Influência política: o papel dos criadores nas Eleições
Influenciadores se tornaram porta-vozes de causas, enquanto marcas ainda evitam a proximidade com a política
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Taís Farias
23 de agosto de 2022 - 6h00
Na semana passada, teve início oficialmente a campanha dos candidatos que disputam as Eleições 2022. No entanto, o processo vem gerando conversas há mais tempo. Nesse sentido, a combinação entre influenciadores e política têm sido parte desse movimento. No início do mês, um grupo de 30 influenciadores digitais de todo o País visitou o Tribunal Superior Eleitoral.
Em meio às polêmicas envolvendo o uso de urnas eletrônicas, os criadores puderam conhecer a sala de totalização, local em que são somados os votos do eleitorado. A visita foi uma iniciativa da Secretaria de Comunicação e Multimídia do Tribunal, em parceria com o projeto de educação midiática Redes Cordiais no âmbito do Programa Permanente de Enfrentamento à Desinformação.
Em paralelo, o TSE concluiu que está vedada a contratação de influenciadores para a veiculação de qualquer tipo de propaganda eleitoral paga na internet. A decisão está apoiada no artigo 57-C da Lei nº 9.504/1997, a Lei das Eleições.
As duas notícias ajudam a ilustrar o protagonismo que os criadores têm assumido na discussão sobre as eleições. Ainda que pareça um fenômeno novo, Julio Beltrão, head artístico da Mynd, destaca que, há muito tempo, pessoas públicas exercem seu posicionamento em momentos políticos. Durante as Diretas Já, movimento que tinha como objetivo a retomada das eleições presidenciais diretas, figuras como cantores e jogadores de futebol foram expoentes importantes na mobilização popular.
Em um exemplo mais recente, durante as eleições presidenciais dos Estados Unidos, em 2020, a cantora Lady Gaga fez campanha por Joe Biden e pediu votos para o democrata em suas redes sociais.
No Brasil, no entanto, esse tipo de posicionamento tem gerado riscos para os negócios dos influenciadores. Em junho, a cantora Luísa Sonza denunciou nas redes que artistas e influenciadores que apoiam publicamente o ex-presidente Lula vem sofrendo boicote de algumas marcas, que não contratam ou tentam vetar suas manifestações.
“As marcas continuam tendo essa posição de blacklash”, aponta Julio. Em tradução livre, blacklash seria o equivalente a retaliação. Ele explica que, para criadores que têm a publicidade como sua única fonte de renda, esse tipo de comportamento por parte das marcas pode ser perigoso.
Para acompanhar seus criadores no período, a Brunch desenvolveu uma pesquisa sobre a relação dos jovens com o período eleitoral. Segundo a análise, enquanto cresce a rejeição pelas formas tradicionais de fazer política, esse público está mais interessado em influenciadores que defendam causas.
Além disso, a agência também trabalhou conteúdos junto ao TSE e prepara uma campanha sobre a importância do voto. Catia Andressa da Silva, supervisora de comunicação da Brunch, destaca que os criadores precisam lembrar que seu core é maior que as eleições e construir seu conteúdo como um território de confiança para os usuários. “Ser aquela voz que é lúcida e pautada pelo cuidado”, aponta a profissional, que destaca: “Viver é político, mas não eleitoral”.
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