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Caboré

Poder de adaptação

Em meio a turbulências para a economia brasileira e para a indústria, Antonio Fadiga, Daniel Simões e Eduardo Simon, indicados a Dirigente da Indústria de Comunicação, extraem resultados e emplacam mudanças bem-sucedidas nas empresas que lideram

e Isabella Lessa
21 de outubro de 2019 - 16h26

Antonio Fadiga (Crédito: Arthur Nobre), Daniel Simões (Divulgação) e Eduardo Simon Crédito: Arthur Nobre)

O Brasil adentrou 2019 espreitando uma onda de melhora econômica que, na verdade, não se confirmou como previsto. O mercado publicitário, por sua vez, vem atravessando um período de profundas mudanças, como a extinção de agências, troca de lideranças e abertura de novos negócios, além das pressões quase que cotidianas sobre redução de investimento e demandas mais complexas dos anunciantes. Neste cenário de novas incertezas sempre à espreita, três CEOs desenharam, nas respectivas empresas que comandam, percursos dos quais emergiram bons resultados — para os clientes e para as próprias operações. Por esses fatores, são indicados à categoria Dirigente da Indústria de Comunicação do Caboré 2019: Antonio Fadiga, CEO da Artplan, Daniel Simões, CEO da Eletromidia e Eduardo Simon, CEO da DPZ&T.

Sob o ponto de vista das agências, a adaptação às novas demandas dos anunciantes e ao comportamento dos consumidores é algo imperativo. Esse “novo normal” tem de conviver de forma paralela aos ativos imutáveis das empresas de comunicação: conquistas de novos negócios e entrega de criatividade. Nesse sentido, a Artplan conquistou, ao longo de 2019, as contas de Viva (GNT), Oi, Paramount e ampliou sua atuação em Óticas Carol, passando a responder pela área digital da marca. A DPZ&T estendeu o portfólio com a chegada dos clientes Adria, Nescafé e Perdigão. Também passou a ser a única agência de McDonald’s no País (antes, a conta digital estava com a SunsetDDB). Já o segmento de out- of-home vivencia um momento de expansão, mas não menos desafiador: se algumas marcas estão retomando o investimento no meio, os players de OOH precisam desenvolver os próximos passos de suas entregas, integrando-as a mídia programática, dados e wi-fi. Para a Eletromidia, os últimos meses foram marcados por projetos de grande porte, como o contrato da linha cinco/lilás do Metrô de São Paulo e do WTC.

Tanto para Fadiga quanto para Simon, o ano deixou mais evidente a transformação às quais agências precisam atender. Na visão de Fadiga, que já foi indicado à categoria Profissional de Atendimento no Caboré — em 1992, quando estava na Y&R — a retração de investimentos por parte dos anunciantes e a melhora da situação econômica abaixo do esperado exigiram mais das agências. Sócio há cinco anos da Artplan em São Paulo, ele assumiu também o comando do escritório da agência no Rio de Janeiro em maio. Simon ressalta a migração do share de investimento em mídia e a chegada de novas agências como componentes que agitaram ainda mais o mercado. “Fico feliz de ver o mercado empreendendo novamente. A gente vinha de um ciclo de fechamento de agências. Ver essa retomada de empreendimentos é sinal de que o mercado está se mexendo. Tem muita concorrência acontecendo, produtos sendo lançados, marcas trocando de agências”, avalia o executivo, que liderou a fusão da DPZ com a Taterka, há quatro anos. Simon foi três vezes indicado em edições anteriores do Caboré, nas categorias Atendimento e Dirigente.

Na visão de Daniel Simões, a demasiada atenção a resultados de curto prazo tirou o foco da construção de marcas fortes. “O mercado precisa voltar a construir marcas nossas, fortes, como Havaianas. Tenho visto trabalhos brilhantes de algumas categorias, de marcas como Santander, Burger King e McDonald’s. Mas também vejo marcas perdendo valor. Acredito muito em construir marcas pela questão do ROI. Vai chegar o momento de fazer um ajuste nisso”, argumenta.

Para melhor entender as necessidades das marcas, a Artplan investiu em algumas iniciativas como o A-Lab, unidade dedicada a encontrar novas formas de produzir conteúdo e o Artplan Now, gerador de conteúdo em tempo real utilizado na cobertura digital do Rock in Rio. Outra estratégia foi a implementação da cultura de squads internos para otimizar o tempo e diminuir a burocracia entre hierarquias. “Nossos desafios são buscar novas tendências, inovações e modelos de trabalho para abrirmos novas conversas, de forma que possamos exercer com excelência o papel de agentes integradores de comunicação de nossos clientes e sempre estarmos à frente do debate da transformação”, comenta Fadiga. A aproximação entre as áreas da agência tem sido a aposta da DPZ&T, como no caso de mídia e planejamento, quando alocou especialistas de dados no planejamento com o intuito de, efetivamente, inserir o conhecimento sobre o consumidor no centro dos negócios.

A tecnologia também está no cerne das atenções da Eletromidia, afirma Daniel Simões. “No ano que vem, vamos olhar ainda mais para tecnologia para trabalhar em projetos mais complexos, que levam tempo e dinheiro”, afirma. O profissional é o único dos três que concorre pela primeira vez ao Caboré – mas subiu ao palco do evento no ano passado para receber a coruja conquistada pela empresa na categoria Veículo de Comunicação – Plataforma de Mídia. Daniel chegou à Eletromidia após a aquisição, em 2015, da DMS Mídia, onde trabalhava, pelo fundo HIG Capital.

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