Gustavo Diament deixa comando da Turner Brasil
Executivo era gerente geral da empresa no País e supervisionava a operação nacional da programadora
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Sergio Damasceno Silva
13 de março de 2017 - 13h22
Atualizado às 15:29 horas
A poucos dias de completar um ano no comando da Turner Brasil, como gerente geral, Gustavo Diament desligou-se da empresa nesta segunda-feira, 13. Em entrevista ao Meio & Mensagem, Diament afirma que estava em conversas com o presidente América Latina, Joel Whiten Richardson, que assumiu cargo em fevereiro deste ano, no lugar de Juan Carlos Urdaneta, com o qual questionava se fazia sentido ou não sua continuidade à frente da operação brasileira. Diament diz que a decisão foi mútua e que a equipe brasileira e latino-americana foram comunicadas na manhã desta segunda. Até o momento desta publicação, a Turner ainda não havia se manifestado oficialmente. Outras movimentações de executivos, não decorrentes da saída de Diament, devem acontecer na programadora. Por enquanto, Diament não tem planos profissionais e deve ocupar-se de assuntos pessoais.
Em comunicado oficial, Richardson divulgou a nota: “Gostaria de informar que Gustavo Diament deixará o cargo de GM da Turner Brasil e sairá de empresa, com efeito imediato. Eu e ele tivemos discussões sobre seu papel na Turner e ficou claro para nós dois que ele está pronto para novas oportunidades fora da empresa. Gustavo trouxe uma nova perspectiva para nossas operações locais, identificando áreas-chave para o aperfeiçoamento de negócios que continuaremos a estudar para maximizar nossa presença no Brasil. Por favor, junte-se a mim para desejar a Gustavo o melhor em seus futuros desafios.”
Executivo estava a poucos dias de completar um ano à frente da Turner Brasil – crédito: Arthur Nobre
Entre os motivos listados por Diament para sua saída está o modelo de negócios – do setor e da própria Turner -, a queda contínua de assinantes da TV por assinatura (mais de 500 mil usuários saíram da base no ano passado e, antes mesmo do primeiro trimestre deste ano ser concluído, já se registram mais 200 mil assinantes que se desconectaram), o preço dos pacotes (a TV paga brasileira está entre as 15 mais caras do mundo, afirma Diament) e a eventual resistência dos executivos (o ex-gerente geral da Turner não cita nomes) a mudanças em relação a conteúdo.
“Vim para a empresa para fazer transformações, necessárias na indústria, e tem algumas perguntas que eu fazia quando cheguei e continuei a fazer. Por exemplo, quantas vezes você comprou um pacote vários canais e não acha justo porque não assiste todos? Se tem canal com audiência e esse canal desaparecer amanhã, o consumidor ficará desesperado ou vai encontrar o conteúdo em outro lugar? Existe algum aplicativo de TV everywhere que você usa? Cuja interface é amigável, interessante e com conteúdo relevante?”, questiona. E responde: “Porque a maioria dos players tem um app mais ou menos com esse conteúdo que não é importante muito mais por uma cláusula contratual. E isso mostra como a indústria está sendo desafiada. Porque tirando a Globo e a Globosat, que estão fazendo alguma coisa, o que você vê de relevante nesse mercado? Não tem”, afirma.
Para o executivo, o modelo da TV por assinatura que funcionou nos últimos dez anos, não é mais suficiente para estancar a queda de assinantes e a concorrência com serviços como YouTube (“que já tem mais usuários que a TV por assinatura – e continua crescendo”) e Netflix (“o Voldemort (de Harry Potter) para a ABTA”). Diament diz que, no setor, o cliente mais importante, na sequência, primeiro são as distribuidoras – Sky, Net, Oi, Vivo, Claro. Depois, o segundo cliente são as agências de publicidade. E, apenas em terceiro lugar, o consumidor final. “Tem que ter foco no consumidor. Tem que entender o que ele quer hoje – mas isso não vale nada se você não entender isso todos os dias com estruturas mais ágeis – leves, eficientes, desenvolver produtos, colocar na mão do consumidor, interagir com ele e continuar a desenvolver”.
Gustavo foi por três anos diretor-geral do Spotify na América Latina, responsável por estruturar a plataforma de streaming de música no Brasil. O executivo também teve passagens por Claro, Nextel, Diageo e AOL e Unilever.
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