The Guardian perde £ 44,2 mi com digital
Grupo prevê cortes em editorial para compensar o prejuízo com o investimento em novas tecnologias
Grupo prevê cortes em editorial para compensar o prejuízo com o investimento em novas tecnologias
Meio & Mensagem
18 de julho de 2012 - 1h28
Reconhecido por sua excelência jornalística e pelo modelo de negócios que privilegiou a abertura online do conteúdo e a produção exclusiva para as plataformas digitais, o jornal britânico The Guardian divulgou nesta terça-feira, dia 17, que as suas perdas, somadas à do The Observer, outro título do Guardian Media Group, chegam à £ 44,2 mi (o equivalente a mais de R$ 140 milhões, segundo o câmbio atual) e que o investimento na oferta de conteúdo em novas tecnologias foi em grande parte responsável pelas perdas. Os resultados financeiros finais serão publicados na semana que vem.
Em 2011, os jornais investiram intensamente em soluções digitais – incluindo aplicativos para iPad, Facebook e Androide – e o faturamento ligado à esses negócios não foi suficiente para cobrir as perdas que os jornais têm enfrentado no Reino Unido. De acordo com o próprio The Guardian, Alan Rusbridger, editor-chefe dos dois títulos, anunciou que o grupo precisa reduzir os custos da operação jornalística e prevê um plano de demissão voluntária. A meta de economia é de £ 7 milhões (R$ 22 milhões), o que incluiria a dispensa de algo entre 70 e 100 profissionais.
Em comunicado interno para os funcionários, Rusbridger afirmou a operação de ambos os títulos “será menor” e os jornais devem “fazer menos do que chamamos ‘jornalismo de commodity’ e mais do tipo de jornalismo que temos feito”. O The Guardian tem sido bastante elogiado por adotar uma postura mais aberta e participativa do público, com uma ampla integração com as redes sociais. Em fevereiro, o grupo anunciou o que chamou de “Open Journalism”, um novo modelo de condução da apuração e produção de conteúdo editorial. Na ocasião, foi veiculada a campanha “The Whole Picture” ou “Three Little Pigs”, criada pela BBH.
Em maio, quando participou como conferencista do ProXXIma 2012, Piers Jones, gerente de produtos para plataformas digitais e redes sociais do The Guardian, afirmou, em entrevista para o Meio & Mensagem que, apesar das perdas que a opção feita pelo jornal podem acarretar, “o maior risco é não fazer nada”. Para ele, “o grande risco é permitir que essas mudanças estruturais aconteçam ao nosso redor e não experimentarmos nada para comprovar se realmente funciona. A nossa história nos permite pensar em longo prazo”, afirmou.
Segundo Jones, em termos de receita “é claro que, para nós, o jornal impresso continua sendo muito importante, mas é evidente que outros ambientes estão se tornando muito, muito relevantes, por causa do seu crescimento”. Piers Jones afirmou, na ocasião, que o foco no digital não depende de resultados imediatos. “Temos procurado uma abordagem em que se combinem as diferentes plataformas, mas onde o pensamento “Digital First” seja um componente editorial em torno do qual devemos agrupar nossas prioridades, já que a paisagem digital está evoluindo tão rapidamente e é nela em que devemos concentrar os nossos esforços”.
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