Grey concentra comando em Marcia Esteves

Alexandre Zaghi Lemos
21 de março de 2018 - 18h16

Atualizada com correção em 23 de março de 2018 – 9h45*

Os funcionários da Grey Brasil foram avisados na tarde desta quarta-feira, 21, que a presidência da agência agora está concentrada em Marcia Esteves e que Rodrigo Jatene, até então co-CEO e CCO, vai ser mudar para os Estados Unidos, onde assumirá a liderança criativa de um dos escritórios da rede. Para assumir o comando da área no escritório brasileiro, a Grey promove a vice-presidente o atual diretor executivo de criação Adriano Matos, que está na agência há três anos.

“O Rodrigo é um destaque criativo da rede e já tinha o plano de, em algum momento, fazer essa transição para uma carreira internacional”, diz Marcia. Rodrigo Jatene era CCO da Grey Brasil desde janeiro de 2015 e integra o conselho criativo global da rede. Antes, passou por Leo Burnett Tailor Made, Wunderman, McCann Madrid, AgênciaClick e DM9DDB, entre outras. Sob seu comando, a Grey Brasil conquistou 14 Leões em Cannes nos últimos três anos, incluindo o Ouro do ano passado para “A cor da corrupção”, para Reclame Aqui, que saiu do festival com cinco troféus.

Marcia Esteves e Rodrigo Jatene vinham dividindo o comando da Grey Brasil desde o final de 2016, quando Sérgio Prandini (atualmente no comando da Huddle, rede colaborativa para soluções de marketing) deixou o posto de CEO, que ocupou a partir de outubro de 2015, após a saída de Walter Longo. Apesar disso, Marcia e Rodrigo só passaram a acumular oficialmente os cargos de co-CEOs no segundo semestre do ano passado.

A transferência de Jatene para os Estados Unidos e a concentração de comando da Grey Brasil em Marcia Esteves são as primeiras mudanças importantes no comando de operações do Grupo WPP no Brasil desde que Sérgio Amado assumiu o posto de country manager da holding no País, no fim de janeiro.

“Nossa meta é estar no Top 10 até 2020”, reafirma Marcia Esteves. O ranking Kantar Ibope Media mostra a agência na 18ª colocação em compra de mídia no consolidado dos dois primeiros meses de 2018. Segundo ela, o resultado de 2017 foi o melhor da história da Grey no Brasil, onde a multinacional está desde 1973, tanto no aspecto financeiro como no de reputação. No ano passado, a agência conquistou as contas de XP Investimentos e Grupo Hinode. Em contrapartida, perdeu Gafisa (para a Z515), Wella Koleston (para FCB) e HBO (que concentrou na Crane). O começo de 2018 também está sendo positivo, com as chegadas das contas de Avante e Bunge. Entre os principais clientes da Grey também estão P&G, Volvo, GSK e M. Dias Branco.

Marcia atribui a boa performance à agressiva operação integrada, com on e off, montada nos últimos anos e que atualmente serve 100% dos clientes. Entre os planos da CEO para os próximos meses estão os lançamentos de duas novas unidades de negócios: a TownHouse, marca dedicada à produção digital e de ativações que a Grey já mantém em outros escritórios e que no Brasil será comandada por Renata Ruas, que já lidera a área de produção da agência; e o Laboratório de Marcas, área focada em arquitetura e construção de marcas que importa experiência do Brand Lab da Grey Peru, cuja implementação no Brasil está a cargo da vice-presidente de estratégia, Raquel Messias – mais adiante, o plano é contratar um especialista em branding para comandar essa nova unidade. A operação brasileira também vai reativar a Grey Shopper, que foi lançada em 2014 para atender a P&G, esteve desativada como unidade de negócios nos últimos tempos e continuará sob comando do diretor de shopper marketing da agência, Rodrigo Sá.

Rara liderança feminina no posto de CEO de uma grande agência e primeira CEO mulher da Grey Brasil, Marcia Esteves está na empresa desde março de 2014, inicialmente como chief digital officer. Em agosto de 2015, assumiu como chief operating officer, comandando as áreas de atendimento, planejamento, mídia e projetos, função na qual substituiu Sylvia Panico (atual managing director da David São Paulo, outra operação do WPP). Marcia começou sua carreira na Fischer, em 2001, e depois passou por Rapp (Brasil e Barcelona), Wunderman e Leo Burnett Tailor Made.

*Correção: ao contrário do que a reportagem informou inicialmente, Marcia Esteves não é a primeira mulher a comandar um escritório da Grey na América Latina, mas sim no Brasil.