Por Wagner Kojo (*)
Profissionais de muitos segmentos de mercado têm concentrado suas energias em descobrir e organizar conceitos de transformação digital que podem ser aplicados para alavancar mudanças que realmente trazem valor às marcas e empresas. E não é para menos, já que a assunto tem permeado o mundo corporativo de maneira frenética. Mas quem teria propriedade para estimular e introduzir uma forte musculatura às corporações e sua linha de oferta de produtos explorando os mais variados recursos da transformação digital?
Certamente, um “squad bem montado”, com profissionais de várias áreas, aponta na direção para a conquista de resultados consistentes, que possam ser replicados em todo o ecossistema corporativo. E para conduzir esse movimento digital, o marketing tem a chance de se tornar protagonista ao estabelecer um norte e auxiliar as equipes a atingir o êxito nos projetos estruturados.
A tarefa, no entanto, não é nada fácil. Passada a fase de convencimento de que a transformação digital está cada dia mais madura, ocupando lugar de destaque por onde é implementada, e com papel definido ao garantir os benefícios de sua adoção, é hora de mostrar de fato o que a transformação digital faz para o negócio decolar. E é aqui que os movimentos Go to Marketing, Branding, Awareness, Lead Generation, Engagement and Loyalties, entre outras práticas fundamentais para a aceleração e competitividade dos negócios, ganham visibilidade, porém com uma transformação nada sutil no processo e na forma de execução e gestão, ou seja, com data driven na veia, testes rápidos, revisão veloz de produtos e serviços com base em feedbacks de usuários e consumidores.
Nas corporações, vemos um avanço cada vez mais crescente de metodologias ágeis aplicadas além do mundo da TI. E o Agile Marketing (ou marketing ágil) é um exemplo desse movimento. Utilizadas no contexto do gerenciamento do marketing e da comunicação, as soluções aportam maior velocidade e flexibilidade nas atividades ao incluir a gestão visível, proposta pelas já conhecidas práticas de Kanban (sistema de gestão visual para controle de tarefas e fluxos de trabalho). Trata-se de um método especialmente usado em ações onde a produção e a gestão de conteúdo são fundamentais (como o inbound, identidade digital, gerenciamento de ativos digitais, entre outras).
Com essas iniciativas encaminhadas, o próximo passo é realizar um mapeamento e entendimento das reais necessidades e expectativas do consumidor/audiência target e, considerando as mudanças constantes que ocorrem por inúmeros eventos externos, é possível traçar ações de comunicação que melhor se assemelham aos objetivos e KPIs (indicadores-chave de desempenho) desejados, porém com alto nível de empatia, acelerando resultados positivos por meio de ciclos de iteração.
O grande diferencial do marketing ágil é colocar o cliente no centro da estratégia e separá-la em etapas mais compactas (sprints), onde todo o contexto é gerido de forma mais rápida a cada nova sprint e, assim, aportar valor ao consumidor.
Promover a transformação digital é essencial para as organizações, que precisam se reinventar e abrir novas frentes de mercado. Algumas companhias já avançaram nessa direção e estão mais adiantadas nessa jornada. Outras ainda buscam uma rota para entrar na era digital.
O movimento digital se tornou uma necessidade para a sobrevivência das empresas em um mercado volátil, que tem a inovação como porta de entrada. A transformação dos negócios é inevitável e para que ocorra a melhor opção é adaptar-se e criar meios para essa evolução.
Ao profissional de marketing cabe absorver toda essa revolução digital e amplificar a geração de valor para o negócio das corporações, de olho nas tecnologias existentes e, também, na gestão de canais e plataformas digitais.
Há ainda aspectos que desafiam os executivos de grandes empresas a entender o movimento rápido da economia digital e como se informar e se adequar para levar aos seus clientes as melhores ferramentas para uma conexão com o mundo digital.
Segundo o estudo IDC FutureScape, em 2020, 60% de todas as empresas terão articulado completamente sua estratégia de plataforma digital. Assim, estruturar a transformação digital é manter-se vivo e ao alcance das melhores práticas de marketing para sobreviver e restaurar a permanência nos negócios.
Para que todo esse ecossistema ganhe musculatura, é preciso que liderança e liderados acompanhem o ritmo acelerado das tecnologias digitais, considerando as reais expectativas de consumo. Também é essencial atentar-se aos novos modelos de negócios, que se transformam constantemente. Além desses fatores, imprimir agilidade, flexibilidade, capacidade de empreender e de inovar será cada vez mais necessário para jogar o jogo dos negócios e estarem todos conectados nessa dinâmica e incessante transformação digital.
Se a espinha dorsal do processo de transformação é “ter o cliente no centro”, o marketing deveria ser a célula-tronco, capaz de se adaptar a todo o contexto e agir como um replicador de conhecimento dentro das estruturas e unidades de negócios.
Nesse cenário atual, é fundamental abrir para a reflexão. Podemos destacar alguns pontos de destaque: líderes mundiais e inovadores são uma boa referência (Jeff Bezos, Elon Musk, Bill Gates, Steve Jobs, entre outros). Já os modelos tradicionais nos deram embasamento, mas não trazem mais a mudança que precisamos. Procure entender e absorver o que de fato é esse “novo modelo” e como se atualizar para atender a realidade atual dos negócios. O que nos trouxe até aqui não nos levará até a próxima onda da transformação digital, que requer entendimento e execução prática. Abrace essa causa.
Por fim, vai um questionamento: você está preparado? Se sua resposta for um sonoro não, um bom caminho é começar por uma atualização de primeira linha o mais rápido possível para entrar de vez nessa nave chamada transformação digital.
(*) Wagner Kojo é Head de Digital e Inovação na Stefanini e coordenador da 3ª turma do Programa ‘Liderando a transformação digital e a inovação’, em parceria com a INSEAD, que será realizado de 28 de março a 04 de abril de 2020, no campus de Fontainebleau, na França. |