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As cartas estão na mesa no jogo do varejo do futuro

Os consumidores não terão em seus celulares mais do que duas ou, no máximo, três plataformas de pagamentos, pois tenderão a concentrar seu relacionamento em poucas delas para potencializar os benefícios que serão oferecidos.


20 de agosto de 2019 - 6h43

 

Por Marcos Gouvêa de Souza (*)

Rappi, Uber Eats e James Delivery são apenas alguns dos entrantes e ficam no corner dos aplicativos de delivery com a intenção de ampliar seu relacionamento, incorporando, além da entrega em si, porque não, meios de pagamento, relacionamento, milhagem e, quem sabe, a própria cozinha.

Já estavam no jogo Rede, Cielo, Stone, PagSeguro, SafraPay, Getnet e outros mais no outro canto do corner. Aquele que reúne as credenciadoras de cartão que sabem que o jogo vai mudar. E muito. Vamos incluir nesse grupo os chineses como Alibaba, por meio do Ant Financial, seu braço financeiro, buscando espaço apoiado em sua forte presença no mercado chinês e nas vendas via e-commerce que já fazem no Brasil.

Tem ainda o corner que reúne os que vêm do mundo da tecnologia, com Linx, Totvs, Merci e outros mais, que sonham integrar suas plataformas com os sistemas de pagamentos móveis e tudo mais que possa ser incorporado, apoiados em sua presença no mercado e sua visão digital. Para facilitar vamos incluir nesse grupo também Apple Pay e Samsung Pay.

O corner final reúne os varejistas, com Magazine Luiza, Casas Bahia, Lojas Americanas, Pão de Açúcar e outros que sabem que o último trem do protagonismo nesse novo jogo está prestes a partir.

Todos sonham poder se posicionar de forma similar ao que ocorre na China, onde perto de 80% das vendas são pagas com celular e apenas dois players, Alipay e WeChat Pay, processam 94% de todas as transações, criando uma realidade estratégica que permite a expansão quase ilimitada de negócios aportando como ativo o conhecimento, relacionamento, promoção e capacidade preditiva de comportamento dos consumidores pelo monitoramento – em tempo real -, do que acontece no mercado.

Os consumidores não terão em seus celulares mais do que duas ou, no máximo, três plataformas de pagamentos, pois tenderão a concentrar seu relacionamento em poucas delas para potencializar os benefícios que serão oferecidos. Como os descontos e cash back já hoje disponíveis. O mais provável é que a esmagadora maioria concentre tudo em apenas uma plataforma única.

Essa vantagem competitiva é de tal magnitude que o fee transacional na China, o conhecido MDR (Merchant Discount Rate), é quase irrelevante. Coisa difícil de aceitar para quem vive no mundo financeiro. Especialmente no Brasil.

Diferente do que acontece nas vendas com cartão de crédito, que por aqui são taxadas em percentuais que podem chegar próximo a 5%, dependendo do porte do varejista ou prestador de serviço, ou perto de 2% no débito. E ainda até pouco tinha o tempo de reembolso que podia chegar a 30 dias e o que a competição recente fez baixar.

As previsões sobre o futuro próximo variam de acordo com a fonte de análise.

Os que analisam com a ótica do setor financeiro acreditam que ainda vai demorar muito tempo para que essa realidade, ou algo próximo dela, possa ocorrer, pois mudança de hábito não acontece de uma hora para outra.

Os varejistas percebem que, ou criam suas plataformas e as tornam relevantes rapidamente, ou continuarão a pagar a conta, como sempre fizeram com o SPC, cartões de crédito e débito, e farão no Cadastro Positivo, pela prestação dos serviços financeiros.

As empresas de tecnologia querem conquistar a extensão de seus serviços, se possível incorporando um novo negócio envolvendo o conhecimento profundo do consumidor e estão se preparando para o novo cenário, aconteça quando acontecer.

O fato definitivo é que, mesmo considerando que nada em qualquer outra região possa ser equiparado à particular realidade chinesa, estamos prestes a viver um novo cenário onde a liderança da transformação estará sob controle de novos players, isoladamente, ou combinados entre si.

A favor da iminência da nova realidade pode-se destacar o jovem perfil dos omniconsumidores brasileiros e sua particular rapidez na adesão às inovações digitais e o fato de que a tecnologia não é, definitivamente, barreira de entrada. Ao contrário, pelo menos umas dez soluções estão disponíveis em busca de incorporação e disseminação.

De fato não se pode definir se o novo cenário com predominância do uso do celular para pagamento de produtos e serviços, com certificação por reconhecimento facial em alguns casos, acontecerá em três, cinco ou dez anos, mas o que se sabe com certeza é que será mais breve do que se possa imaginar.

E, mais importante, sua incorporação irá gerar uma profunda transformação na estrutura de mercado, redefinindo papéis, responsabilidades, lideranças, modelos de remuneração e estrutura de custos.

No preocupante conjunto de elementos em transformação, ao menos alguns pontos positivos: os consumidores terão mais alternativas, mais facilidade, mais rapidez, menores custos e menos atrito em todo o processo.

Definitivamente as pedras estão na mesa no futuro jogo do varejo do futuro

(*) Marcos Gouvêa de Souza é fundador e diretor-geral do Grupo GS& Gouvêa de Souza, membro do IDV – Instituto para o Desenvolvimento do Varejo, do IFB – Instituto Foodservice Brasil, Presidente do LIDE Comércio e membro do Ebeltoft Group, aliança global de consultorias especializadas em varejo em mais de 25 países.

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