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Luiza Helena Trajano: “Teremos de nos reinventar muito”

Presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza analisa o cenário socioeconômico do País sob a pandemia de coronavírus


30 de março de 2020 - 15h27

Luiza conta que há negociações entre governo e o IDV por medidas “rápidas e assertivas” (Crédito: Divulgação)

Muitos dos grandes varejistas do Brasil estão com os nervos à flor da pele com a crise do coronavírus. Isso porque parecem oscilar entre aceitar as regras da Organização Mundial da Saúde (OMS), instituição segundo a qual somente o isolamento social levado a sério pode quebrar o ciclo de propagação do coronavírus, ou começar a demitir funcionários, como consequência do fechamento das lojas físicas e interrupção de suas atividades por um tempo prolongado.

Segundo o Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV), seus associados respondem pela contratação de 70% da força de trabalho do setor. Luiza Helena Trajano, presidente do Conselho de Administração do Magalu, pede “calma, calma, calma”, tanto a seus pares, quanto principalmente aos micro e pequenos empreendedores, estes sim ameaçados de quebrar, porque, em geral, não têm reservas. Em entrevista ao Meio & Mensagem, Luiza Helena também faz questão de exaltar o trabalho dos profissionais de saúde e de imprensa na crise, os primeiros por colocar sua própria vida em risco no atendimento à população e os jornalistas, por ajudar, por meio da disseminação de informação correta, a engajar as pessoas no combate à pandemia.

Planos frustrados
“O planejamento de 2020 não vai existir”, afirma Luiza Helena Trajano, líder do Magazine Luiza, ao comentar o cenário que o País vive por conta da crise de Covid-19. Para ela, os governos terão de injetar muito dinheiro na economia, para que os empresários consigam minimizar o desemprego, que já não era baixo no País. “Vamos torcer para essa quarentena ser no menor espaço de tempo possível. Ela é muito necessária. Tem gente que acha que é, tem gente que acha que não é. Mas é difícil você achar… a saúde está em primeiro lugar”, afirma a empresária.

Por outro lado, ela exalta as negociações que o IDV mantém com o governo para tomar medidas “rápidas e assertivas” no sentido de não sair do vírus, mas entrar “no vírus da miséria” e, quando a pandemia passar, haja um desespero total. “Mas estou sentindo que os governos do mundo inteiro estão atuando e o nosso está entendendo que isso é necessário”, acrescenta Luiza Helena.

Analisando o seu lado do balcão, Luiza defende que é preciso ter calma e respirar — e que os empresários não saiam mandando todo mundo embora. A executiva acredita que haverá muitas iniciativas do governo, como prorrogação de títulos e de impostos. Já para quem estava pensando em montar um negócio, a empresária acredita que a quarentena deve ser um tempo utilizado para pensar bem a respeito do que o empreendedor quer e que, mesmo os pequenos empreendedores, devem levar em conta o que este momento ensina: “Até o digital vai ter que aprender a fazer melhor depois disso”.

A própria dimensão do mercado brasileiro é avaliada como um alento ou argumento para que um mínimo de calma seja mantida. “Temos um mercado muito bom dentro do Brasil, um mercado consumidor muito grande”, pondera Luiza Helena Trajano. Ela também faz questão de cumprimentar todos os profissionais de saúde e imprensa.  Estes, porque estão sabendo divulgar as questões relativas à pandemia e ajudando o Brasil a entrar mais rapidamente no combate. Também exalta o Sistema Único de Saúde (SUS): “Graças ao pessoal de saúde que a gente fica muito feliz de colocar o SUS no lugar que ele merece. Há mais de três anos que eu falo que nós temos o maior sistema de saúde do mundo, em lugares acima de 100 milhões de pessoas. Os especialistas de saúde estão dando a sua vida, tendo de sair de casa, e a imprensa, que tem trabalhado muito bem. Então, quero cumprimentar de coração essas pessoas e pedir muita calma aos outros, porque juntos vamos ser mais fortes”, diz.

Até antes do coronavírus, o cenário do País para a empresária era de uma estabilização melhor da economia — ainda com desemprego e dificuldade, mas saindo do fundo do poço — e, agora, entramos em algo sem saber o que nos espera depois. Ela acredita que o certo é que as relações serão diferentes a partir desta crise, assim como a forma de ganhar dinheiro também não será a mesma. “Acredito num amadurecimento emocional e filosófico, mas a gente vai ter que se reinventar muito ainda”, defende Luiza Helena Trajano.

 

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