As diretrizes secretas do Facebook
The Guardian revela regras internas da plataforma social para bloquear conteúdos
The Guardian revela regras internas da plataforma social para bloquear conteúdos
Meio & Mensagem
22 de maio de 2017 - 12h26
*Atualizado às 13:50
O Facebook possui uma diretriz pública sobre o que é permitido e proibido aparecer nas postagens, vídeos e fotos. Porém, o The Guardian conseguiu acesso às novas regras da plataforma, divulgadas só internamente para os funcionários da empresa que trabalham com a filtragem de postagens denunciadas.
O jornal inglês conseguiu mais de cem manuais de treinamento interno, que dá a possibilidade de entender como a empresa gerencia conteúdos com temas como violência, discurso de ódio, terrorismo, pornografia, racismo e automutilação. Também existem regras para manipulação de jogos e canibalismo.
O “Facebook Files”, como está sendo chamado pelo Guardian, dá uma visão de códigos e regras formulados pelo site, que está sob grande pressão especialmente nos Estados Unidos e na Europa. Segundo o jornal, esses documentos ilustram os novos desafios enfrentados pela empresa, como o “revenge porn” (publicação de fotos íntimas com o propósito de vingança passional), e a dificuldade dos moderadores, que estão sobrecarregados de trabalho e só têm, em média, dez segundos para tomar uma decisão.
Dentre as novas regras estão:
• Comentários como “alguém mate o Trump” devem ser deletados, já que o chefe de estado está em uma categoria protegida. Mas é permitido postar: “para quebrar o pescoço de uma mulher, faça pressão no meio da sua garganta”, porque não é uma ameaça direta.
• Vídeos com mortes violentas, por mais que sejam marcados como “perturbadores”, não serão sempre deletados porque eles podem ajudar a criar consciência de problemas como doenças mentais.
• Algumas fotos de abusos físicos com crianças, que não possuam conotação sexual, assim como bullying, não precisam ser deletadas ou “acionados”, a menos que possuam um elemento sádico.
• Fotos de abusos com animais podem ser compartilhadas, com imagens mais extremas sendo marcadas como “perturbadoras”.
• Toda arte “feita à mão” que mostre nudez ou atividades sexuais é permitida, mas aquelas feitas digitalmente não.
• Vídeos de aborto são permitidos, contanto que não mostrem nudez.
• O Facebook irá permitir transmissões ao vivo de automutilização porque “não quer punir ou censurar pessoas em sofrimento”.
• Qualquer pessoa com mais de 100 mil seguidores na plataforma é considerada uma figura pública – o que os priva das mesmas proteções dadas aos indivíduos privados.
Procurado por Meio & Mensagem, o Facebook Brasil enviou o seguinte comunicado, assinado por Monika Bickert, diretora global de Políticas de Conteúdo do Facebook:
“Manter as pessoas seguras no Facebook é a nossa maior prioridade. Nós trabalhamos muito para fazer do Facebook o mais seguro possível e, ao mesmo tempo, permitir a liberdade de expressão. Isso exige uma reflexão detalhada sobre temas geralmente complexos, algo que levamos muito a sério. Recentemente, Mark Zuckerberg anunciou que vamos contratar 3 mil pessoas para trabalhar no nosso time de operações em todo o mundo, além das 4.500 que temos hoje, para revisar milhões de denúncias que recebemos todas as semanas, e para melhorar e acelerar o processo de revisão de conteúdos que possam ferir nossas políticas. Além de investir no aumento de pessoal, estamos construindo melhores ferramentas para manter nossa comunidade segura. Vamos simplificar os mecanismos de denúncias, agilizar o processo para nossos revisores determinarem quais posts violam nossos padrões e facilitar para que eles possam entrar em contato com as autoridades quando alguém precisar de ajuda”
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