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As finish-ups entram no negócio da inovação

O fato é que há uma turma cada vez maior de “velhinhos” com fôlego e entusiasmo para abrir novos e criativos negócios, com vigor de dar inveja à molecada das “start-ups”.  Estes poderiam ser chamados de os “finish-ups”.


20 de dezembro de 2018 - 8h37

 

 

Por Rubens de Almeida (*)

 

A difusão do modelo de empresas startups, onde uma boa ideia – de um ou mais jovens empreendedores – pode ser apoiada financeiramente por investidores-parceiros, viabilizando o surgimento de novos e inovadores negócios, renovou o fôlego do empreendedorismo em todo o mundo. E o melhor, em empresas cujos proprietários usam bermudas e terminam o dia tomando cerveja.

 

De certa maneira, as startups contribuíram também para a retomada do próprio ânimo e força da ideia da livre-iniciativa, tão defendida e acalentada pelo capitalismo, após a grande crise financeira internacional de 2008. No lugar das grandes corporações e executivos financeiros, entram agora as pequenas, ágeis e éticas startups.

 

Essas novíssimas empresas operam em um mercado que já incorpora critérios mais equilibrados sobre o que precisa ser respeitado no desenvolvimento de uma atividade lucrativa, de modo a conferir não só longevidade às iniciativas empresariais, mas também sustentabilidade do modelo de negócio a ser desenvolvido. De preferência com respeito aos limites do meio ambiente, à exploração dos recursos naturais, à economia popular e a sobrevivência do planeta. O que elas resumem em uma palavra: propósito.

 

As startups recuperaram assim, a confiança de que a capacidade de inovação humana e as possibilidades de realização empresarial podem sim ser positivas para o futuro da humanidade. E, talvez por isso mesmo, este tipo de empresa sempre venha a público com a marca de um ou mais sorrisos divertidos, de jovens que parecem gostar mais de fazer coisas legais e estar de bem com a vida do que alcançar o lucro a qualquer preço.

 

Esse entusiasmado vigor pela inovação nos negócios, porém, não pode significar que o futuro só abre as portas para quem tem menos de 40 anos. Será que arriscar-se a criar o seu próprio negócio é uma exclusividade da juventude?

 

E os “acima dos 40 ou dos 50 anos”? Estariam estes condenados a “trabalhar para alguém” nos velhos moldes do mercado tradicional e alcançar uma aposentadoria miúda e corroída pelo fator previdenciário? Já teriam gasto toda a sua criatividade e capacidade de inovação ao longo de 20 ou 30 anos de atividade profissional? Estariam mais próximos do pijama do que de um futuro promissor?

 

O fato é que há uma turma cada vez maior de “velhinhos” com fôlego e entusiasmo para abrir novos e criativos negócios, com vigor de dar inveja à molecada das “start-ups”.  Estes poderiam ser chamados de os “finish-ups”, aqueles que mesmo ao final de sua vida profissional (nos termos impostos pelo mercado de trabalho), arriscam-se como jovens na estruturação de seu próprio futuro (!) e colocam um “up”  em suas carreiras quando todos já apostavam na decadência e consideravam presenteá-lo com uma cadeira de balanço ou um relógio de ouro.

 

Os finishups vêm com força.  E em número cada vez maior. Todos sabem que a população está envelhecendo e a longevidade é evidente, inclusive a profissional, em função aos avanços da medicina e da prevenção de doenças degenerativas. Estima-se que os que estão na “meia-idade” hoje terão uma vida ativa até os 90 anos, com desempenho e raciocínio para o trabalho, principalmente o intelectual. E para estes não há barreiras para a utilização e manejo das novidades tecnológicas na competição, pois estas sempre fizeram parte de sua vida produtiva normal.

 

Para competir com o vigor e ansiedade à flor da pele das startups juvenis, os finishups contrapõem a experiência de erros e acertos do passado e a paciência madura de esperar pelo momento certo de receber um aporte de investimento ou mesmo uma oportunidade de oferecer serviços consequentes com as mais atualizadas necessidades do mercado.

 

As “novidades” dos finishups não param por aí: os “velhinhos” trazem para a mesa de negociações os anos de relacionamentos consolidados, principalmente aqueles cuja atividade os manteve em permanente contato com outras empresas e profissionais. Uma rede de “conhecidos” e uma desenvoltura de telefonar (ou acionar via Linkedin ou Facebook) para o fulano avisar o ciclano sobre determinada oportunidade, com uma velocidade de dar inveja aos noviços do mundo dos negócios, pela facilidade de articular conhecimentos e recursos na viabilização de uma boa ideia.

 

Certamente, essa habilidade de conhecer profundamente o funcionamento do mercado é uma característica que vai contar pontos no momento de apresentação de uma nova iniciativa a um grupo de investidores, cuja idade média curiosamente sempre está mais próxima dos finishups do que dos startups.

 

Mas isso não significa que os finishups vêm aí para concorrer e tirar as oportunidades dos mais jovens. Pelo contrário. Nos Estados Unidos e Europa já são comuns as empresas que misturam com sabedoria as características de jovens inovadores e dos profissionais maduros e cheios de histórias para contar, que se transformam em estímulos para consolidar ideias ainda mais consistentes e vendedoras.

 

A combinação de capacidades empreendedoras de duas gerações talvez seja a fórmula mágica capaz de conferir, a um só tempo, o frescor da inovação e a credibilidade necessária às iniciativas que, provavelmente, terão mais chances de sensibilizar o mundo dos investimentos para apoiar empresas nascentes que souberem captar o melhor de cada idade profissional, em favor de negócios extraordinariamente “lucriativos” (sic). De bermuda e cerveja de final de expediente na mão, claro!

 

 

(*) Rubens de Almeida é engenheiro e jornalista, consultor de inovação empresarial e especialista em plataformas geográficas de BigData. É um finish-up por opção.

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