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Um incentivo diferente para compartilhar

Busca do Facebook dá motivo aos usuários para serem mais autênticos


23 de janeiro de 2013 - 8h24

Adam Cahill, do Advertising Age*

Um dos turn-offs das mídias sociais em geral – o Facebook em particular – é que o compartilhamento se tornou bem egoísta. E eu acho que muitos de nós, ao descer a barra de rolagem pelo feed, vemos fotos e lemos ironias espertas que pouco se assemelham à vida que realmente levamos.

Porque, é claro, o feed não mostra a vida como de fato é vivida. Apresenta uma versão da vida que imaginamos que os outros irão ver de maneira favorável. Uma vida em que nós, da geração X, fazemos arte com nossas crianças nas tardes de sábado, e em que a geração Y aparentemente só come aperitivos esculpidos em formato de museu.

No contexto que veio para dominar o Facebook, compartilhar não é mais uma palavra que sugere fazer algo para outra pessoa. Quando eu compartilho, estou pensando no que você vai pensar de mim. E é por isso que estou bastante otimista sobre como o Graph Search pode mudar o Facebook (e, por extensão, todos os espaços sociais) para a melhor, criando uma nova lógica na qual os compartilhamentos dizem respeito a você.

Se eu estiver interpretando corretamente o teaser do Facebook sobre o Graph Search, então você terá a possibilidade de procurar algo como “livros que meus amigos leram no ano passado”. Agora, se você é um amigo meu e fez essa busca hoje (presumindo que o Graph Search estivesse funcionando pra valer) você não veria nada sobre mim, embora eu ficasse feliz em lhe fazer uma recomendação.

Procurando por um ótimo romance? Tente "Capital", de John Lanchester. Meio que me lembrou de "A Fogueira das Vaidades", pois captura a essência de uma cidade (Londres, no lugar de Nova York) numa certa época colocando personagens em uma história coerente e fascinante.

Talvez você seja um colega de trabalho e quer alguma inspiração? Bom, então você deveria ler "The Art of the Pitch", de Peter Coughter. Vai mudar a maneira como você faz o seu melhor, se fizer o que o homem diz. O que eu quero dizer é que, mesmo eu amando esses livros, não compartilharia isso no Facebook porque estou me censurando.

A primeira coisa que eu penso é: o que as pessoas pensariam se eu postasse isso? Que sou pretensioso? Um esnobe? O tipo de pessoa que deseja a versão filtrada e curada da minha vida para dizer “este cara leu bastante”? É tudo muito exaustivo, pensar em mim do jeito que gostaria que vocês vissem, então eu simplesmente não compartilho.

Mas com o Graph Search eu vejo uma nova lógica para o compartilhamento. Uma que é muito mais autêntica. Muito mais humana. Uma que realmente se trata de você. Se eu achasse que meus amigos estariam propensos a recorrer ao Graph Search como um jeito de conseguir recomendações de livros, eu tomaria um pouco do meu tempo para curtir os livros que recomendaria. Poderia até escrever uma pequena sinopse e crítica.

Mas não me sentiria convencido por causa disso, porque minha motivação seria a de poder ajudar, não me autopromover. Se todos nós começássemos a compartilhar (pelo menos um pouco) com a intenção de ajudar nossos amigos a encontrar uma resposta para o que eles estão procurando, isso tornaria o ambiente do Facebook mais humano do que é hoje.

Seria um lugar no qual eu passaria mais tempo e contribuiria mais. O que para o Facebook significa o melhor tipo de desenvolvimento de um produto: um que é comercialmente atrativo e também ajuda as pessoas a sair do lugar comum.

*Adam Cahill é o vice-presidente de estratégia da Hill Holiday. Antes de trabalhar lá, passou oito anos na Carat, em Boston.

Tradução: Isabella Lessa

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