Bloqueio de contas é alerta sobre conteúdo original
Hugo Gloss e outros influenciadores seguem fora do Instagram; caso também reforça a discussão sobre a dependência dos criadores em relação às plataformas
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Luiz Gustavo Pacete
15 de maio de 2018 - 7h00
Desde a última sexta-feira, 11, as contas no Instagram de influenciadores como Hugo Gloss, Tia Crey, Nana Rude, e outros, estão bloqueadas. De acordo com a equipe de Gloss, o motivo do bloqueio foi a reivindicação de direitos autorais por parte da TV Globo sobre um vídeo em que Ana Clara, ex-BBB, aparece cantando em um karaokê. E da queixa da assessoria do cantor J Balvin sobre uma imagem que ele postou com Beyoncé durante o festival de música Coachella.
Ao Meio & Mensagem, o Instagram afirmou que não compartilha informações sobre conta de terceiros. O fato levanta a discussão sobre dois pontos desafiadores para influenciadores: a dependência de plataformas e a produção de conteúdo original. O tema de dependência também é discutido sob a perspectiva do YouTube. No ano passado, quando a empresa mudou as regras de remuneração por questões de brand safety, muitos produtores de conteúdo se disseram diretamente prejudicados.
Danilo Strano, diretor de planejamento da agência de marketing de influência Tubelab, lembra que, diferentemente das emissoras de TV ou rádio, que possuem concessões e regras rígidas de produção de conteúdo original, nas redes sociais não há essa exigência. Logo, é necessário analisar caso a caso. “ O mercado está tentando encontrar alguma forma de autorregulação, partindo dos produtores oficiais protegendo seus conteúdos. E qualquer um que não tiver somente conteúdo original pode ter problemas”, diz Strano. Ainda de acordo com ele, em termos comerciais, é necessário analisar se influenciadores são personalidades ou veículos.
Adrianne Elias, CEO e fundadora da CoCreators, afirma que o teor do bloqueio é delicado quando o assunto é produção de conteúdo. No entanto, ela ressalta que a situação ilustra a importância de um influenciador completo, ou seja, aquele que possui outros canais com seu público e que construiu uma base não superficial. “Isso é resultado de trabalho. Trabalho sério que muitos produtores de conteúdo original e criativo vêm desenvolvendo para que, junto com outros integrantes desse ecossistema – tais como agências e outros players – permitam o amadurecimento e crescimento profissional do nosso segmento”, afirma Adrianne.
Marcello Droopy, diretor de criação e interatividade da Talent Marcel, observa que trata-se de um desafio inerente a qualquer produtor de conteúdo. “O ambiente digital, no fundo, é como o ambiente real: você não pode sair pegando qualquer conteúdo que está lá, assim como não pode pegar um carro que está estacionado na rua. E, apesar dos influenciadores terem se profissionalizado muito – caso do próprio Hugo Gloss – muitas vezes encontram essa dificuldade. O ideal é o influenciador encontrar o seu próprio modelo de produção de conteúdo, verdadeiro e com a sua cara”, afirma.
Mais que um influenciador, seja uma vertical de conteúdo. Essa é a recomendação de Vanessa Oliveira, diretora de projetos da Viu, para que os produtores de conteúdo se protejam. “É importante que o talento mostre quem ele é, a vertical de conteúdo em que atua e o tipo de linguagem, independentemente de plataforma. Do mesmo modo que hoje dizemos que o GNT não é um canal de TV, mas uma marca, o influenciador também. Ele é uma marca, e não um Youtuber, Facebooker ou Muser. Se limitar a uma plataforma é pensar pequeno em suas possibilidades de conteúdo e em seu posicionamento de mercado”, afirma.
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