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Combinação governo e youtubers não cai bem

Após receber dinheiro do ministério da Educação para defender reforma do Ensino Médio, criadores do canal Você Sabia? falam sobre o tema


20 de fevereiro de 2017 - 6h48

 

ensino medio

O canal Você Sabia? tem mais de sete milhões de inscritos

Após uma matéria da Folha de S.Paulo ter revelado, na última sexta-feira,17, que um vídeo do canal Você Sabia?, no YouTube, foi patrocinado por um valor estimado de R$ 65 mil pelo governo de Michel Temer para defender a reforma do Ensino Médio, os autores do canal Lukas Marques e Daniel Molo, ambos parceiros da Digital Stars, se pronunciaram. O vídeo foi publicado em outubro do ano passado.

“O vídeo sobre a reforma do Ensino Médio, publicado no canal Você Sabia?, de nossa autoria, foi parte de uma ação de divulgação do ministério da Educação que buscava estimular o debate entre os jovens sobre o tema. Nós aceitamos participar dessa campanha com a condição de que pudéssemos expressar livremente nossa opinião sobre o tema, sem a necessidade de seguir nenhuma diretriz de conteúdo ou agenda política”, diz a nota.

Os autores ressaltam que a autonomia foi acordada entre eles e agência de publicidade contratante. “Podemos afirmar com segurança e tranquilidade que não tivemos nenhuma interferência no conteúdo. Essa liberdade autoral foi, além de premissa da negociação, parte do nosso contrato”, escreveram. A repercussão levantou a discussão sobre o uso de verba pública para promover temas de interesse do governo em plataformas digitais. O vídeo publicado possuía duas indicações que era conteúdo pago.

Outro youtuber agenciado pela Digital Stars também é citado pela matéria da Folha. Pyong Lee publicou um vídeo sobre o tema. Os youtubers Malena, Teddy, Rafael Moreira e Rato Borrachudo também participaram da ação. No total, o Ministério da Educação (MEC) teria investido R$ 295 mil na ação com os youtubers.

Procurada por Meio & Mensagem, a Digital Stars não comentou o assunto. À Folha, Luiz Felipe Barros, CEO da empresa, afirmou que uma das condições é dar liberdade aos influenciadores. “Sem a necessidade de seguir qualquer roteiro ou diretriz política”, disse Barros. A Digital Stars agencia alguns dos maiores youtubers do Brasil como Kéfera, Christian Figueiredo e Felipe Castanhari.

A polêmica levantou a discussão sobre a relação de influenciadores com o governo e o nível de transparência que ela demanda. O caso ocorre uma semana após o maiyor youtuber do mundo, o sueco Felix Kjellberg, do canal PewDiePie, ter sido banido por empresas como Disney por publicar vídeos considerados antissemitas. Ao comentar esse caso em especial, Thais Mara, gerente de influência da Mutato, ressaltou a importância da transparência e dos cuidados na contratação de youtubers.

Em um artigo publicado no Medium, amarrando os dois assuntos, Bia Granja e Dani Costa, ambas do YouPix, ressaltaram que “os acontecimentos ferem todo o mercado de criadores de conteúdo, já constantemente atacado e diminuído por seu caráter ‘pouco profissional’, por sua molecagem inerente. Existe muito preconceito, existe muita visão simplista, rasa e reducionista sobre o trabalho dos criadores de conteúdo digital”. Elas observam, no entanto, que existe a necessidade de todo o ecossistema se dedicar. “Quanto mais o mercado investir em se desenvolver, mais ele se fortalece e, consequentemente, todos ganham — marcas, agências, agentes, produtoras, creators, intermediários, plataformas”.

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