É ótimo ser profissional na segunda adolescência
Idade média dos empreendedores entre as startups bem sucedidas é de 45 anos
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19 de setembro de 2018 - 11h29
Estou há 29 anos no mercado de comunicação e, desde que saí da minha última agência, a pergunta que mais escuto é “mas você vai sair do mercado?”.
Ok, acompanhe este raciocínio: toda empresa tem uma marca. Toda marca precisa ter um significado. Toda marca é, portanto, um “dialogante de mercado” em potencial. Isto posto, quem trabalha com Comunicação, Branding, Marketing, Soluções Criativas, Experiências, enfim, tem algo a oferecer que é e será sempre desejado. Todo mundo sabe que o valor da marca é determinante para vendas mi ou bilionárias de empresas. Todo mundo sabe que marca é o que permite à empresa estabelecer preços e assim por diante.
Assim, como é que eu vou “sair do mercado”?! Acho que esta pergunta não tem a ver comigo, mas com o vício que muitas pessoas têm de enxergar cargos. Meus melhores trabalhos foram aqueles em que fui além do esperado pela “caixinha” funcional e hierárquica que eu ocupava nas agências. Foram aqueles em que acreditei numa ideia, pus o projeto embaixo do meu próprio braço e lutei até o fim pela sua realização, ajudando a criar, a produzir, a prototipar, administrando, negociando e levando meu lanche. E, no fim, os resultados foram positivos para todas as partes.
Esqueçam as caixinhas! Acho que está na hora de profissionais de comunicação entenderem que nossa atividade ajuda a construir marcas e experiências que geram empregos, criam soluções e impactam a economia. E isso é muito importante.
Empresas são processos; profissão é cultura. E um processo jamais pode ser superior a uma cultura. Por isso, empresas precisam de Pessoas para construir e manter suas culturas. A começar pela fundadora ou fundador, presidente e quem estas lideranças e sua equipe contratarem a partir daí. Por isso, não importa onde vou trabalhar, mas o que escolhi fazer, no que acredito, aonde vou colocar minha energia.
Sendo assim, não vou sair do mercado 🙂 E podem ter certeza de que tudo que eu fizer terá a “assinatura” de uma profissional de comunicação, o que significa que terá os olhos do consumidor: pretende ser bem feito, útil, relevante, desejado para quem quiser aderir ou comprar.
Hoje invisto em novas empresas que sabem que comunicação comunica, produto comunica e serviço comunica. Por isso, me têm como sócia.
E como se não bastasse toda essa confusão entre profissão e trabalho, tem outro fantasminha que também insiste em rondar as pessoas. Chama-se idade. Fala sério… idade, nos tempos de hoje?? Ora, se os 60 são os novos 40, agora que me sinto plena é que não vou mesmo sair do mercado!
Vejam: o Brazil Journal publicou recentemente uma matéria com estudo do MIT sobre a taxa de sucesso das startups relativamente à idade dos empreendedores. O estudo derruba o mito de que startup é coisa de gente muito jovem e crava o seguinte dado: menos de 1% das startups de alta performance tem como fundador um empreendedor na faixa dos 20 anos. A idade média dos empreendedores entre as bem sucedidas é de 45 anos.
Somos de uma geração que está vivendo uma transformação total no mundo, na plenitude da idade! Quantas gerações na história tiveram esta oportunidade? Como não aproveitar isso? Meu mind set é de uma pessoa “quase madura” e quero que continue assim. Quero ser como Madonna, Caetano e Wang.
A vida acontece numa espiral ascendente e evolutiva: a gente passa pelos mesmos lugares, mas quando passamos de novo por um ponto aonde já estivemos um dia, tanto o cenário quanto nós estamos diferentes, mais experientes, quase sempre melhores!
Em muitos aspectos, me sinto exatamente igual a 1995, quando montei com um amigo a Manga Rosa Multimedia, uma das primeiras produtoras digitais do País. Naquele momento, o evento mais importante para nós era a Fenasoft, e dizia-se que computadores seriam vendidos em supermercados. Ninguém sabia direito aonde “tudo aquilo” ia dar. O que estou aprendendo hoje passa por um monte de coisas que eu nunca tinha precisado estudar antes – nem eu, nem qualquer publicitário – nanotecnologia, segurança de dados, blockchain etc etc. Mas que materializa o desafio que tanto desejo de usar coisas novas para impactar positivamente o mercado.
Pra concluir, volto ao ponto inicial: mesmo com tantas novidades sobre as quais os negócios se apoiam, à frente de uma empresa, sempre há uma marca. Como é que ela vai se posicionar e dialogar com o consumidor? Por que? Com que utilidade, com que relevância? E com que argumento, com que repertório? Que história vamos contar? Não estou falando só de comunicação do ponto de vista tradicional da palavra. De novo: comunicação comunica, produto comunica e serviço comunica… tudo isso está, pode, deve estar no nosso escopo de trabalho.
Minhas décadas de mercado agora fazem uma super diferença não só pelo que eu já sabia, mas por aceitar que não sabia o que não sabia, e partir para aprender como uma criança, experimentar como uma adolescente e executar como quem conhece curvas da estrada. Fiquei meio sentimental? Sorry, estou na minha segunda adolescência 😀
*Crédito da imagem no topo: Rawpixel iStock
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