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Opinião

O que você quer ser quando crescer?

Quando idealizamos um rótulo, estamos deixando de ser quem exatamente somos?


8 de outubro de 2020 - 10h55

(Crédito: Vivali/iStock)

“Nunca se deve perguntar a uma criança o que ela vai ser quando crescer. Quando se faz isso, anula-se quem ela é”. Estas sábias palavras são do terapeuta indígena Ubiraci Pataxó. Quando as escutei, literalmente parei para pensar…

Bem que eu evito, mas é impossível não incluir a pandemia em minhas reflexões. Ao longo do ciclo de encontros virtuais que tenho promovido ou participado, percebo muitas pessoas se reavaliando, redescobrindo, revisando não apenas seus projetos, mas suas próprias vidas. Tem gente de sobra no mundo tentando ser como os outros, e mais gente ainda tentando fazer com que todos os outros também se encaixem em padrões.

Na área de comunicação é comum falarmos em “comunicação assertiva”, “comunicação autêntica”, “comunicação com propósito”. Será que estamos trabalhando nisso? A comunicação teve conter estes atributos ou somos nós, seres humanos, que conduzimos “estes padrões”, apoiados em nossa individualidade?

Será que quando idealizamos um rótulo, estamos deixando de ser quem exatamente somos?

No livro Propósito, o mestre indiano Sri Prem Baba sintetiza o conteúdo com a frase “Coragem de ser quem somos”. Em inúmeras entrevistas, a funkeira Jojo Maronttinni (Jojo Todynho) reproduz a mesma fala. A cada aula que ministro aos meus alunos e alunas na ESPM observo, mesmo que virtualmente, o quanto é rico escolher ser apenas si mesmo, ainda que nem sempre seja fácil, ainda que você receba olhares estranhos e incomode certas pessoas.

Acumulando anos de vida, quilometragens de viagens e horas de consultoria, concluo que o mundo precisa de mais gente autêntica, mais gente sincera e mais gente livre. Se, assim como nas aldeias indígenas, as crianças pudessem ser apenas elas mesmas, teríamos mais adultos íntegros – considerando que “íntegro” é “ser por inteiro”.

*Crédito da foto no topo: Piranka/ iStock

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