O sexo dos anjos

Meio & Mensagem
8 de maio de 2014 - 4h54

Muitos séculos antes de Freud ter nascido, uma cortesã disse, no romance O Egípcio de Mika Waltari, que “o maior valor erótico que pode existir numa relação é a inocência”. Talvez seja por isso que a cerveja Devassa trocou Paris Hilton por Sandy.

Não me espanta que a publicidade e o marketing pessoal das atrizes esteja, já há algum tempo, usando esse recurso/estratégia/artifício. Isso me ocorre quando vejo na web que algumas das atrizes mais angelicais que conhecemos estão passeando ou indo a eventos sem calcinha. Por qual razão? Não sei. Suponho que à espera de um paparazzi, a exemplo do que aconteceu com essas 10 famosas, não tão santinhas.

Quem não se lembra da clássica cena de Sharon Stone cruzando as pernas sem calcinha em Instinto Selvagem? Que depois até inspirou o comercial para o whisky William Lawson’s – Kilt. Só que ao contrário. Lá na Escócia, os homens é que andam de saia. E sem cuecas.

Mas voltando ao assunto, na era das piriguetes, só exibir as coxas e bunda já era. Pagar calcinha também. Vítima do acaso, de uma rajada de vento, como Marilyn? Nem pensar, isso é pré-histórico.

Tem que mostrar tudo discretamente, como se fosse por acidente. Tímidas, angelicais, vítimas das candid cameras dos paparazzi, coitadinhas.
Aí, seja em capa de revistas masculinas ou em filmes, o cachê e o prestígio vão aumentar, claro. E os papéis apimentados também. Chega de fazer a heroína pura e ingênua que só faz caras e bocas. Tem que ser ousada, deixar entrever os grandes lábios. Quiçá os pequenos também.

Medo de perder o marido ou namorado? Calma, meu anjo. Fique fria. Finja indignação e processe o fotógrafo. E se o juiz perguntar por que ir a um evento de minissaia e sem calcinha, diga que você sofre de uma doença chamada calor na bacurinha.

(*) Julio Xavier é sócio e diretor da BossaNovaFilms.