Amir Somoggi
13 de agosto de 2012 - 4h29
Com o fim dos Jogos Olímpicos de Londres e mais um fiasco do Brasil no quadro de medalhas, a mídia e a população de uma forma geral começam a levantar inúmeras discussões dos motivos desse fracasso e as perspectivas do País para 2016. A pergunta é sempre a mesma: como um País do tamanho do Brasil e com esse PIB pode ter um desempenho tão fraco nos Jogos Olímpicos? Nesse espaço em outubro de 2011 publiquei um texto sobre o tema antecipando isso, que pode ser lido aqui.
A certeza que tinha do que aconteceria em poucos meses é fruto do meu entendimento do quê significa ser um País Olímpico. Para o Governo Federal, que despeja bilhões de reais a cada ciclo olímpico, um País Olímpico é estar entre primeiros do ranking de medalhas em Jogos Olímpicos. Para o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), que recebe esses bilhões, o princípio é o mesmo. Entretanto, ser uma Nação Olímpica não é isso. As medalhas conquistadas em Jogos Olímpicos são uma consequência direta de um trabalho estratégico para transformar um país por meio da prática esportiva.
O foco do investimento não deve ser a busca incessante de medalhas a cada quatro anos, mas sim o investimento ao longo de décadas na prática esportiva amadora da população. Isso significa integrar o esporte a nossa sociedade. O Brasil conta com um contingente muito baixo de praticantes regulares de esporte, grande parte destes concentrados nas classes A e B.
Os bilhões de reais em recursos públicos deveriam ser destinados em ampliar ao longo dos anos o número de praticantes de esporte entre os jovens. Esse investimento contínuo em diferentes modalidades traria para o país todos os benefícios comprovados de se investir no esporte de formação. Além disso, esse investimento deveria contemplar um sistema de identificação de talentos em escolas, clubes e centros esportivos amadores.
Assim, conseguiríamos criar no País uma cultura de prática esportiva e identificação de talentos, as bases para transformar um País sedentário em uma Nação Olímpica.
Entretanto, o que já pude perceber pelo que já foi publicado na imprensa é que tanto o Governo Federal quanto o COB vão intensificar a buscar por medalhas para 2016. Isso será utilizado para justificar os bilhões de reais gastos. O foco serão as modalidades individuais que podem trazer medalhas em 2016.
Infelizmente, os donos dos recursos e do poder continuarão alocando os recursos em projetos que não vão alterar em nada nosso País em termos esportivos. Quando chegar ao fim os Jogos de 2016, teremos alguns atletas medalhistas, inúmeros equipamentos esportivos pagos pelo contribuinte sem função social/esportiva alguma e diversos questionamentos do que teremos que mudar para os Jogos de 2020, 2024, 2028.
Amir Somoggi é consultor de marketing e gestão esportiva
Compartilhe
Veja também
-
Natal e panetones: como as marcas buscam diferenciação?
Em meio a um mercado amplo, marcas como Cacau Show, Bauducco e Dengo investem no equilíbrio entre tradição e inovação, criação de novos momentos de consumo, conexão com novas gerações, entre outros
-
Cimed amplia collab com Fini e lança gel dental e enxaguante bucal
Já foram vendidas 7 milhões de unidades dos produtos para o varejo farmacêutico e projeção é chegar a 100 milhões em 2025, com faturamento de R$ 1 bilhão
-
-
-