O que esperar do novo formato do Instagram (e como se adaptar a ele)
M&M conversou com especialistas de marketing e um diretor de cena sobre o IGTV, novo hub de vídeos verticais que deve competir com o YouTube e o próprio Facebook
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Karina Balan Julio
26 de junho de 2018 - 13h01
Os lançamentos de grandes plataformas e redes sociais são quase diários, mas, na semana passada, o Instagram lançou um produto com potencial para chacoalhar todo o mercado de vídeo online: o IGTV. O novo hub de conteúdo permite a criação de vídeos verticais com até uma hora de duração. Embora ainda não possua um modelo de remuneração definido, a ferramenta abre novas possibilidades de criação de conteúdo para produtoras, veículos, influenciadores e marcas.
A novidade fortalece o Instagram na disputa pela atenção dos usuários e aumenta sua importância na estratégia do Facebook, empresa-mãe da plataforma. De acordo com uma estimativa da americana Wells Fargo, o Instagram, no último trimestre de 2017, contribuiu com 29% do crescimento do Facebook. Ainda, segundo a consultoria eMarketer, a projeção é de que o Instagram ganhe maior participação anualmente nas receitas da empresa, e gere US$ 22 bilhões para o Facebook em 2020.
O vídeo, durante muitos anos, não estava exatamente no centro da estratégia do Instagram, mas a chegada dos Stories em 2016, e agora o lançamento do IGTV, colocam a plataforma como potencial competidora para o YouTube e para o próprio Facebook.”Estávamos limitando o nosso produto, e o IGTV é uma nova extensão do que já temos”, disse o fundador brasileiro do Instagram, Mike Krieger, durante uma videoconferência na semana passada.
Ele afirmou que a empresa vai definir aos poucos um modelo de remuneração, de forma a trazer um equilíbrio entre criadores e a comunidade online.
“Content creators usavam o Instagram até agora como isca pra levar o usuário ao seu canal do Youtube, para que assistissem a formatos mais longos. Nesse processo, perde-se um pouco do engajamento por ter de pular de plataforma. Estando no mesmo app, a conversão é muito melhor”, avalia Jorge Brivilati, diretor e fundador da produtora La Casa de La Madre.
O lançamento é uma jogada interessante, principalmente em um contexto de mudanças constantes em plataformas concorrentes, segundo a avaliação de Thiago Costa, coordenador da pós-graduação em comunicação e marketing digital da FAAP. “Vemos certa perda de vitalidade do Facebook e o YouTube tem enfrentado mudanças de regras constantes. Em um primeiro momento, não aposto em vídeos tão longos com a ferramenta, como de 60 minutos, mas em vídeos menores e até adaptações de conteúdos já disponíveis no YouTube”, opina.
De acordo com uma estimativa da americana Wells Fargo, o Instagram, no último trimestre de 2017, contribuiu com 29% do crescimento de receitas do Facebook
Alexandra Avelar, Country Manager da Socialbakers, afirma que 8 em cada 10 millennials consideram conteúdo em vídeo para a tomada de decisões de compras, dado extraído de uma pesquisa da empresa. Ainda, de acordo com uma pesquisa da Pew Reasearc Center, feita em abril deste ano, somente 51% dos adolescentes usam o Facebook, uma queda de 20% em relação à 2015. Eles declaram que as plataformas que mais usam são o Youtube, utilizado por 85% deste público, e o Instagram, utilizado por 72%.
“O vídeo tem sido o conteúdo de melhor desempenho nas mídias sociais há algum tempo, e com o Instagram rapidamente se tornando a plataforma de maior impacto para as marcas, não é surpresa que a marca esteja explorando maneiras de oferecer tipos de conteúdo mais atraentes”, conta Alexandra.
Fotografia e som adaptados
Se o Stories traz o desafio de contar uma história de forma fragmentada, obrigando marcas e criadores a adaptar suas técnicas de storytelling, o vídeo contínuo do IGTV traz um modelo de roteiro mais familiar e parecido com outras plataformas de vídeo online. Jorge Brivilati, da La Casa de La Madre, pondera no entanto que a linguagem audiovisual deve ser pensada exclusivamente para o formato.
“Como fotógrafo, sei como dói abrir mão do formato horizontal para adentrar no vertical como sendo absoluto. É preciso pensar em enquadramentos próprios e realmente considerar o formato 9:16 como o original, e não uma adaptação. Além de perder a qualidade, a adaptação te priva de contar a história com a grandeza que teria no horizontal. Uma vez que você realmente pensa no modo vertical, pode explorar planos detalhes e landscapes da mesma forma como no formato 16:9”, diz o diretor.
O som também é um elemento que requer atenção nas produções verticais, já que o usuário mobile muitas vezes está em deslocamento ou sem fones de ouvido.
“É preciso um apoio visual maior de títulos e legendas: ambos precisam ser ‘layoutados’ pensando no melhor aproveitamento das telas pequenas. Também acredito muito na aproximação que isso dá entre criador e usuário, e falo isso de forma física mesmo. Você pode ter na palma da sua mão o rosto do personagem na tela, o que traz uma sensação de proximidade, quase como um FaceTime”, completa Jorge.
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