Enquanto isso, na casa do Tim Cook

Ricardo Fort
26 de agosto de 2011 - 4h31

Enquanto todo mundo lamenta a saída de Steve Jobs, não consigo parar de pensar sobre o que deve estar passando na cabeça de Tim Cook, o seu sucessor.
A vida corporativa é braba. A medida que chegamos mais e mais perto do topo das empresas, a briga pelas poucas posições torna-se cada vez mais selvagem. Acompanho isso de perto há muitos anos e posso garantir que nem todo mundo se adapta e sobrevive nesse ambiente.
Chegar ao posto de CEO de uma empresa qualquer já é um feito louvável. Da apple então…
Não há como saber o que o pequeno Tim está pensando, mas se ele for um pouco esperto, essa promoção não deve mudar muito a sua vida.
Depois de um certo tempo e algumas promoções, percebi que “aquela” posição tão desejada não é tudo. Na verdade, não é nada. O caminho até chegar lá é o que realmente interessa. Chegar, ou não, é menos importante.
Tenho uma amiga que trabalhou 15 anos na mesma empresa. Foi a melhor trainee de sua turma, a melhor gerente júnior, melhor gerente sênior, gerente de grupo de produtos, diretora de marca, etc. Nesse tempo todo, ela viajou muito, morou fora do Brasil e foi muito bem paga.
Desde que nos conhecemos sempre falou que um dia assumiria uma posição X. Nesse dia sim, estaria realizada.
Em um certo momento decidiu que queria dedicar tempo para sua família. Por uma dessas coincidências da vida, “aquela” posição foi oferecida pra ela. Falaram “só você pode assumir esse cargo” (o chamado, “você é o cara” versão feminina).
Foi aí que ela percebeu que já tinha conseguido o que queria. Mesmo sem nunca ter assumido “aquele” trabalho. Ganhou o jogo sem precisar bater o último pênalti.
Será que o Tim está se sentindo assim. Espero que sim, pois a última coisa que qualquer empresa precisa é um CEO que necessita ser empossado pra saber que merece o cargo.

* Ricardo Fort é diretor global de marcas da Danone Paris