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Opinião – Iniciativa x ?acabativa?

Vira ano, vem ano e a batalha continua


13 de janeiro de 2015 - 8h00

Por Eduardo Tracanella (*)

Resoluções de Ano Novo são um briefing que a gente passa para a gente mesmo. Para alguns, é pessoal e instranferível. Para outros, só tem graça quando vira post. Tem quem guarde na carteira para check-list e até quem entregue para Iemanjá cuidar.
Mas, verdade seja dita, de um jeito ou de outro, todo mundo faz. Seja para deixar as coisas bem com a gente mesmo ou com quem colocou nas suas próprias resoluções o cuidado com as nossas.

Neste primeiro texto do ano, foi exatamente o que fiz. Tratei nosso mercado como ente querido, que me deu, compulsoriamente, toda liberdade para palpitar em suas resoluções para 2015 — conciliando o que acho que ele queria ser com o que eu queria que ele fosse.

1- Perder peso — Nosso mercado é fundamentalmente capital humano. É tudo sobre pessoas. Tudo sobre extrair o melhor das melhores pessoas. E, aqui, o diabo não está no glúten, no brigadeiro de colher ou em comer carboidrato à noite. Está em termos mais leveza nas relações, com agendas transparentes, boa ambição e, resgatando, além do respeito, o bom-humor e otimismo — atitudes que estão na essência da nossa profissão. Para mim, 2015 é ano de estruturas mais leves, mais simples, sem tantas nomenclaturas e fragmentações — times reduzidos, com pessoas talentosas, que tenham propósito comum e a vontade genuína de jogar junto e de um jeito legal.

2- Ter mais tempo livre — Como inspirar as pessoas se não dedicamos tempo para deixar a vida nos inspirar? Como surpreender e ser relevante quando o repertório se recicla apenas no ecossistema publicitário? É ingênuo continuar achando que empenho e desempenho têm a mesma natureza. Que trabalhar muitas horas é necessariamente fazer o que se espera da gente. Tanto as respostas como as novas perguntas estão lá fora, nos esperando. Se não cuidarmos da gente, não conseguiremos cuidar de quem a gente gosta e, nem, ao menos, da marca que nos paga para cuidar bem dela.

3- Parar de fumar — 2015 será um ano possível, mas não será um ano fácil. Teremos de ser implacáveis onde podemos atuar com autonomia e total controle do processo. E ser eficientes para reduzir todo tipo de esforço e despesa desnecessários: seja de foco, energia ou dinheiro. Aqui, o maior desafio é acabar com os vícios que silenciosamente minam a produtividade e o clima das empresas. Tão difícil quanto parar de fumar — precisa-se de esforço, disciplina e de um motivador mais prazeroso do que uma tragada de curto prazo.

4- Fazer algo realmente emocionante — Considerando ganhar dinheiro como premissa básica de sobrevivência: o que move você? Saímos todos os dias para trabalhar, deixando em casa o que mais nos importa, certo? Porque não transformar essa ausência em algo que de fato nos orgulhe, que mude comportamento e faça história? Pense bem. Nunca esteve tanto nas nossas mãos. A tecnologia cada vez mais acessível, as redes sociais consolidadas e as pessoas ávidas por conteúdos relevantes e de qualidade. É o momento de repensar o jeito de fazer as coisas e sair da monótona zona de conforto. Em 2015, competência passa a ser considerado item de série. Pessoas que realizam obras inspiradoras e apaixonantes serão as novas lideranças.

Pois é, o papel aceita tudo. Briefing também.

Mas vem o rescaldo da euforia de final de ano, aquela leseira boa, aquele vento quente, aquele sentimento de merecimento, de que dá para começar daqui a pouco, porque a cidade está vazia, as crianças de férias, o time de futebol de férias, o Carnaval logo aí.
Vira ano, vem ano e a luta principal continua campeã de audiência: de um lado a iniciativa e todo seu pragmatismo e do outro a “acabativa” que sempre encontra um ombro amigo no ano que vem.

Feliz Ano Novo. Felizes “acabativas”. ; )

(*) Eduardo Tracanella é superintendente de marketing do Itaú-Unibanco e este é seu primeiro artigo para o Meio & Mensagem, no qual ele passa a escrever  mensalmente. Este artigo está publicado na edição 1642, de 12 de janeiro de 2015, disponível nas versões impressa ou para tablets Apple e Android.

 

 


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