O modelo dos portais se esgotou?
A decisão do Terra de focar em curadoria e conteúdo levanta algumas questões sobre o enfraquecimento de sites com formatos tradicionais
A decisão do Terra de focar em curadoria e conteúdo levanta algumas questões sobre o enfraquecimento de sites com formatos tradicionais
Luiz Gustavo Pacete
7 de agosto de 2015 - 8h15
Em sua definição a palavra portal remete à entrada principal, aquilo que dá acesso a um outro ambiente. Com a chegada da internet, os portais eram relevantes e necessários. Ainda em 2009, na era pré-Facebook, dados da comScore mostravam quem liderava a internet no Brasil. Em primeiro lugar vinha o Google, seguido por Microsoft, UOL, Yahoo, Terra e Globo. Naquele período, a principal audiência vinha de casa e do trabalho.
A rápida alteração no perfil do usuário e na oferta de plataformas transformou o cenário. Em 2012, o Facebook liderava o ranking dos maiores acessos com 54,99% de preferência, de acordo com dados da Experian Hitwise, ferramenta de inteligência digital da Serasa Experian. Em segundo lugar estava o YouTube. Atualmente, a predominância de acesso está nas redes.
A notícia de que o Terra demitiu 80% de sua redação para focar em curadoria e conteúdo, nesta quinta-feira 6, traz alguns questionamentos sobre o êxito dos modelos de portais no Brasil. Ana Brambilla, doutoranda em comunicação digital pela Universidade Austral, de Buenos Aires, destaca alguns motivos que contribuíram para que os portais perdessem força. O primeiro é o distanciamento dos critérios de noticiabilidade com os interesses do público que afastaram a audiência. “Além disso, o modelo generalista voltado a um público que não sabia explorar o que a web oferecia não funciona mais. Internet não é meio de massa, ela é nicho, segmentação e personificação de conteúdo”, ainda de acordo com a especialista, os portais genéricos possuem dificuldade de traçar o perfil de sua audiência.
Ainda que, enquanto formato, existam questionamentos sobre a eficiência de um portal, um dado recente divulgado pelo Digital News Report, da Reuters, indica que a relação da audiência é muito mais com a marca e o conteúdo do que com a plataforma. O estudo mostra que o Brasil é o País onde mais se consome notícia via redes sociais. Do montante de usuários da rede, 70% se informam via redes sociais, aproximadamente 47% das notícias são compartilhadas via redes sociais e 44% delas são comentadas nesses ambientes. Na conclusão do relatório, o brasileiro é o que mais consome notícia online, cerca de 72% dos usuários da internet. A principal fonte de notícia no Brasil já é a internet, usada por 44% dos usuários.
O estudo também identificou o hábito desses consumidores e constatou que 23% estão dispostos a pagar por noticia online, 23% usam o smartphone como principal forma de se informar, 6% utilizam o tablet e 59% compartilham notícias via redes sociais. A plataforma com maior número de usuários é o Facebook, utilizado por 70% dos usuários, seguida pelo YouTube, com 34%, WhatsApp, 34% e há um empate entre Google+ e Twitter usados por 15% dos usuários. Os sites mais acessados são G1, UOL e R7.
Veja como mudou o interesse dos usuários de notícias entre 2005 e 2015:
Os portais de notícias mais acessados:
* A Globo esclarece que o portal da Globo News fica dentro do G1, logo, não existe o GloboNews online, diferentemente do que aponta o relatório do Digital News Report
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