Como a indústria está reagindo à promoção de David Droga
Para uns, a nomeação de Droga a CEO da Accenture Interactive soa estranha; para outros, é um bom sinal para toda a indústria
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Por Judann Pollack, com colaboração de E.J. Schultz, Brian Bonilla, Bradley Johnson, Ann-Christine Diaz, do Advertising Age
Com sua ascensão a CEO da Accenture Interactive, David Droga comandará o quarto maior grupo de comunicação do mundo, atrás somente de WPP, Omincom e Publicis Groupe.
Isso significa que Droga está deixando de operar uma agência com receita estimada em US$ 200 milhões – antes de ser adquirida pela Accenture dois anos atrás – para cuidar de uma gigante global com receita de US$ 10 bilhões.
“Ele está passando de chefe de uma agência de médio porte para o comando de uma empresa com receita bilionária. Este é um grande salto, mesmo para um cara esperto como David Droga”, disse um consultor de agências.
Reações da indústria
“Intrigante”, “curioso” e “surpreendente” foram alguns dos adjetivos utilizados por pessoas da indústria para descrever a notícia.
“A nomeação de Dave Droga mostra que a Accenture está tentando mostrar ao mundo exterior, à equipe interna e às aquisições em potencial que ela ‘saca’ a criatividade”, comenta Simon Francis, CEO da Flock Associates. “Mas Droga, por mais maravilhoso que seja, é uma pessoa só. Estou interessado no que motivou ele a aceitar a função, com certeza é um desafio muito diferente para ele, em um ambiente e cultura bastante diferentes.”
“Estou surpreso. Não o via como um cara de grande empresa. Quando você é fundador e tem o nome na porta, há uma certa permissão e poder que você pode não conseguir traduzir em uma empresa maior”, diz Sarah Hoftetter, ex-CEO da 360i e presidente de e-commerce analytics da Profitero.
A Accenture não disponibilizou Droga, que começa no novo cargo em setembro, para entrevistas.
As habilidades criativas de Droga são inquestionáveis, mas comandar uma operação com a Accenture Interactive requer uma combinação de habilidades diferente, afirma um consultor. “Liderar uma consultoria é diferente de comandar insights e inspirações criativas. A indústria é repleta de pessoas fabulosas em craft que são promovidas a cargos para os quais não têm todas as habilidades necessárias. Então você se torna um CEO. Você sabe conduzir um P&L?”
Ainda assim, aqueles que trabalharam com o australiano dizem que seu carisma e dinamismo abundantes vão longe quando se trata de competir com holdings e atrair clientes. “Você prefere trabalhar com Mark Read ou Arthur Sadoun? A maior parte dessas companhias são comandadas por banqueiros e caras de terno sem uma pessoa criativa no front”, comenta um ex-executivo que trabalhou com Droga.
Existe um grande desafio em pegar uma gigante global do tamanho da Accenture Interactive, com sua miríade de unidades, e posicioná-las de forma coesa, diz Avi Dan, que está à frente da Avidan Strategies. “Não subestimaria Droga”, comenta.
“As pessoas perguntaram se a Accenture mudaria a Droga5. Eu disse que nós os mudaríamos”, declarou Droga um tempo atrás.
E Whipple?
Droga está substituindo Brian Whipple, ex-executivo da Rapp e da Hill Holliday, que está deixando a companhia depois de dez anos à frente da Accenture Interactive.
“Gostaria de agradecer e reconhecer Brian Whipple por seu papel fundamental na construção do sólido negócio da Accenture Interactive, impulsionando seu rápido crescimento e por liderar um modelo de negócio disruptivo que continuará redefinindo a indústria”, disse Julie Sweet, CEO da Accenture, no comunicado que anunciou a nomeação de Droga.
Muito do poder de fogo criativo da Accenture Interactive parece ter vindo da Droga5, eleita Agência do Ano de 2021 pelo Ad Age, o que vem gerando uma torrente firme de conquistas e trabalhos para clientes como Kimberly-Clark, State Farm e Petco. Mais de 30 agências fazem parte do ecossistema da Interactive, como Fjord, Shackleton e Rothco.
Novo caminho para consultorias
“É positivo ver um criativo assumir o comando de uma consultoria. David trará uma perspectiva totalmente diferente e, com sua experiência global, ele também será o melhor candidato para se conectar com as empresas compradas pela Accenture Interactive em outros mercados. Esse movimento sinaliza a ambição da Accenture de se tornar uma consultoria criativa de fato, onde inovação e ideias têm lugar na mesa tanto quanto eficácia e eficiência.”
Mas percorrer esse caminho não será fácil, alerta ele. “A Deloitte teve algumas dificuldades e a PwC e a KPMG têm somente alguns poços de excelência nesse espaço. Elas têm muito chão pela frente.”
“Não tenho certeza de que a nomeação de David Droga a CEO da Accenture Interactive signifique uma mudança sísmica na indústria. Da mesma forma que qualquer agência cria um departamento de consultoria ou papel consultor e isso não representa uma ameaça direta à Accenture ou ao Boston Consulting Group, esse movimento não significa uma ameaça maior às agências”, avalia Flock.
Planos para a Droga5
A Droga5ainda não anunciou quem ocupará o posto de chairman criativo. E é improvável que o faça, acreditam alguns. De acordo com o próprio Droga, a força da agência vem dele e dos talentos que ele colocou lá. Depois das partidas de executivos de longa data, como Neil Heymann, ex-CCO global, e Jonny Bauer, ex-CSO global, a operação não preencheu esses postos e recorreu a lideranças da casa, como Tim Gordon e Felix Ritcher, CCOs de Nova York, o CCO Dave Kolbusz e o chief brand strategy officer Harry Román-Torres, ambos de Londres, para continuar comandando o show.
“Uma das tarefas desde o começo, mesmo quando éramos uma empresa pequena era que a primeira missão – seja lá qual fosse o papel de liderança – seria liderar o departamento para que ele se tornasse excelente. Mas a segunda missão era construir um time para que as pessoas abaixo de você possam assumir por você. Eu digo às minhas lideranças criativas, e digo isso há muito tempo – se vocês não estão planejando me superar, então vocês não são os criativos que pensei que fossem.”
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