Na Copa do Mundo não há espaço para falhas, diz diretora da Globo
Responsável pela área de eventos esportivos do grupo, Joana Thimoteo fala sobre as estratégias de transmissão na TV aberta, SporTV e no streaming
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Bárbara Sacchitiello
17 de agosto de 2022 - 6h00
Em 1970, a Globo transmitiu, pela primeira vez, uma Copa do Mundo aos brasileiros. Desde então, a principal competição mundial de futebol entrou no calendário da emissora que, a cada quatro anos, tem a missão de mostrar à torcida brasileira a luta da seleção pela taça.
Desta vez, em 2022, essa missão ainda ganha um caráter especial pelo fato de a Globo ser a única emissora de TV detentora dos direitos de transmissão do Mundial do Catar na televisão aberta e também nos canais pagos. Será na TV Globo e no SporTV – e também no Globoplay, sua plataforma de streaming – que o grupo transmitirá os jogos e mobilizará sua grade em torno do evento.
Com seis patrocinadores na TV Aberta – Ambev, BRF, Claro, Itaú, Magalu e Pixbet – e outros três na TV paga – Betfair, Nubank e Samsung – a Copa é um dos principais produtos comerciais para a Globo e, por isso, mobiliza uma grande equipe e um rigoroso planejamento.
Joana Thimoteo, diretora de eventos na Globo, é a responsável por fazer com que a transmissão do Catar chegue aos brasileiros a partir de 20 de novembro. A executiva, que já vem planejando e vivenciando a Copa de 2022 há algum tempo, fala sobre a importância do evento para a população brasileira e o papel do torneio em não apenas entreter como também espelhar a realidade brasileira. “A Globo não pode falhar nesse papel”, reflete.
“De forma geral, esses grandes eventos esportivos são os momentos que fazem com que o País pare para contemplar e, no caso do futebol, que tem o brasileiro como um consumidor voraz, talvez seja o momento, a cada quatro anos, em que as pessoas mais se conectam. E é papel da Globo fazer com que essa conexão aconteça, inclusive até mesmo com quem não tem muito ligado no assunto e nem consome muito esse tipo de conteúdo. Do ponto de vista estratégico, a Copa é o momento de falar com o Brasil todo.”
“A Copa do Mundo vai acontecer após uma eleição que tende a ser muito polarizada e, com isso, ela tem ainda mais o papel de reconectar as pessoas que eventualmente ficaram afastadas por divergências políticas e desejos diferentes. Acreditamos que a Copa do Mundo tem o poder de colaborar para unir novamente o País. Até por isso nosso slogan é “Estamos juntos pela Copa”. Essa assinatura de todo o grupo já diz muito, inclusive sobre a relação dos brasileiros com a Copa do Mundo na Globo. Há 52 anos as pessoas assistem a Copa pela Globo e isso faz com que a gente se coloque em um papel de não poder falhar. Quando a gente pensa na seleção brasileira, embora a gente torça muito, sabemos que nem sempre ela terá sucesso. Mas a gente nunca pode falhar em nossa missão de mostrar o que é a Copa, de emocionar, conectar, informar e colocar os temas que achamos importante na agenda da sociedade. A Copa acaba sendo o momento de mostrar o retrato do Brasil, de quem somos. E tem o fato de dezembro ser um mês mágico, um período de união, de baixar a guarda e de estarmos imbuídos de empatia.”
“Tivemos os Jogos Olímpicos de Tóquio em 2021 que, embora tenha sido perfeito, do ponto de vista dos atletas, não tinha torcedores. Agora, será o primeiro grande evento a trazer os encontros ao vivo. Além disso, há o fato de o Catar ser um país diferente, com uma cultura muito diferente da nossa – e isso, sem qualquer juízo de valor, mas reconhecendo que há uma grande diferença. Isso acaba fazendo com que as pessoas fiquem mais curiosas e a adesão seja maior.”
“O período de pandemia nos trouxe grandes aprendizados do ponto de vista da tecnologia, o que é fundamental para a entrega de um grande evento. Hoje já é possível fazer grandes coisas operando do Brasil por meio da internet. Antes, tínhamos que estar presentes no evento com todo os equipamentos para garantir que a transmissão fosse intacta. Hoje, já aprendemos a fazer coisas de maneira remota e o modelo híbrido acaba sendo ideal para priorizamos o que é fundamental estar lá e o que pode ser feito daqui [do Brasil]. Para o Catar, levaremos uma equipe de 80 pessoas, enquanto outras 450 trabalharão do Brasil. Dividimos a transmissão entre o Catar e nosso estúdios aqui. Em vez de construir um grande estúdio no país-sede, conseguiremos colocar nossa equipe na transmissão com recursos tecnológicos e interativos inseridos do Brasil, como grafismos e outras tecnologias. Muito do que aprendemos em Tóquio será aprimorado no Catar.”
“Na Globo (TV Aberta) transmitiremos todos os jogos, com exceção de alguns da última rodada da primeira fase, que são simultâneos. O primeiro jogo começa as 7h e o último termina as 18. Entre os jogos, teremos nossa programação de notícias locais e nacionais. À noite, seguimos com a programação normal do horário nobre, com as novelas, e, após essa faixa, teremos a Central da Copa que será um pouco diferente das edições anteriores. Queremos que as pessoas se vejam nas telas e a Central fará isso, de uma forma divertida. Teremos o [Marcelo] Adnet nesse projeto, além de ex-jogadores que participarão. Entendemos que é preciso que as atrações reflitam quem está assistindo e o esporte vem representando o Brasil de forma intensa. Tanto na TV Globo quanto no SporTV teremos mulher narrando e, pela primeira vez in loco, teremos uma comentarista (a jornalista Ana Thais Matos).”
“O SporTV tem um público muito dedicado a esse tipo de conteúdo, que quer que a transmissão seja humanizada e se conecte com ele. Teremos o pré e pós-jogo, sempre para mostrar em detalhes tudo o que está acontecendo no Catar. Quando terminarem os jogos dos dias, entrará no o Troca de Passes especial, seguido pelo Seleção SporTV da Copa, com nosso elenco e convidados. Depois, emendamos o Tá na Copa, com o Magno Navarro, mostrando as curiosidades e tudo o que aconteceu no dia, de forma engraçada. Com essa grade na TV aberta e no SporTV estruturada, pensamos no que poderíamos fazer de diferente no digital. Convidamos o Tiago Leifert, que está trilhando um caminho entre a narração e os comentários, para participar da transmissão no Globoplay. Ele irá narrar um jogo por dia, que não será da seleção brasileira, em uma transmissão alternativa. E no Globoplay, para quem é assinante do plano com canais Globo, oferecemos uma ferramenta multiângulo, com 8 câmeras a mais para verem lances que não viram na transmissão.”
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