O vaivém em ondas do metaverso
Para profissionais, é normal e até esperada a baixa do metaverso, que tem potenciais significativos, mas precisa de mais tempo para se desenvolver
Para profissionais, é normal e até esperada a baixa do metaverso, que tem potenciais significativos, mas precisa de mais tempo para se desenvolver
Isabella Lessa
12 de abril de 2023 - 10h26
Desde o início do ano, o metaverso vem sendo ofuscado por outra tecnologia em ascensão: a popularização e as atualizações contínuas do ChatGPT e, em menor escala, de outras ferramentas baseadas em inteligência artificial, fez com que as atenções – e os budgets – das empresas se voltassem para a IA, em detrimento do metaverso.
Para alguns painelistas do Rio2C, no entanto, a IA não anula a relevância do metaverso, já que são dois universos distintos. No painel “Metaverso: Quanto tempo levará entre a tendência e o mainstream?”, Thiago Dias, vice-presidente sênior de fintechs, enablers e crypto da Mastercard para América Latina, o momento pós-pandemia pede de volta a máxima “follow the money”, ou seja, em tempo de budgets mais contidos diante de baixas na economia, as empresas se voltam para áreas nas quais a monetização tem mais chances de dar retorno.
Além disso, o metaverso exige uma infraestrutura mais complexa para ser amplificado, enquanto o ChatGPT é um prompt gratuito, compara o executivo: “Não quer dizer que o metaverso morreu. Vamos explorá-lo mais para frente, mas foi preciso fazer ajustes de rota, assim como ocorreu com as fintechs, que perderam meio trilhão em valuation. É algo esperado sempre que há um hype de tecnologia”, afirma.
Lucas Reis, CEO da Zygon Adtech e cofundador da Black Adnetwork, corrobora com a fala de Thiago de que o momento exige entregas de curto prazo. “As big techs apostaram que se conseguiria receita com o metaverso em pouco tempo, mas o cenário macro não permitiu”. Acrescenta, também, que inovação não é plug and play, é preciso acompanhar o ir e vir da maré – e o metaverso passa por ondas mais complexas, como a do blockchain e a da Web3. Para o executivo, o metaverso precisa vivenciar seu “momento ChatGPT”, já que a ferramenta da OpenAI é acessível e popular justamente por sua simplicidade e transparência.
O especialista relembra, também, que quem popularizou o e-mail não foi a Microsoft e, sim, o Google. O que pode indicar que a big tech pioneira no metaverso, a Meta, de Mark Zuckerberg, pode não ser a que popularizará o ambiente. Se o fato se concretizar, o cenário para o desenvolvimento dessa tecnologia pode se tornar ainda mais interessante e produtivo.
Lui Lima, diretor de criação da Talent Marcel e ex-funcionário da Meta, concorda: “Sempre alguém tenta se apropriar de alguma coisa. O tablet ia e voltava, sem muito apelo comercial. A Microsoft não conseguiu fazer o tablet deslanchar, mas a Apple conseguiu. O timing do metaverso pode ter sido complicado, talvez a tecnologia não estivesse tão preparada, mas fato é que a conversa acelerou”. Para o profissional, paira uma interrogação diante do metaverso, já que é necessário descobrir qual problema será resolvido por esse ambiente. “Toda tecnologia que dá certo resolve problemas”, diz.
Se é consenso que o metaverso precisa ser útil às pessoas, Lucas imagina alguns contextos em que o ambiente faria a diferença para o consumidor. Para o mercado imobiliário e concessionárias, as visitas virtuais poderiam engrandecer a experiência, por exemplo. Marcas de sucos e leite, por sua vez, poderiam promover visitas imersivas para que o público conheça a origem do produto.
Na Mastercard, a atuação do metaverso é sinônimo de experimento e aprendizagem. Além disso, a companhia prioriza a compreensão de como aquilo se insere no contexto do consumidor. Na Copa América Feminina do ano passado, na Colômbia, a empresa promoveu uma coletiva de imprensa virtual com 100 jornalistas e, ao longo do campeonato, promoveu experiências físicas e virtuais. “A marca não é protagonista nesses momentos, o protagonismo tem de ser das pessoas”, resumiu.
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