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Podcasts ampliam opções de conteúdo das rádios

Com a ascensão do formato via streaming de áudio, emissoras investem na produção fora do ao vivo para conquistar audiência a qualquer momento


8 de dezembro de 2021 - 7h17

Rádios levam programação para plataformas de streaming (Crédito: Alex from the Rock/shutterstock)

Utilizar o áudio como alternativa de consumo de conteúdo fez com que o consumo de podcasts crescesse no País. Uma pesquisa da Globo realizada junto ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Ibope) entre setembro de 2020 e fevereiro de 2021, mostrou que mais da metade dos brasileiros (57%) passaram a ouvir programas do tipo no ano passado. Ao todo, foram ouvidas mais de mil pessoas na pesquisa.

Além da produção independente de podcasts, grandes nomes do mercado de rádios tem investido no formato, tais como CBN, Band FM e a Jovem Pan. 

“Durante a última década e meia, o que vimos e ajudamos a conduzir é um renascimento do áudio. O streaming mudou fundamentalmente o ecossistema do áudio com a redução das barreiras de entrada e a democratização do acesso ao áudio para ouvintes em todo o mundo”, afirma Javier Piñol, diretor do Spotify Studios na América Latina e US Latin.

O executivo afirma que a plataforma considera os podcasts um formato definitivo de áudio com uma experiência completamente diferente em que o usuário tem acesso a uma combinação única de conteúdo e inovação. 

Uma das diferenças mais notórias se encontra no modelo de consumo e transmissão. Se o usuário antes precisava sintonizar em um aparelho a sua rádio preferida, em um horário específico, o streaming chegou para modificar este hábito. O programa Os Pingos nos Is, por exemplo, que aborda temáticas políticas em formato de bate-papo, conta com as edições também na plataforma do Spotify. Além disso, a rádio também faz a transmissão online da sua programação no YouTube — com duração que, por vezes, passa de duas horas. E este não é o único investimento do tipo.  As principais notícias do dia são divididas em duas edições no Jovem Pan Top News, com pequenas doses de conteúdo, que variam de três a cinco minutos. 

Segundo Bruno Telloli, gerente de cultura e tendências no YouTube Brasil, a leveza com a qual o formato é construído atrai os usuários da plataforma. “O podcast traz proximidade com o usuário, principalmente os que são ao vivo, porque tem a interação em tempo real com os espectadores e com os ouvintes. […] Ao mesmo tempo em que você transforma uma entrevista em bate papo, o conteúdo fica mais leve”, comenta, sob o adendo de que muitos podcasts também acabaram transmitindo gravações online. “Dentro do YouTube eram muitas, de fato, as matérias jornalísticas sobre acontecimentos, e os veículos sacaram que esses formatos de discussão chamam a atenção”, acrescenta o gerente. 

Proximidade e acesso

O formato é uma das apostas da CBN. O podcast CBN Entrevista reproduz nas plataformas de streaming de áudio as principais entrevistas que foram ao ar na grade da rádio. Se, antes, a notícia em áudio era consumida durante trajetos de carro, agora rádios investem no formato para levar jornalismo aos ouvintes. “Quando você tem um podcast voltado para o jornalismo, também é um conteúdo interessante, principalmente porque as pessoas estavam tentando entender a situação do mundo, do Brasil como um todo, e os veículos começaram a se adaptar”, aponta Bruno sobre a tendência de aumento de consumo que ocorreu durante o período da pandemia.

Entre os motivos que provaram a ascensão do podcast de jornalismo está a facilidade de acesso. “Podcast se encaixa em qualquer momento do dia das pessoas e isso facilita o acesso a todo tipo de informação e conteúdo, incluindo o jornalismo”, diz Javier. “O formato contribui para o jornalismo com características que o fazem único: o tom íntimo, que aproxima o jornalista do consumidor de notícias, somado a uma certa informalidade que, quando acrescentada sem perder o rigor da apuração jornalística, atrai novas audiências que não necessariamente consumiam notícias em seu dia a dia”. 

O diretor do Spotify Studios entende, ainda, que a variedade de estilos dentro da podosfera é outro ponto que colabora para ressignificar o consumo de áudio.

Para além do jornalismo, as rádios também apostam em seus conteúdos diversificados para se inserir nas plataformas. A Band FM, por exemplo, levou para o on demand seu programa que está no ar há mais de 30 anos, A Hora do Ronco

“São os players cada vez mais, de fato, apostando em divulgar podcasts, pois os usuários começaram a perceber que tem podcasts de diferentes temas, assuntos”, indica Bruno. “Se você curte cinema, esporte, fofoca, publicidade, tem um podcast pra você. Então, acho que é um trabalho bastante também dos lados dos criadores que vem ajudando a desmistificar algo que era só um nicho”, finaliza. 

**Crédito da imagem no topo: Cecilie Johnsen/Unsplash

 

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