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Três sinais de que a era Steve Jobs acabou

Seu sucessor Tim Cook está comandando uma companhia diferente, diferentemente


18 de abril de 2013 - 3h25

Por Simon Dumenco, do Advertising Age (*)

Em dezembro, publiquei uma coluna intitulada “A grande marca mais danificada do ano é…", com a resposta sendo a Apple. Explorei alguns dos problemas da gigante da tecnologia em 2012, incluindo a catástrofe do Apple Maps e o escândalo crescente das condições brutais nas fábricas subcontratadas pela Apple na China.

À época, notei que as ações da Apple eram negociadas em torno de US$ 540 por ação, em queda após alta de 52 semanas em US$ 705. No momento em que escrevo este artigo, o valor é de US$ 435.

Deveríamos culpar o sucessor de Steve Jobs, Tim Cook? Digo que não, de forma alguma. Como argumentei em dezembro, uma correção em nossa atitude coletiva em relação aos altos voos da Apple certamente levaria um tempo para chegar, e a realidade é que muito do mau karma que a Apple vem tendo é pagamento de algo construído durante o reinado de Steve Jobs.

A questão com Tim Cook é que, enquanto ele é um líder decisivo, está longe de ser a figura carismática, messiânica que Jobs era – “ninguém” é – então, por contraste, ele é quase um retrocesso. É uma tarefa ingrata suceder alguém com a fama global de Jobs.

Mas agora, Cook teve tempo suficiente no comando para fazer sua a empresa. Quase um ano e meio após a morte de Steve Jobs, há sinais de que a Era Jobs na Apple está, finalmente, definitivamente, no fim. A saber:

– Começando hoje, parece que é oficial que estamos permitidos a fazer graça da memória de Steve Jobs. O Funny or Die exibiu sua cinebiografia de uma hora de duração “iSteve”, estrelada por ninguém menos que Justin Long, “O Cara do Mac” dos comerciais “Get a Mac”, interpretando Steve Jobs. O trailer do filme, divulgado no AdAge.com sugere que “iSteve” será tudo que você esperaria que ele fosse – brega, clichê, de tirar o fôlego, exagerado, quente – e obviamente satiriza o próprio gênero cinebiografia. E também faz graça com o legado de Jobs. Em certo momento, num off nós ouvimos Long, como Jobs, berrar uma ordem: “Chame de iPod: minúscula no ‘i’, maiúscula no ‘P’, minúscula no ‘o’, minúscula no ‘d’. Escreva aí”. É uma exploração sutil na teoria autoral associada ao legado de Jobs – como se ele fosse o único cara que realmente importasse em uma companhia que emprega mais de 78 mil pessoas pelo mundo.

– Há poucas semanas, a Apple contratou o diretor de tecnologia da Adobe, Kevin Lynch, como vice-presidente de tecnologia. No fim da vida, Jobs estava notoriamente em guerra com a Adobe, por conta da tecnologia Flash, que ele desprezava. Na Adobe, Lynch era um dos defensores mais fervorosos do Flash; ele chegou a coestrelar um vídeo de 2009 da banda WRY, criado para uma conferência de desenvolvimento de produtos da Adobe, na qual ele e um colega eram mostrados fazendo coisas como destruir um iPhone no liquidificador e amassar outro com um rolo compressor. Lynch é obviamente uma escolha provocativa, dado esse pequeno histórico, mas sua contratação realmente diz respeito ao fato de ele ser o cara que defendeu a computação em nuvem – incluindo o serviço por assinatura Nuvem Criativa – na Adobe. Tim Cook assinando a contratação de Kevin Lynch sugere uma nova ênfase em software como produto e menos dependência da produção ponta-a-ponta de equipamentos físicos.

– Semana passada, Brian White, analista da Topeka Capital, divulgou uma nota de análise dizendo que, com base em um encontro que teve com uma empresa fornecedora da Apple, ele acredita que o próximo iPhone virá com dois ou três diferentes tamanhos de tela. Se for verdade, isso poderia representar a partida de outro ponto-de-vista teimoso de Steve Jobs, em relação a oferecer opções aos consumidores.

Depois do lançamento do iPad, Jobs ridicularizou os concorrentes por fabricarem tablets de 7 polegadas, declarando que eles ofereciam uma experiência dramaticamente comprometida ao usuário comparados ao iPad, de 10 polegadas. Após sua morte, é claro, a Apple introduziu no mercado um tablet na categoria de 7 polegadas – o iPad mini, com 7,9 polegadas, que muitos usuários consideram agora o melhor iPad (ele realmente faz o iPad maior se sentir ridiculamente uma placa pesada).

Sou usuário de iPhone desde o início, mas me sinto cada vez mais com inveja de todo tamanho extra de tela que muitos dos meus amigos e colegas têm para brincar quando eles sacam telefones Android da Samsung e outros concorrentes da Apple. Acredito que Tim Cook seja esperto o suficiente para saber que apenas alongando verticalmente a tela do iPhone – como foi feito com o iPhone 5 – não foi uma medida “pela metade” suficiente.

O mercado de smartphones está se metamorfoseando no mercado de mini-tablets, o que é uma realidade desconfortável para a Apple, mas que ela absolutamente tem que encarar.

Por um tempo considerável, a Apple atuou brilhantemente como “a companhia de um tamanho só de Steve”. Se um produto servia para Steve Jobs, era bom o suficiente; era esperado que milhões e milhões se enfileirassem de forma confiável atrás do grande homem e obedientemente validassem suas extremamente limitadas escolhas estéticas.

Mas com smartphones e tablets destinados a se tornar categorias comoditizadas, a Apple não tem outra opção que não oferecer… opção.

Diga o que quiser sobre Tim Cook, mas ele não está comandando uma “companhia de um tamanho só de Tim” – e isso é realmente uma boa notícia para o futuro da Apple.

Sobre o autor: Simon Dumenco é colunista do Advertising Age. Você pode segui-lo no Twitter @simondumenco.

(*) Tradução: Roseani Rocha

 

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