Quais são as marcas presentes na COP27?
Conferência climática está acontecendo no Egito e conta com marcas como Microsoft, Google e Coca-Cola no seu time de patrocinadores; a última vem sendo alvo de controvérsias
Conferência climática está acontecendo no Egito e conta com marcas como Microsoft, Google e Coca-Cola no seu time de patrocinadores; a última vem sendo alvo de controvérsias
Giovana Oréfice
11 de novembro de 2022 - 14h00
A Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, amplamente conhecida pela sigla COP, acontece desde 1995. Sua primeira edição aconteceu na cidade de Berlim, na Alemanha, e deu início a uma série de prazos para que os países desenvolvidos se comprometessem com a redução da emissão de gases estufa. Naquele primeiro momento, países em desenvolvimento não foram incluídos.
Hoje, a conferência já está em sua 27a edição, e reúne os 196 países que assinaram o Acordo de Paris. Entre os dias 06 e 18 de novembro, líderes, ativistas e demais representantes do mundo todo encontram-se em Sharm El Sheikh, no Egito, para discutir a temática e reforçar a necessidade, e, sobretudo, a urgência, de medidas em prol do meio ambiente e que combatam os graves impactos gerados pelas mudanças climáticas.
As marcas também estao presentes no evento. Entre os patrocinadores da COP27 com as maiores cotas estão a Vodafone, Microsoft, Boston Consulting Group (BCG), Infinity Power e Bloomberg Philantropies. As africanas Afreximbank e Orascom Construction também estão no grupo de principais patrocinadores da conferência. Além disso, a Egyptair é a parceira oficial de mobilidade da COP27.
Grandes detentoras do capital, a participação das marcas na conferência é reforçada por uma meta de que os países em desenvolvimento necessitam de US$ 1 trilhão de financiamento climático externo anuais até 2030.
A IBM e a Siemens entram como parceiros. Já entre os apoiadores estão a Siemens Energy, Sodic, Coca-Cola, Cisco, Google, e outras três companhias egípcias.
A Coca-Cola, uma das maiores marcas do mundo, avaliada em US$ 263 bilhões em valor de mercado, vem causando controvérsias e tendo repercussões internacionais. Sua presença na convenção está sendo mal vista por ativistas climáticos, que avaliam que o apoio da companhia ao evento é um greenwashing. O termo em inglês faz alusão às estratégias que mascaram os seus impactos negativos sobre o meio ambiente.
Embora a empresa tenha como meta ter suas embalagens todas recicláveis em âmbito global até 2025, conforme indica seu Relatório de Negócios e Meio Ambiente, Social e Governança, parece ter havido poucos avanços para que o objetivo seja, efetivamente, cumprido.
Georgia Elliott-Smith, ativista climática e consultora de sustentabilidade, publicou uma carta endereçada a António Guterres, secretário geral das Nações Unidas, e Simon Stiell, secretário executivo da UN Climate Change, pedindo pela retirada da empresa da lista de patrocinadores da COP27. Não só isso, ela também criou uma petição online pela causa, assinada por mais de 230 mil pessoas.
“A Coca-Cola gasta milhões de dólares em greenwashing de sua marca, fazendo-nos acreditar que eles estão resolvendo o problema”, diz trecho da carta destacado pelo The New York Times. Ela aponta, ainda, que a Coca-Cola tem em seus negócios uma “longa história de lobby para atrasar e inviabilizar regulamentações que previnem a poluição, mantendo-nos viciados em plástico descartável”, conforme aponta matéria do portal norte-americano.
No ano passado, a The Coca-Cola Company foi considerada uma das maiores poluentes do mundo no que diz respeito ao descarte de plástico. A marca foi incluída em um relatório produzido pelo movimento #breakfreefromplastic, ao lado de grandes multinacionais como PepsiCo, Unilever, Nestlé, Procter & Gamble, Mondelēz International, entre outras.
A reportagem do The New York Times sobre o caso traz um depoimento em e-mail de um representante não identificado da Coca-Cola, que compartilha o objetivo da empresa em eliminar os resíduos do oceano e aprecia os esforços para aumentar a conscientização sobre esse desafio.
Entre as figuras brasileiras que estão confirmadas para a COP27 está o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Ele foi convidado pela Organização das Nações Unidas e pelo próprio presidente do Egito, Abdul Khalil El-Sisi.
Representando a iniciativa privada, algumas marcas brasileiras integram a comitiva brasileira presente no país africano. Patricia Lima, fundadora da Simple Organic, e Cris Dios, que comanda o grupo Laces, participam de uma mesa redonda sobre o mercado consciente da moda no Brasil.
Nesse sentido, a Malwee aproveitou o evento para lançar o Desafio Lab, plataforma colaborativa de inovação sustentável. O hub deverá reunir conteúdos acerca de temas relacionados à práticas ESG, como moda sustentável, consumo consciente e emissão de gases de efeito estufa. Na última terça-feira, a gerente de sustentabilidade da empresa, Taise Beduschi, apresentou os avanços do Plano ESG 2023 da Malwee.
Como o ESG chega ao consumidor?
Empresas voltadas para o agronegócio também compõem a delegação do Brasil no Egito. É o caso da agtech ConnectFarm. Na COP27, a empresa está sendo apresentada como case brasileiro relacionado à eficiência agrícola. O convite veio do Centro Sebrae de Sustentabilidade (CSS) e pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA). Entre as ações da companhia está a sugestão de um trabalho estratégico de mitigação de carbono, agricultura de baixa emissão e novas tecnologias para o aumento da produtividade e sustentabilidade.
A Suzano Celulose, que fabrica bioprodutos desenvolvidos a partir do cultivo de eucalipto, está na COP27 participando das discussões de negociações, bem como divulgando ações da companhia em prol da temática da conferência. O CEO Walter Schalka apresenta o painel “Paisagens para a vida – Demonstrando uma transformação inclusiva, justa e resiliente do uso da terra”.
Abordando o empreendedorismo, o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) participa da COP pela primeira vez em toda a sua história. A intenção é levar soluções contra os efeitos das mudanças climáticas desenvolvidas por pequenos negócios brasileiros. Além disso, o Sebrae apoia o estande do Brasil na COP27. Entre os demais apoiadores estão a Confederação Nacional da Indústria (CNI), da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).
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