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Opinião

Como fazer a diferença em um mercado em saturação

Entretenimento e questões sociais estão conectados e o desafio dos festivais é avançar na criação de experiências que gerem impacto para populações negras, indígenas, LGBTQIAP+ e mulheres


9 de setembro de 2024 - 14h00

O registro de festivais de música no Brasil aumentou significativamente, com quase 300 eventos mapeados desde setembro de 2023, sendo 42 realizados pela primeira vez no ano passado. O que une esses festivais é a proposta de oferecer, além de música, experiências para diversos públicos. No entanto, há uma competição por atenção intensa, especialmente com a proliferação de outros eventos de entretenimento e plataformas de streaming. Isso impacta diretamente os festivais, afetando o orçamento dos consumidores e dos realizadores.

Entretenimento e questões sociais estão conectados. O impacto de um festival sobre o indivíduo e sua comunidade é enorme, sobretudo no que diz respeito aos festivais dedicados às populações negras, indígenas, LGBTQIAP+ e mulheres. Como modelo de negócio, refletem o sentimento de pertencimento que se constrói a partir das identidades individual e coletiva, evoluindo com o tempo. As pessoas buscam vivenciar experiências com corpo, mente e coração.

Esse ecossistema se relaciona com o território em que os festivais são realizados, incidindo sobre empregabilidade de profissionais de diversos setores. Essa incidência gera impacto suficiente para receber atenção do poder público, que tem a caneta para contribuir com o acesso a recursos e fomento à cultura, tais como editais de incentivos fiscais às empresas patrocinadoras e, claro, incentivos diretos. Além da possibilidade de fornecer espaços, infraestrutura e ação articulada com a Secretaria de Turismo do Estado e Município.

No entanto, o aumento dos custos de infraestrutura e cachês pode tornar a realização desses eventos inviáveis, levando ao cancelamento ou à necessidade de endividamento, sobretudo para realizadores de festivais de porte médio, comprometendo o acesso de um público maior à experiência de vivenciar estes eventos.

Para se manterem relevantes, precisam inovar constantemente, incorporando novas tecnologias, formatos e ações diversas de impacto. Um exemplo é a adoção de práticas para minimizar danos ambientais, como gestão de resíduos, reciclagem e uso de materiais biodegradáveis, em um plano ousado de ESG, até iniciativas de acessibilidade que incidam no óbvio, sim, mas também em estratégias para se garantir valores bastante acessíveis de ingressos.

Festivais, em especial os dedicados às populações negras, indígenas, LGBTQIAP+ e mulheres, não são apenas eventos de música, mas uma vivência que inclui gastronomia, artes visuais, moda, saúde e bem-estar, entre outros temas, oferecendo aos participantes uma experiência rica e difícil de replicar. Isso desenvolve um senso de comunidade e valoriza a pluralidade de corpos, fazendo com que todos se sintam representados. Essa autenticidade e compromisso os distinguem de outros eventos que podem parecer estritamente comerciais ou sem propósito claro. Esses elementos, junto com um NPS na zona de excelência, permitem que esses eventos sejam destaque em um mercado saturado, oferecendo algo único e significativo para o público.

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