DE 08 A 16 DE MARÇO DE 2024 | AUSTIN - EUA

SXSW

Tudo vai mudar, mas existe amor em Austin

Com toda a inevitável mudança das nossas tarefas, empregos e modelo de negócios, o melhor insight que ouvi no SXSW foi: “foque sempre nas relações humanas”


17 de março de 2023 - 9h19

Crédito: Divulgação

Se existisse uma nuvem de palavras para medir os temas mais discutidos aqui no SXSW, certamente a intensidade e frequência das discussões sobre Inteligência artificial e computação quântica estariam em destaque. Essas duas tecnologias vão revolucionar muitos aspectos da economia, dos empregos, da sociedade e das relações humanas. Aquilo que parece futurismo está acontecendo agora. John Maeda da Microsoft (@johnmaeda) disse que IA caiu no nosso prato tudo de uma vez, que nem ketchup que se desprende do fundo do vidro. E o William Hurley (@whurley), da Strangeworks, disse que temos que estar prontos para essas tecnologias agora e não daqui a 1 ou 5 anos.
Por conta disso, muitas palestras foram recheadas de dúvidas, incertezas e medos que essas novas tecnologias vão provocar nas nossas vidas. Amy Webb (@amywebbfuturist) traçou cenários otimista (20% de chance) e catastrófico (80% de chance) para o nosso futuro. Muitos palestrantes e debatedores falaram de extinção em massa de vários empregos e empresas.

Por outro lado, certa vez ouvi do editor-chefe da The Economist dizer que previram o fim das costureiras com a invenção da máquina de costura, mas não previram o crescimento vertiginoso da indústria têxtil a partir dali. Aqui no SXSW ouvi que bancários fizeram protestos contra a invenção dos caixas eletrônicos no passado, mas não vislumbraram que poderiam se tornar consultores dos sonhos e da vida financeira dos clientes no futuro (o que é bem mais interessante do que movimentar dinheiro no caixa).

Isso significa que tudo vai mudar, mas não necessariamente para pior. Ouvi aqui que o papel de uma professora no futuro próximo talvez não seja mais o de transferência de conteúdo para os alunos, mas sim ser uma educadora no sentido mais conceitual da palavra, que acolhe, inspira e dialoga com as crianças para que se tornem seres humanos seguros e cidadãos melhores. Mas, de alguma forma, o propósito da profissão de professora não foi sempre esse? O John Maeda disse que a IA pode ajudar a nos livrarmos das tarefas chatas e focar nas que dão prazer e realização. Em outra palestra, feita totalmente por uma IA, o palestrante disse que usa o ChatGPT para se inspirar e ter ideias e pontos de vista diferentes.

É nessa parte que meu radar ficou mais ligado, na visão otimista do que as novas tecnologias vão proporcionar. A computação quântica com IA vai acelerar e revolucionar a descoberta de remédios, a preservação dos oceanos, a previsão do tempo, a produtividade da agricultura, a saúde humana, o conhecimento sobre o universo e otimizar muitas e muitas tarefas. Das 10 tecnologias revolucionárias de 2023 que o MIT apresentou (@bramsonboudreau), estão a fabricação de órgãos para o corpo humano e fim da fila de transplantes, tratamento do colesterol através do

DNA, reciclagem de baterias e muitas novas descobertas do telescópio espacial James Webb.
Paralelamente às conversas sobre futuros distópicos, vi várias discussões sobre como não deixar ninguém pra trás. Numa delas sobre o design de cidades, foi discutido que o critério e repertório dos arquitetos e urbanistas não deveria ser pessoal e técnico apenas, mas sim ouvir as vozes e a cultura da população que vai usar aqueles espaços e se sentir pertencente a eles. Em outro debate ouvi que as empresas que colocarem uma visão humanista em primeiro lugar vão criar regras para a atuação e curadoria de IA, o que pode limitar seu potencial financeiro, mas estará em linha com o ESG.

O skill da vez é ser um expert de prompt de IA, para saber perguntar, articular e tirar dela os melhores resultados. Todo mundo vai fazer isso. De profissionais liberais a agentes públicos.
Com toda a inevitável mudança das nossas tarefas, empregos e modelo de negócios, o melhor insight que ouvi no SXSW foi: “foque sempre nas relações humanas”.

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