Instagram e YouTube serão destino dos tiktokers?
Eventual banimento do TikTok dos EUA começa a movimentar criadores de conteúdo em busca de alternativas
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Sergio Damasceno Silva
20 de março de 2023 - 6h03
Com informações do AdAge
O eventual banimento do TitkTok dos Estados Unidos tem novo capítulo. O governo de Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, em continuidade à política de Donald Trump, também quer banir o TikTok do país. As alternativas são duas, propostas pelos americanos: ou a ByteDance, chinesa proprietária do TikTok vende participação no app ou será banida mesmo dos EUA. O problema com os chineses se arrasta desde a gestão Trump e tem a ver com a medição de forças que envolve os dois governos nos últimos anos.
Mas não são só os EUA que temem o TikTok: na semana passada, por questões de segurança, o governo do Reino Unido decidiu banir o uso de TikTok em telefones do governo. Depois, foi a vez de a Nova Zelândia comunicar a decisão, também adotada por Bélgica, Canadá, Estados Unidos e Índia. A medida foi tomada, segundo os países, para reforçar a segurança cibernética de ministros e funcionários públicos. Eles alegam que a ByteDance estaria repassando dados de usuários para o governo chinês, o que é negado pela empresa. Antes, também já havia indícios desse banimento em outros lugares.
Nessa briga de gigantes, no meio estão os criadores de conteúdo, que já começam a pensar em alternativas ou até mesmo em migração (ou volta) para plataformas como Instagram e YouTube para compensar qualquer perda potencial de fluxos de receita gerados pelo TikTok caso a rede chinesa saia do país. Os criadores que concentraram seus esforços exclusivamente no TikTok, bem como pequenas empresas que contam com a plataforma para a maior parte de seus esforços de marketing, têm mais a perder, afirma a professora de marketing social e de influência da UCLA, Lia Haberman.
Ademais, segue a professora: “Mas os criadores profissionais ficarão bem”, afirma Lia. “Os criadores do TikTok com quem conversei passaram um ou dois anos migrando seu público para outras plataformas. Não porque a plataforma corria o risco de ser banida, mas porque eles lutavam para monetizar sua presença no aplicativo.” Os criadores que ainda não fizeram isso estão começando a reavaliar onde está seu público e se devem começar a migrá-lo para outra plataforma.
O banimento do TitkTok dos Estados Unidos movimenta os creators. “Meu pensamento inicial é: ‘Devo começar a direcionar mais as pessoas para o meu Instagram, com medo de que o TikTok não esteja mais lá?’”, afirma Eric Goldie, corretor de imóveis que também é criador de conteúdo. “Muitas marcas agora quase exigem que você tenha um TikTok, porque querem que qualquer conteúdo de vídeo que você esteja produzindo no Instagram também viva no TikTok. Se os EUA se livrarem da plataforma, isso é uma grande quantia de dinheiro do meu bolso como criador.”
Jack Dolan, conhecido como Nameless James nas mídias sociais, tem mais de 250 mil seguidores no Instagram. Portanto, diz: “Esse será meu foco principal para o formato curto. Caso contrário, estou comprometido em aumentar meu canal no YouTube. O YouTube está mais forte do que nunca, especialmente com o quanto eles estão promovendo o Shorts.” Mas, garante, não está realmente preocupado com isso. Pelo menos não neste momento.
Cyrus Veyssi, estrategista da M Booth que também é criador de conteúdo, concorda: “Tudo isso é apenas um lembrete de que a mídia social pode ser muito imprevisível e nós, como criadores de conteúdo, precisamos ter certeza de que estamos pensando em nossas marcas de forma holística.”
Desse modo, o ultimato do governo Biden ocorre apesar da ofensiva do TikTok nos últimos meses. No início deste ano, o aplicativo disse que imporia limite de tempo automático de 60 minutos para usuários menores de 18 anos, que poderia ser contornado com código parental. Também está tentando tornar o aplicativo um balcão único para criadores com o lançamento do Series, que permitirá que os criadores publiquem conteúdo com acesso pago, o que significa que eles podem depender menos de patrocínios de marcas e monetizar diretamente por meio de seus fãs.
“Os criadores são proprietários de negócios experientes, não vão deixar sua fama ou fortuna desaparecer com uma disputa de dados entre EUA e China”, acredita Cynthia Ruff, CEO e cofundadora da Hashtag Pay Me, que é plataforma que calcula taxas básicas para criadores. “O bom dos orçamentos de marketing é que esses dólares não evaporam apenas de seus gastos com marketing. Assim, as marcas provavelmente investirão em campanhas de criadores em outras plataformas com esses dólares.”
Contudo, a despeito do eventual banimento do TitkTok dos EUA, os profissionais de marketing apontam que as marcas ainda não interromperam suas campanhas no TikTok. “Não vimos nenhum de nossos clientes interromper ou retardar as campanhas do TikTok”, assegura Evan Horowitz, CEO da agência Movers+Shakers. “Há um sentimento de que ‘já vimos isso antes’ e nos sentimos confiantes de que isso será resolvido de uma forma ou de outra.”
Nesse sentido, em vídeo recente sobre o eventual banimento do app nos EUA, o criador V Spehar, conhecido como @Under the Desk News, falou francamente sobre a proibição. “Uma proibição vai demorar, uma venda forçada vai demorar. Enquanto isso, acho que provavelmente é uma boa notícia que o CEO da TikTok esteja aqui para tentar negociar na próxima semana. Entramos em pânico? Nós não. Nós vamos ficar bem. Siga seus criadores favoritos onde quer que estejam.”
Em outro vídeo, a musicista Sarah Maddack Bell fez um jingle sobre a possível proibição. “Vou continuar criando com ou sem isso”, canta. “Eu amo o TikTok de todo o coração, mas qualquer plataforma funciona desde que você trabalhe duro.”
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