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Comunicação

Os desafios de ser mulher (e diretora de cena)

Profissionais reclamam da desigualdade do mercado audiovisual e exaltam o Free the Bid como uma iniciativa geradora de oportunidades


31 de maio de 2017 - 8h32

A mesma escassez de profissionais do sexo feminino que existe nas áreas de criação das agências também é notada no setor audiovisual. Embora muitas mulheres tenham optado pela carreira de direção de cena, ainda são poucos os nomes femininos que fazem parte da ficha técnica dos comerciais de grandes anunciantes e agências.

Juliana Correa e Bel Ribeiro, diretoras da Corazon Filmes (Crédito: Divulgação)

Como forma de amenizar esse desequilíbrio, desde a semana passada as profissionais do audiovisual no Brasil passaram a contar com o Free the Bid, uma iniciativa norte-americana que pretende dar visibilidade às diretoras de cena e ampliar suas oportunidades no mercado de trabalho.

Para compreender se uma iniciativa como essa realmente é necessária para a carreira de diretoras de cena e se o projeto pode, de fato, contribuir para a valorização profissional, a reportagem de Meio & Mensagem conversou com algumas diretoras a respeito do Free the Bid. Mais do que aprovado, o projeto é, na opinião das entrevistadas, algo necessário e urgente.
“O Free the Bid, além de ser uma iniciativa relevante em termos de representatividade da mulher na indústria, é também um banco de dados de mulheres talentosas do audiovisual pelo mundo”, diz Carolina Albuquerque, diretora da Conspiração Filmes. “A iniciativa é necessária para o incentivo e crescimento do audiovisual feminino no mundo. Não é sobre dar trabalho para as mulheres. É sobre dar a chance de elas concorrerem e mostrarem seu ponto de vista”, complementa Bel Ribeiro, diretora de cena da Corazon Filmes.

Carolina Albuquerque, diretora de cena da Conspiração e do projeto Hysteria (Crédito: Reprodução)

Ao elogiarem a proposta do Free the Bid – que pede às agências de publicidade que incluam ao menos uma diretora mulher nas concorrências dos projetos de produção – as profissionais deixam claro que a realidade do mercado nacional ainda é bem difícil para as mulheres que estão por trás das câmeras. “As diretoras de cena são minoria absoluta e os filmes de grandes orçamentos são todos destinados aos diretores homens. É um fato. Existem mulheres muito talentosas que simplesmente não têm a chance de mostrar seu trabalho”, critica Vera Egito, diretora de cena da Paranoid. “Tem gente muito legal e muito cabeça aberta, mas também existem pessoas mais preconceituosas. Eu, por exemplo, sempre tento ter o máximo de mulheres na equipe. Mas, quando muito, consigo ter 50% de equipe feminina em uma filmagem”, conta Judith Belfer, diretora de cena da Spray Filmes.

 

 

Filme de menino X filme de menina

Na opinião dessas profissionais, a pouca presença de diretoras no mercado de trabalho deve-se aos estereótipos que a indústria acabou construindo em relação aos tipos de filmes gravados. “Somos extremamente estereotipadas com a forma de trabalho que nos é direcionada. Quando resolvem pensar em mulheres para a direção, as agências mandam trabalhos com uma visão mais singela, romântica…e isso só ajuda a nos posicionar de forma errada. Nós também tomamos cerveja e dirigimos carro”, sugere Juliana Correia, diretora de cena da Corazon (e dupla de Bel Ribeiro).

A mesma critica aos rótulos atribuídos à direção de cena feminina também é apontada por Carolina Albuquerque, da Conspiração. “A associação da mulher ao feminino, ao delicado e ao romantizado acaba deixando as pessoas inseguras para convidar mulheres para dirigir comerciais de carro ou de cerveja, mesmo sabendo que elas são responsáveis pelas decisões de compra em 61% dos lares”, lamenta.

Vera Egito, diretora da Paranoid (Crédito: Divulgação)

Na opinião dessas profissionais, o Free the Bid representa que, além da abordagem e conscientização sobre o assunto, o desequilíbrio entre as oportunidades de trabalho para homens e mulheres só será corrigido com ações práticas. “O primeiro passo é trazer mulheres para as equipes de criação. Há muitas mulheres nas agências, exceto nas equipes criativas, que são majoritariamente masculinas”, aponta Vera, da Paranoid. “O caminho é esse: abrir oportunidades para que as diretoras mulheres mostrem sua visão e isso se aplica a mulheres criativas também”, complementa Judith.

Judith Belfer, da Spray Filmes (C´redito: Divulgação)

O próprio setor de produção também pode se mobilizar em relação à causa. Um exemplo é o coletivo Hysteria, criado pela Conspiração com a proposta de executar diferentes projetos sob a ótica feminina. “Isso

nos fez ampliar muito a rede de profissionais com quem estávamos acostumados a trabalhar e estabelecer uma rede de contato com diversas mulheres do audiovisual. O objetivo do Hysteria é produzir documentários, ficção, clipes e, por que não, pornografia?”, indaga Carolina, diretora da Conspiração.

Bel, da Corazon, ressalta a importância de as agências mudarem seu olhar a respeito da produção e propõe uma tarefa aos criativos. “Faça o exercício de se perguntas com quantas mulheres você já filmou. Não existe filme de menino ou filme de menina. Cada pessoa é única e possui um ponto de vista próprio. Um trabalho com uma equipe diversificada só pode gerar um resultado mais criativo”, frisa.

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