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Covid-19: universidades recorrem ao ensino a distância

Com o novo coronavírus, instituições apostam em aulas online e ao vivo para não prejudicarem a aprendizagem dos alunos


25 de março de 2020 - 16h56

EAD é alternativa para instituições de ensino (Crédito: Irina Strelnikova/istock)

Com o intuito de amenizar os prejuízos causados pela pandemia do novo coronavírus, na última quarta-feira, 18, o Ministério da Educação (MEC) autorizou as instituições de ensino superior públicas e privadas de todo o Brasil a substituírem as disciplinas presenciais por aulas a distância. Além disso, o texto ainda afirma que as instituições também podem alterar o calendário de férias, desde que se cumpram os dias letivos e horas-aula previamente estabelecidos. Esta autorização é válida por 30 dias, mas tem chance de ser prorrogada. Com isso, diversas universidades já estão se adequando a esta nova medida.

A Universidade Anhembi Morumbi, mantida pela Laureate Brasil, é um exemplo. Desde a segunda-feira passada, 16, os professores da instituição estão ministrando aulas ao vivo, por meio remoto, utilizando o recurso Collaborate Ultra, da plataforma Blackboard. Atualmente, os estudantes presenciais já utilizam a plataforma para entregas de trabalho. “A nossa preocupação imediata foi atender à comunidade acadêmica e seguir as recomendações de isolamento social para evitar a disseminação do vírus”, comenta a Professora Sara Pedrini Martins, vice-presidente acadêmica da Laureate Brasil.

Da mesma forma, a Cruzeiro do Sul Educacional as suspendeu as aulas presenciais de suas instituições de ensino superior desde a última semana, e as substituiu por aulas em meios digitais, ministradas no mesmo horário, com o mesmo professor e mesmo conteúdo da aula presencial. Para isso, está utilizando a plataforma Collaborate. “Entendemos que a formação dos futuros profissionais que assumirão o País no curto e longo prazo não pode parar ou ser prejudicada nesse momento. Caso isso acontecesse, seria um cenário extremamente negativo para o Brasil”, afirma o Professor Renato Padovese, diretor acadêmico da Cruzeiro do Sul Educacional.

No dia 12 deste mês, a ESPM anunciou a suspensão de suas aulas presenciais, prometendo que nesta segunda-feira, 23, as aulas voltariam, o que de fato aconteceu. Segundo Dalton Pastore, presidente da ESPM, durante esses dez dias, a instituição investiu em equipamentos, sistemas, treinamento de professores e secretaria para que as aulas retornassem de forma online e ao vivo. “Eu não sei se o isolamento social é a melhor forma de combater o Covid-19, mas considerando que este foi o caminho escolhido no mundo todo, o EAD, se bem realizado, é a única saída para evitar que os jovens percam tempo”, ponderouPastore.

Outra instituição que havia suspendido as aulas presenciais desde 13 de março é a Universidade Presbiteriana Mackenzie. Segundo comunicado da instituição, da última segunda-feira, 23, até 18 de abril alunos terão um plano de estudos semanal, disponibilizado na plataforma de estudos online Moodle, com tarefas a serem desenvolvidas a distância com o acompanhamento dos professores. De acordo com Marco Tullio Vasconcellos, reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, “a educação, ainda que a distância, amplia as possibilidades para que as atividades de ensino e pesquisa de desenvolvam, e sim, permite que atividades presenciais possam ser combinadas com atividades on-line por meio de diferentes plataformas, ampliando eventuais ganhos na relação professor-aluno”.

Os alunos da Universidade São Judas também continuarão a ter aulas normalmente através de recursos online, mantendo o calendário acadêmico. A tecnologia já estava presente no dia a dia da instituição, como com a biblioteca virtual, o Ulife e o Google Classroom. Entretanto, de acordo com Marcelo Henrik, reitor da Universidade São Judas neste momento a instituição está estruturando os conteúdos para que grande parte das aulas possam ser acessadas por meio de um smartphone conectado à internet. “Com o panorama atual, estimulado pelo necessário isolamento social, o qual todos nós estamos vivendo, esta foi uma oportunidade de mudarmos o cenário de aprendizagem de nossos estudantes, colocando uso de 100% dos recursos digitais para esta finalidade de continuidade dos estudos”, afirma o reitor.

Adaptação 

Para o reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, toda transição requer adaptação, não somente dos alunos, mas de professores e gestores. “Como em qualquer ajuntamento de pessoas, uns se adaptam melhor que outros, mas como o ambiente universitário é por natureza um ambiente de cooperação e aprendizado coletivo cremos que eventuais limitações serão superadas”, completa.

Segundo o diretor acadêmico da Cruzeiro do Sul Educacional, seus alunos de graduação presencial já têm 20% da carga horária total do curso na modalidade a distância, o que faz com que tenham familiaridade com a plataforma EAD. Desde 2018, a Universidade São Judas vem trabalhando com um modelo híbrido de ensino, por meio do seu Ecossistema Ânima de aprendizagem. “Neste momento em que estudantes e profissionais da educação se encontram em lugares e tempos distintos, buscamos oferecer a melhor experiência acadêmica para os nossos estudantes e professores de acordo com os princípios de nosso modelo acadêmico híbrido”, aponta o reitor, Marcelo Henrik.

De acordo com a vice-presidente acadêmica da Laureate Brasil, a modalidade a distância já é uma realidade e faz parte do portfólio de cursos ofertados pelas instituições da companhia, porém as aulas EAD funcionam de maneira diferente ao formato da aula remota ministrada nesse momento de pandemia do novo coronavírus. “Graças à adoção de recursos digitais para a realização das aulas no modelo remoto, nossa comunidade acadêmica e os colaboradores prosseguem normalmente as aulas, seguindo as recomendações de isolamento social para evitar a disseminação do vírus”, reforça. Já a ESPM, no ano passado montou uma operação de mudança para o sistema Canvas e a ferramenta Zoom, e, ao longo dos últimos dez dias, fez uma maratona para acelerar este processo.

Futuro do ensino

Mesmo antes da pandemia da Covid-19, o ensino híbrido tem sido algo muito utilizado pelas universidades privadas, porém, o que será dele após essa situação passar? Para a Professora Sara Pedrini, da Laureate Brasil, “este momento será uma oportunidade para as pessoas perceberem que a educação digital é a nossa aliada”.

Marco Tullio, do Mackenzie concorda que fatalidades inesperadas como estas reforçam a ideia de que não há outro caminho a seguir. “O ensino híbrido parece ser a tendência mais clara e acertada. Vivemos em grandes regiões metropolitanas que exigem deslocamentos exaustivos inclusive de estudantes. As plataformas disponíveis estão cada vez melhores, permitindo salas de aula virtuais, que propiciam ampla participação e interação dos participantes”, completa.

“A medida em que docentes e universitários se apropriam mais destas tecnologias e passam a compartilhar o aprendizado e as boas práticas, temos certeza de que as salas de aula físicas e digitais não serão as mesmas ao fim deste período”, comenta o reitor da Universidade São Judas. Da mesma forma, o Professor Renato Padovese, da Cruzeiro do Sul Educacional, acredita que a rejeição e o eventual preconceito aos cursos a distância tendem a diminuir muito após a pandemia.

**Crédito da imagem no topo: Golubovy/istock

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