ProXXIma e Alexandre Pinto
10 de julho de 2019 - 9h14
Por Alexandre Pinto (*)
Uma das iniciativas mais comentadas nas últimas semanas, o pagamento instantâneo, promete facilitar as transações financeiras entre pessoas, empresas, governo e profissionais autônomos/liberais. A grande dúvida é: como?
Podemos entender “pagamento instantâneo” como um projeto conduzido pelo Banco Central, previsto para entrar em operação em 2020, que tem como objetivo garantir a interoperabilidade dos meios de pagamentos por meio de transferências instantâneas, disponíveis 24h por dia, sete dias por semana. Com isso, a expectativa é que o dinheiro flua mais rapidamente para o recebedor/vendedor e com custo de transferência baixo (a expectativa gira em torno de pouco centavos), sendo possível pagar, por exemplo, um cafézinho sem o custo associado às taxas de adquirência ou às de uma TED.
A ideia do Banco Central é criar uma nova infraestrutura, similar a existente para as TEDs (Sistema de Pagamentos Brasileiro, SPB), mas que funcione 24h e que não fique restrita apenas a bancos. Assim, fintechs, varejistas e iniciadores de pagamento (e-wallets) poderão ter acesso a esta rede, incentivando a compatibilidade e democratizando seu acesso por parte da população. Esta rede também tem como objetivo evitar o surgimento de um monopólio, ou duopólio, de meios de pagamento, caso da China com Alipay e WeChat Pay.
Alguns bancos e fintechs estão se antecipando a esta tendência, procurando criar redes de pagamentos com características similares. Recentemente, o Itaú anunciou o lançamento do Iti, app que terá este recurso e atenderá, inclusive, os desbancarizados. O Mercado Pago também vêm estabelecendo parcerias com estabelecimentos comerciais (redes de farmácia, combustível, restaurantes) a fim de permitir o pagamento on-line e sem os intermediários tradicionais, como Visa, Mastercard, Cielo, Rede, Getnet.
Ainda segue em discussão como tudo isso irá funcionar, mas, imaginamos que essas transferências possam ser feitas por celular, via whatsapp, por exemplo, ou usando QR Code. Biometria facial, pulseiras eletrônicas também são outros caminhos para as (poucas) situações onde não estamos com nosso celular disponível.
As possibilidades e potenciais benefícios para a sociedade são muito grandes. Além da redução dos custos das transações financeiras (TEDs, boletos, guias de arrecadação devem virar coisa do passado), com o advento do Open Banking, podemos estabelecer uma infraestrutura que, em um futuro próximo, atinja um nível de interoperabilidade e de abrangência tão grande que nos permita imaginar uma economia sem dinheiro em espécie! Mais segurança, maior acesso aos serviços financeiros, novos modelos de negócio, maior transparência e, quem sabe, redução da corrupção e da lavagem de dinheiro.
Longe da sua melhor utilização, os meios de pagamento tradicionais estão cada vez mais em desuso, e esta nova tecnologia promete revolucionar o mercado financeiro. O caminho ainda é longo, mas o mais importante está sendo feito: sem um um primeiro passo, ninguém sai do lugar!
(*) Alexandre Pinto é Diretor de Novos Negócios da Matera e especialista em Open Innovation. Na empresa desde 2001, foi responsável pela criação da área de P&D e do seu ecossistema de parceiros.