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Por que, afinal, a Amazon comprou a MGM?
A resposta é que a MGM sabe produzir filmes e a Amazon está só aprendendo, mas tem mais caroço nesse angú
A resposta é que a MGM sabe produzir filmes e a Amazon está só aprendendo, mas tem mais caroço nesse angú
31 de maio de 2021 - 13h36
A Amazon não só comprou a MGM, como pagou um prêmio de 41% acima dos valuations anteriores feitos pela Apple e a Comcast. Pagou US$ 8,45 bilhões.
A razão alegada por Bezos à mídia foi que a MGM tem um acervo sensacional e que, com a máquina de fazer distribuição e bons negócios da Amazon, a união pode ser a semente de uma nova companhia preparada para o mundo streaming pós-TV convencional do século 21. Ele disse, textualmente, melhor ainda “we can reimagine and develop that IP for the 21s Century”. Tudo verdade, mas apenas meia parte da verdade.
A Amazon vale cerca de US$ 1,65 trilhões, porque compraria uma empresa com quase 100 anos de produção de cinema e conteúdos de TV de Hollywood? Contaí, Bezos.
Bezos não disse, mas induziu, que a empresa de IPs (intellectual properties) do século 21 ainda não nasceu. Prontinha e funcionando como uma máquina do século 21 precisa ser, essa empresa ainda não existe. Não, a Netflix não é essa empresa.
O problema no coração dessa indústria que está sendo reinventada é que as contas não fecham. O padrão de produção estabelecido por um século no ambiente de Hollywood e o das séries de TV das últimas décadas é altíssimo e caríssimo.
O modelo por assinatura de todas as novas empresas do setor de streaming, lideradas pela pioneira Netflix, e secundada pela própria Amazon, Apple correndo por fora, e tendo em um lugar de privilegiado destaque a Disney, ainda não é o modelo modelo financeiro e de negócios em que esses custos estratosféricos sejam compensados, gerando operações altamente lucrativas, que é o que todas essas mega estruturas empresariais almejam, num mercado que, basta olhar, está lá para ser explorado.
Com a MGM, Bezos comprou todo o legado das franquias James Bond, Rocky entre tantas outras mais muito legais. Isso, evidentemente, conta para ele, cuja operação de conteúdo no âmbito do cinema e do streaming, não tem história. Nem legado.
Bezos, assim, comprou história. Mas ainda precisa encontrar a fórmula lucrativa do seu futuro.
A estrutura de produção da MGM serve como uma luva na tentativa de diluir seus próprios custos de produção atuais. Trata-se de uma iniciativa na direção de rentabilizar toda a sua estrutura produtiva no setor.
A saída para tudo isso não será outra, aguarde e verá: publicidade. Não vai ter jeito. Será ela, uma vez mais, que virá em socorro de toda essa mega indústria, com futuro brilhante, promissor e potencialmente rentável pela frente.
A Amazon é hoje, já, ela mesma, um dos maiores anunciantes do mundo. É um marketplace global, que pode distribuir conteúdos de forma exponencial. Ou seja, tem já, dentro de si, os elementos fundamentais para montar a empresa de IPs do século 21. Nisso, ele tem toda razão.
Vamos ver se ele consegue antes de sua própria empresa cair em obsolescência, o que deve acontecer nos próximos anos, como ele mesmo previu ano passado.
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