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Comunicação

Mercado lembra importância de Petrônio Corrêa

Publicitário faleceu no domingo, aos 84 anos, após sofrer uma parada cardíaca, em São Paulo


2 de dezembro de 2013 - 7h00

Amigos e colegas de profissão lembraram nesta segunda-feira 2 a importância de Petrônio Corrêa para a publicidade brasileira. Ele faleceu no domingo 1º, aos 84 anos, após sofrer uma parada cardíaca, em São Paulo.

“Além dos cargos que exerceu como dirigente e líder da indústria da comunicação, Petrônio acumulou outras importantes funções de ouvidor-mor, interlocutor-mor e conciliador-mor do mercado publicitário. Costumo dizer que a história da publicidade brasileira se confunde com a dele. Não seria exagero afirmar que Petrônio Corrêa era, ele próprio, uma entidade, cujo legado é imenso e sua ausência inestimável. Tive o privilégio de trabalhar com Petrônio nos primeiros anos do Conar, depois na MPM Propaganda e, mais tarde, na fundação do Cenp”, destacou Gilberto C.Leifert, presidente do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), órgão de Corrêa ajudou a fundar e do qual foi o primeiro presidente, entre julho de 1980 e julho de 1988. Antes disso, foi, junto com os publicitários Luiz Fernando Furquim e Dionísio Poli, um dos principais articuladores da recém-criada autorregulamentação publicitário junto às autoridades do governo federal.

Outra homenagem veio do redator Ricardo Chester, atualmente na equipe da Africa, e um dos muitos profissionais que passou pela MPM, a agência fundada em Porto Alegre, em 1957, por Corrêa, Luiz Macedo e Antonio Mafuz, que, após ganhar fôlego no Sul, transferiu sua sede para São Paulo em 1965 e, uma década depois, tornou-se a maior agência do País, liderando o ranking brasileiro por 15 anos. Chester postou a seguinte mensagem em sua página no Facebbok: “Hoje é um dia estranho. Morreu o Coronel, o Petronião, o Petrônio Pai, o P da MPM, a empresa que durante muito tempo foi sinônimo de agência boa e grande no Brasil. A MPM ficava na Rua General Jardim 633, a sede paulista da agência que também funcionava forte em Porto Alegre – onde nasceu – e no Rio de Janeiro, além de mais dez (isso mesmo, dez) filiais pelo Brasil. A MPM do Petronião foi a segunda agência em que trabalhei. A outra havia sido uma agência bancária. Era caixa. Eu tinha um medo danado do Petronião. Porque toda segunda-feira eu tinha que entregar na mesa de cada funcionário de SP um famigerado jornalzinho interno com novidades da agência. Jornal que eu mesmo escrevia, montava e imprimia. Virava e mexia eu tinha que subir até o nono andar para falar com aquele senhor, que me recebia com pressa, com cara sempre fechada e com cachimbo. Ele sempre tinha um cachimbo. Eu tinha uns 19 anos e um boletim impresso para cuidar. Petronião tinha a agência numero um do Brasil, mais de 200 clientes e 2 mil funcionários para cuidar. E nós dois sabíamos disso. Mesmo assim, ele sempre recebia aquele fedelho gorducho e bochechudo – no caso eu – com educação e com respeito. E com cachimbo. Petronião era o estereótipo do chefão, do dono, do cara que conduzia a encrenca. Imagine a bucha de liderar uma agência com 3 sedes e mais de 10 filiais. Só o Festival de Criação da MPM reunia mais de 250 redatores e diretores-de-arte. Dia estranho o de hoje. Foi-se o homem que fez a empresa que me deu uma profissão”.

Gláucio Binder, presidente da Federação Nacional das Agências de Propaganda (Fenapro), também lamentou a perda. “A participação do Petrônio para a consolidação do Conar, para o estabelecimento das Normas-Padrão e a fundação do Cenp foram contribuições fundamentais para que o mercado tenha atingido o nível de qualidade com que é reconhecido no mundo inteiro. A Fenapro, os Sinapros e as agências do Brasil devem muito ao nosso eterno Coronel”, afirmou Binder, citando o apelido pelo qual Corrêa gostava de ser chamado.

“Antes de Petrônio, a propaganda era um emaranhado de corretores de anúncios, que trabalhavam sem uma regra ética. A atuação dele, ao lado de outros publicitários como Caio Domingues, Castelo Branco e Julio Cosi, entre outros, transformou a atividade, assegurando sua profissionalização e regulamentação, até o ponto atual, em que é uma das mais respeitadas do mundo”, frisou o vice-presidente executivo da Fenapro, Humberto Mendes, contemporâneo de Corrêa.

“A morte de Petrônio Corrêa deixa uma grande lacuna no mercado, aquela que só pode ser ocupada pelos homens de grande expressão e líderes que fazem história. Ele deixa um legado que ajudou a transformar a trajetória da publicidade, e sem sua participação talvez o mercado não tivesse alcançado o nível de profissionalização que possui hoje”, afirmou Geraldo de Brito, presidente do Sinapro-SP.

Leia também:
Blog da Regina – Petrônio Corrêa: uma trajetória vitoriosa

 

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