 90,8 milhões, em relação ao primeiro semestre de 2019.

Já as vendas aumentaram 47%, para R$ 38,8 bilhões, no mesmo período. “A tendência de crescimento já vem ocorrendo nos últimos anos, porém, por conta da pandemia, tivemos um aumento de intensidade”, afirma Julia Avila, líder da Ebit|Nielsen. A executiva explica que a medição dos varejistas colaboradores é feita através da implementação de uma tag no carrinho de compras virtual, ou seja, “para as compras realizadas em lojas parceiras Ebit recebemos a transação de forma automática”.

Além do número de pedidos e vendas, o valor médio desembolsado para as compras online dos brasileiros também cresceu (6%), passando de R$ 404, no primeiro semestre de 2019, para R$ 427 no mesmo período deste ano. “O que mais impulsionou o crescimento nesse período foi o aumento de pedidos, em grande parte, das categorias online, sendo que as mais importantes, como, por exemplo, eletrônicos e eletrodomésticos, já têm um ticket médio mais alto”, completa a líder.

A pesquisa ainda revela que os adeptos do e-commerce no Brasil cresceram 40%, chegando a 41 milhões no total, visto que a necessidade e o aumento na confiança sobre os pagamentos online levaram 7,3 milhões de brasileiros a comprar online pela primeira vez. Dentre essas 41 milhões de pessoas que estão no e-commerce, 58% são heavy users, ou seja, aquelas com mais de quatro compras no semestre, dos quais 20% com mais de dez pedidos nesse período. Nos mesmos meses do ano passado, esses compradores representavam 53%, sendo 17% com frequência acima de dez vezes.

Segundo o levantamento, o pico de compras online aconteceu entre os dias 5 de abril e 28 de junho, o que apresenta uma relação direta com o auge do isolamento social na maioria das cidade brasileiras. Naquele momento, o faturamento e o número de pedidos apresentaram uma alta de 70% em comparação com o mesmo período de 2019.

Apesar do e-commerce ter apresentado uma alta significativa por conta da pandemia, um ponto que foi impactado negativamente foram os prazos de entrega, que ficaram maiores. O estudo aponta que, no primeiro semestre de 2020, a média de prazo de entrega de compras online foi de 11,3 dias contra 10,6 dias nos mesmos meses de 2019. Já a taxa de pedidos entregues no prazo foi 14% neste ano, 2% maior do que no ano passado.

Por mais que as regiões Sul e Sudeste do Brasil ainda representem os principais mercados para as vendas online no País, a pesquisa mostra que o Norte e o Nordeste tiveram um crescimento significativo neste período. O Nordeste apresentou uma alta de 107% no faturamento em relação aos mesmos meses do ano passado, representando 18% dos números totais do País. Já a região Norte apresentou alta de 93% nas vendas online, 7% de participação no total de vendas Brasil.

Múltiplos canais

Além das compras online, de forma geral, o estudo detalha de que forma essas vendas foram feitas. De acordo com o 42º Webshoppers, os varejistas de marketplaces representam 78% do faturamento total do e-commerce brasileiro, visto que R$ 30 bilhões do faturamento dos seis primeiros meses de 2020 são de lojas que aderiram aos marketplaces, uma expansão de 56% sobre o mesmo período de 2019.

O levantamento ainda mostra que as operações chamadas de bricks and clicks, ou seja, aquelas que atuam tanto na loja física quanto na online, tiveram um crescimento de 61% no faturamento no primeiro semestre deste ano, com participação de 73,1% no total de vendas online no País. Nas operações deste tipo de loja, foram 57 milhões de pedidos, alta de 54% ante 2019, e ticket médio de R$ 495, alta de 4%.

Para Julia, este dado indica que, além de ser multicanal, as empresas precisam desenvolver uma estratégia de loja única. “Se o consumidor foi a uma loja física e não encontrou o que precisava, como o vendedor pode estimular a concretização da compra pela internet? Ou se deseja comprar um produto online mas gostaria de conhecer antes, como o varejista pode estimular para que isso aconteça?”, exemplifica.

No entanto, não foram só os bricks and clicks e marketplaces que cresceram. Os chamados pure players, modelo de negócio exclusivamente online, apresentaram uma alta de 26% em vendas, com R$ 9 bilhões de faturamento. Foram 26 milhões de compras por esse meio, com desembolso médio de R$ 335, alta de 15% e 9%, respectivamente. Entretanto, os chamados fabricantes.com, loja virtual do fabricante, registraram um recuo de 8%, com total de R$ 1,4 bilhão, apesar do número de pedidos ter aumentado 42%, ou 6 milhões no total. O valor médio nas compras feitas desta forma também caiu para R$ 213, redução de 35% em relação ao mesmo período de 2019.

Aplicativos de entrega

Outro ponto relevante no estudo é a participação dos aplicativos de entrega. Segundo o 42º Webshoppers, 72% dos 2.140 consumidores, ouvidos entre os dias 1o. e 13 de julho deste ano, começaram a usar ou estão usando mais aplicativos de delivery durante a quarentena. Entre as principais razões para a escolha estão: não precisar sair de casa (77%) e promoções (36%).

Além disso, a pesquisa aponta que apps de entrega de farmácias e supermercados foram os que apresentaram a maior contribuição para entrada de novos consumidores, 10% e 14%, respectivamente, visto que 12% dos consumidores de supermercados usaram o delivery duas vezes ou mais por mês. Apesar da expansão, o levantamento indica que ainda há muito espaço para crescer, pois 63% dos entrevistados declararam jamais ter usado aplicativos de entrega para compras em supermercados, sendo o Norte, o Centro-Oeste e o Sul as regiões com maior oportunidade de desenvolvimento.

Para a líder da Ebit|Nielsen, o comportamento de compra online veio para ficar, porém, quanto à intensidade, ainda não é possível ser preciso. “Com a reabertura das lojas, as pessoas voltaram a ter essa opção. Dessa forma, a experiência online, que envolve todas as etapas da navegação, escolha do produto, opções de frete, facilidade de fechar o carrinho, recebimento do produto e pós-compra, é o que irá determinar essa escolha. Afinal, durante esses últimos meses, para muitos setores, a compra online era a única opção”, observa.

Nesta quinta-feira, 27, aconteceu a 17ª edição do prêmio Ebit|Nielsen, premiação que reconhece as operações de e-commerce que mais se destacaram no mercado ao longo do ano anterior, ou seja, em 2019. Nesta edição, levaram o troféu as lojas online favoritas por categoria, as dez mais votadas no geral, as cinco melhores lojas online diamante, além da melhor loja experiência mobile. As cinco melhores lojas online diamante foram, por ordem decrescente: GS Suplementos, Panvel, Canção Nova, Rede Natura e Editora Juspodivm. Já a melhor loja experiência mobile foi para a Canção Nova.

Fique por dentro das últimas tendências do e-commerce que estão em destaque no Brasil.

**Crédito da imagem no topo: Reprodução

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