Inimigo público número 1
A corrida antiaçúcar nos EUA tem até campanhas recentes comparando os comerciantes de alimentos às companhias de tabaco
A corrida antiaçúcar nos EUA tem até campanhas recentes comparando os comerciantes de alimentos às companhias de tabaco
Meio & Mensagem
14 de abril de 2013 - 2h57
Maureen Morrison, do Advertisign Age
Ele já foi o vilão antes, mas uma nova fornada de iniciativas e estudos está reposicionando o açúcar de seu status anterior, uma substância que pode danificar os dentes e potencializar doenças que ameaçam a vida. Em alguns casos, ele tem sido citado até mesmo como uma toxina que envenena o país inteiro.
A medida mais recente e conhecida em torno do tema açúcar é o banimento de refrigerantes e outras bebidas doces aprovado na cidade de Nova York, que barra a venda desses itens em tamanhos grandes (a proibição, no entanto, foi derrubada pela justiça esta semana). Mas medidas mais amplas estão à espreita nos bastidores e poderiam também afetar o consumo de açúcar. Novas diretrizes federais devem aparecer em 2015 e observadores da indústria esperam uma revisão das estimativas de consumo para o açúcar.
E se os ativistas antiaçúcar têm seus métodos, isso também poderia terminar no radar da Food and Drug Administration (FDA). No final deste ano, devem ser propostas revisões na lista da FDA ao Ato de Informações Nutricionais e Educação. Potenciais revisões de rótulos nutricionais, porções e valores diários de consumo poderiam afetar não apenas as embalagens, mas estimular reformulações dos alimentos dentro delas e a necessidade de comunicar essas mudanças no marketing.
Enquanto o FDA recomendou as porções diárias para sódio e gordura, não há ainda tal medida para açúcar. O Centro de Ciência para o Interesse Público (CCIP) mês passado fez uma petição requisitando à agência para abordar esse assunto, estabelecendo níveis seguros para adição de açúcar, particularmente em bebidas. A American Heart Association aconselha que mulheres consumam não mais que seis colheres de chá de açúcar por dia e homens, não mais que nove. O CCIP afirmou que uma garrafa média de 600 ml de refrigerante contém perto de 16 colheres de chá de açúcar. Ainda não está claro se o FDA abordará a petição.
Adicione a tudo isso o barulho na mídia causado pelo mais recente livro publicado pelo repórter Michael Moss, do New York Times – “Sal açúcar gordura: como as gigantes de alimentos nos viciaram” – que argumenta que as grandes empresas de alimentos incorporaram sal, gordura e açúcar em seus produtos intencionalmente, porque eles têm propriedades viciantes. Em um excerto de 9.000 palavras na Revista do New York Times, Moss destacou ex-executivos de companhias de alimentos e cientistas dando suas mãos para contribuir com a epidemia de obesidade. A capa destacou as seguintes aspas de Robert I-San Lin, ex-cientista-chefe da Frito-Lay: “Eu sinto muito pelo público”.
O artigo inclui um ex-executivo da Kraft estabelecendo conexões entre práticas da indústria alimentícia e aquelas usadas pelas companhias de tabaco – uma analogia que ninguém na indústria de alimentos quer ouvir.
Refrigerantes e snacks podem ser os maiores pecadores no que diz respeito a açúcar, mas o fato é que de uma forma ou de outra – seja de cana ou xarope de milho com alta frutose – o açúcar está em quase todo alimento processado que os americanos consomem. E se a cruzada do açúcar ganhar espaço entre a massa consumidora ou o FDA solicitar mudanças nos rótulos, as empresas não terão outra opção que não reformular – e mexer com as receitas poderia levar a sérias consequências se os sabores mudarem significativamente.
“Essas empresas estão certamente olhando para o cenário completo”, disse Lee Sanders, vice-presidente sênior para assuntos públicos e governamentais da American Bakers Association, cujos membros incluem anunciantes como a Pepperidge Farm. “Os consumidores gostam dos produtos que estão nas gôndolas, então, será um obstáculo (se os requerimentos mudarem) e é preciso se certificar de que seremos sensíveis aos consumidores… Potencialmente, haveria um monte de novas mensagens e conceitos direcionados a eles”, afirmou.
A indústria de alimentos em 2011 demonstrou algumas preocupações relativas à rotulagem em uma iniciativa autorregulatória envolvendo os rótulos das embalagens. Sanders afirmou que algumas empresas estão adiando mudanças nos rótulos até que o FDA defina as revisões nas regras porque “reembalagem” é um empreendimento caro.
A despeito dos grupos de vigilância e nutricionistas de gabinete postando suas teorias no Facebook, a verdade é que há relativamente pouca pesquisa e dados estabelecendo linhas diretas entre o açúcar e a obesidade e diabetes – e quando conexões são feitas, o relacionamento é complexo. Mas observadores da indústria esperam para os próximos anos mais estudos explorando essas conexões.
Michael Jacobson, diretor executivo do CCIP, afirmou que apesar do fato de que estudos podem ser “repletos de limitações” e podem nunca provar causa e efeito, “a indústria de alimentos deveria perceber que há uma quantia enorme de evidências de que consumir muito açúcar, particularmente de bebidas, representa um problema de saúde real, e eles deveriam investir mais dinheiro em encorajar as pessoas a consumidores produtos com baixos índices de açúcar”.
Tradução: Roseani Rocha
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