CNN Brasil prioriza hard news e quer dar menos espaço à polarização

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CNN Brasil prioriza hard news e quer dar menos espaço à polarização

Em entrevista, Virgilio Abranches, vice-presidente de operações, conteúdo e jornalismo, conta sobre novas diretrizes da redação, com jornalismo mais sóbrio e calcado em análises e menos em debates


18 de setembro de 2023 - 17h48

Na tarde desta segunda-feira, 18, toda a equipe de redação da CNN Brasil participou de uma reunião com o vice-presidente de jornalismo do canal, Virgilio Abranches, a respeito de novas diretrizes que deverão nortear a programação da emissora de notícias.

CNN Brasil debates

Virgílio Abranches é vice-presidente de operações, conteúdo e jornalismo da CNN Brasil (Crédito: Divulgação)

A resolução, na verdade, faz parte de um processo de reformulação que começou no fim do ano passado – e que ainda não tem data para ser concluído – que visa deixar a operação com melhor saúde financeira, ao mesmo tempo em que revigora o prestígio da marca jornalística.

“Todas essas estratégias, que já estamos implementando há algum tempo, têm como objetivo de fazer a CNN ter um conteúdo equilibrado, relevante e sem perder a agilidade”, resume Abranches, em conversa com a reportagem de Meio & Mensagem pouco antes de transmitir às novas diretrizes à redação.

Abranches já era vice-presidente de conteúdo e operações do canal e, há dois meses, abraçou também o pilar do jornalismo, no lugar de Leandro Cipoloni.

CNN quer menos debates e mais notícias e análises

Da descrição feita a respeito dos objetivos jornalísticos da CNN Brasil, o VP destaca a palavra ‘equilíbrio’, que, segundo ele, está no centro das mudanças pretendidas pela emissora.

Na visão de Abranches, isso vai além de opiniões ou da apresentação de reportagens mais inclinadas à direita ou à esquerda, como se convencionou classificar nos últimos anos de maior polarização no País.

“Quando pensamos em equilíbrio, me refiro a equilíbrio emocional: um jornalismo sem paixão, que puxa sempre para o racional. Não se trata necessariamente de ouvir uma pessoa de esquerda e, depois, dar o mesmo espaço a alguém de direita. Significa pensar se essas pessoas realmente têm representatividade para contribuir para um debate, sem gerar um tele-barraco ou demonstrar um falso equilíbrio entre as duas partes, sem que daí se extraia nada”, destaca.

Na visão do VP de operações, conteúdo e jornalismo, essa foi a forma encontrada pela CNN Brasil de buscar um público qualificado e que se importe, de fato com a notícia bem apurada e as consequências que aqueles fatos podem gerar. “É a classe política, de empresários, empreendedores, enfim, pessoas que têm desejo por uma informação consiste para que, a partir daí, possam tomar suas decisões”, resume.

Ao revisar os últimos meses e anos de trabalho da CNN Brasil – e também nos canais jornalísticos, de forma geral – o executivo admite que acabou existindo um desejo de, em meio à efervescência de opiniões do País, dar espaço a uma quantidade maior de vozes, o que muitas vezes, pode ter tornado as discussões mais simplistas e gerado a impressão de que os veículos querem promover debates a qualquer custo, em busca de grupos de audiência que já tenham opiniões polarizadas.

“Entendemos que esse não é um caminho estrategicamente correto para uma empresa jornalística e decidimos recalcular essa rota. Com certeza, a espinha dorsal da CNN Brasil foi preservada, com a busca por agilidade, apuração de notícias e análises bem embasadas sobre política, economia e outros assuntos”, explica.

As novidades da grade da CNN Brasil

Um pouco dessa filosofia de priorização do hard news e do factual poderá ser visto pelo público a partir da próxima segunda-feira, 25. No lugar do Grande Debate, marcado pela divergência de opiniões, entra no ar o Brasil Meio-Dia, que ficará no ar as 12h às 14h.

O jornalístico será comandado por Luciana Barreto e contará com análises de política e economia feitas por Basília Rodrigues, Iuri Pitta, Fernando Nakagawa e Jussara Soares.

O VP do canal explica que o Grande Debate não deixará a grade, mas será reformulado e retornará em outra faixa de horário, ainda não definida, com as participações dos comentaristas Caio Coppolla e José Eduardo Cardozo e mediação de Leandro Magalhães.

Para acompanhar as mudanças, o veículo também apresenta na próxima segunda-feira, 25, uma reformulação visual, com novas vinhetas e paleta de cores.

“Não trabalhamos para que a audiência venha a qualquer custo. Trabalhamos na qualidade do conteúdo, que envolve a construção de conteúdo em todas as plataformas. Temos clareza a respeito dos nossos objetivos e qualidade do conteúdo e a audiência será consequência disso”, esclarece o executivo.

Mudanças na redação e futuro da marca CNN Brasil

Nos últimos tempos, foram diversas as movimentações de demissões e contratações na redação da CNN Brasil e também no alto escalão da emissora. Além da nova função de Abranches, o veículo passou a ter um novo comando comercial, com Ângelo Sá Jr. no lugar de Mauricio Kotait.

Essas movimentações, de acordo com Abranches, ainda estão em curso, como parte da reformulação implementada por João Camargo, que assumiu a liderança da CNN Brasil no fim de 2022.

“Não é possível fazer um processo de reestruturação como esse em alguns dias. Todas as movimentações que estamos promovendo acontecerão até o fim do ano”, disse o executivo.

Contudo, Abranches garantiu que não existe a possibilidade de o veículo deixar de licenciar marca CNN Brasil, como chegou a ser divulgado em algumas publicações da imprensa. “Isso foi uma mentira e nunca chegou a ser cogitado. Temos uma ótima relação com a CNN Internacional”, garante.

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