Projeto Comprova reúne 24 veículos contra fake news
Coordenado pela Abraji, iniciativa focada no ambiente online traz sistema cross checking para cobertura do processo eleitoral
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Salvador Strano
29 de junho de 2018 - 14h51
Com objetivo de diminuir o efeito das fake news durante a eleição presidencial deste ano, 24 veículos jornalísticos se reuniram para esclarecer e combater esse tipo de prática. Coordenados pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), o Projeto Comprova nasceu a partir do First Draft e foi lançado oficialmente no congresso da entidade, realizado em São Paulo na quinta-feira, 28.
O projeto original é uma iniciativa da Harvard Kennedy School, nos Estados Unidos, que treina jornalistas contra a disseminação de notícias mentirosas no ambiente digital e realiza pesquisas sobre o tema. No Brasil, o Comprova conta também com apoio do Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo (Projor), e é financiado pela Google News Initiative e pelo Facebook Journalism Project. Os veículos de mídia participantes são Band, Correio, Correio do Povo, Estado de S. Paulo, Exame, Folha de S.Paulo, GaúchaZH, Gazeta Online, Gazeta do Povo, Jornal do Commercio, Metro Brasil, Nexo Jornal, Nova Escola, NSC Comunicação, O Povo, Poder360, Revista Piauí, SBT, UOL e Veja.
As empresas serão responsáveis por monitorar e verificar conteúdo de redes sociais e sites que abordem temas políticos no período. Para que uma notícia seja considerada falsa, pelo menos três veículos precisarão confirmar o veredito. Esse processo é chamado de cross checking e, segundo publicação no site do projeto, é essencial para manter o conteúdo transparente, preciso e imparcial. Uma vez comprovada a mentira, as empresas enviarão um relatório detalhado sobre o fato e, então, a central do projeto irá produzir conteúdo de fácil assimilação — como gráficos e pequenos vídeos — desmentindo a questão.
André Luiz Costa, diretor de jornalismo da Band, destaca a importância do jornalismo como defensor da democracia. “Já fazíamos checagem de notícia internamente, mas juntar redações mostra à sociedade o valor que o jornalismo tem”, afirma o executivo.Para localizar fake news, o projeto usará as plataformas NewsWhip, Google Trends, Crowdtangle e Tweetdeck, além de monitoramento próprio por meio de sites e redes sociais usando palavras chaves relacionadas a cada candidato ou tema específico. O público também poderá enviar um conteúdo para verificação, submetendo perguntas em diversos canais de contato, como site, Facebook, Twitter e WhatsApp.
A grande polarização política atual e o alto nível de desinformação colocam o Brasil como um ótimo candidato ao projeto, diz Claire Wardle, diretora do First Draft — o projeto original teve um importante papel na verificação de fake news durante processos eleitorais da França, Alemanha e Reino Unido no ano passado. “A desinformação se espalha muito rapidamente com o WhatsApp, que é um dos principais meios de comunicação do Brasil, por isso não seria possível que essa tarefa fosse feita com apenas uma redação”, explica Claire.
O Comprova não se debruçará sobre falas de candidatos ou comunicados oficiais, apenas em boatos com potencial de alta performance em redes sociais. Para a verificação de conteúdo produzido pelos próprios políticos ou partidos, o grupo indica três agências de checagem de fatos: Lupa, Truco e Aos Fatos, que já fazem isso regularmente. O projeto Comprova começa oficialmente em agosto, quando começa oficialmente a campanha à presidência. Até lá, haverá uma versão beta que será testada pelos veículos participantes.
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